30 DE ABRIL

Paraguai: Presidenciável que defendeu morte de 100 mil brasileiros está em segundo nas pesquisas

Payo Cubas se revoltou com a retirada ilegal de madeira feita em fazenda cujo dono era brasileiro e perdeu a linha ao comentar apreensão; Saiba quem são os principais candidatos

Paraguayo Cubas, advogado e candidato à presidência do Paraguai.Paraguai: Presidenciável que defendeu morte de 100 mil brasileiros está em segundo nas pesquisasCréditos: Reprodução /Redes Sociais
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O Paraguai viverá em 30 de abril um importante processo eleitoral que elegerá o próximo presidente do país e já agita os institutos de pesquisa locais. Um deles, o Multitarget, publicou nesta quarta-feira (29) uma pesquisa de intenção de votos na qual o polêmico candidato Paraguayo Cubas surpreendeu aparecendo em segundo lugar, com 21% da preferência dos paraguaios. O ex-senador acabou cassado em 2019 após defender o extermínio de 100 mil brasileiros que vivem no país em um polêmico episódio que viralizou nas redes sociais.

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O advogado e político Payo Cubas, como é conhecido, apresenta trejeitos e comportamentos agressivos e provocativos. As características fizeram com que ele ganhasse notoriedade nas redes sociais e fosse eleito senador em 2018 pelo Cruzada Nacional, um partido de esquerda local. Ele já havia sido deputado entre 1993 e 1998.

Um ano depois da entrada no Senado, no final de novembro de 2019, foi flagrado defendendo a morte de 100 mil dos 2 milhões brasileiros que vivem no país e acabou cassado por quebra de decoro. Na ocasião, Payo se revoltou com a retirada ilegal de madeira feita em fazenda cujo dono era brasileiro e perdeu a linha na hora de comentar apreensão com policiais e pessoas comuns que o acompanhavam. O episódio foi gravado e o vídeo publicado nas redes sociais.

Nas imagens, o então senador aborda policiais que acabaram de apreender um carregamento de madeira retirado de forma ilegal de uma fazenda em Alto Paraná, perto da fronteira com o Brasil. Ele então pergunta aos agentes se a fazenda seria de um “rapai”, termo usado pejorativamente para tratar os brasileiros no país.

“Bandidos brasileiros! Invasores! Agora estão desflorestando o país. Sabem quantos brasileiros têm em nosso país? 2 milhões. Desses, 100 mil são bandidos e é preciso matar”, declarou após a resposta afirmativa dos agentes. Três dias depois ele era cassado com os votos de 23 dos 45 senadores paraguaios por quebra de decoro parlamentar. Na votação 18 senadores estiveram ausentes, 1 votou contrário à cassação e 3 se abstiveram.

Eleições no Paraguai

Marcadas para 30 de abril, as eleições do Paraguai estão longe de serem definidas. Entre as 13 chapas registradas, a polarização eleitoral parecia estar definida de início entre Santi Peña, do Partido Colorado, de direita, e Efrain Alegre, da Concertação Nacional, uma coalização que reúne o PLRA (Partido Liberal Radial Autêntico) a movimentos e partidos de centro e esquerda.

No entanto, na última pesquisa, realizada entre 15 e 25 de março pela Multitarget, Payo Cubas (21%) ultrapassa Alegre (18,8%) nas intenções de votos. Já Peña (39,3%) segue na liderança com folga. O vencedor do primeiro turno leva as eleições. Não há segundo turno como no Brasil.

O controverso candidato que subiu nas pesquisas mantém, de acordo com o instituto, uma base uniforme em todo o país, com um leve aumento na região leste (30%), onde se concentra a presença de brasileiros dada a proximidade fronteiriça. Também teve uma melhor na região da capital Asunción. Sua maior fonte de votos está em eleitores do tradicional Partido Colorado e do PLRA descontentes com a legenda. Também aglutina eleitores ditos independentes.

Outro candidato de destaque é o ex-goleiro José Luis Chilavert. Ele concorre pelo Partido da Juventude Força Jovem, que se coloca como uma espécie de terceira via ao domínio dos partidos Liberal e Colorado e possui um programa que defende reformas neoliberais com o objetivo de atrair investimentos ao país.

Além da eleição presidencial, também serão escolhidos os parlamentares - 80 deputados e 45 senadores - além de governos regionais. Os mandatos são todos de 5 anos.