Terça-feira, 7 de março de 2023. Uma festa com muita comida e bebida caras acontecia no Alamo Country Club, um luxuosíssimo condomínio de mansões nos arredores da cidade de Celaya, capital do estado de Guanajuato, no México. Tudo parecia normal para os convidados e para quem trabalhava naquela noite.
Era o caso das garçonetes Gabriela Barbosa Ruiz, de 48 anos, Rosa María Ramírez Ayala, de 42, Sandra Daniela Paredes González, de 24, Yoselin Daniela Zamorano Macías, de 20, Mariana Gutiérrez Guzmán, de 19, e Paulina Berenice Reséndiz Martínez, de 15. Elas faziam “bico” num buffet da região e naquela terça foram até a residência de alto padrão para garantir alguma renda.
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A partir daquele dia, as seis mulheres desapareceram e dias depois seus corpos foram encontrados carbonizados a 12 quilômetros dali, numa cova aberta em meio a uma grande área de vegetação. O chão estava forrado de cartuchos deflagrados de armas de fogo, assim como de projéteis.
O México é um país que vive um drama sem fim com a violência patrocinada pelo narcotráfico. Uma das nações com mais homicídios na Terra, sua sociedade se acostumou a conviver diariamente com níveis de violência tão extremos que superam facilmente os indicadores do Brasil. Só que o episódio macabro das seis trabalhadoras chocou a todos de uma forma única.
A localidade onde as mulheres viviam é dominada por um grupo chamado Cartel Santa Rosa de Lima (CSRL), uma quadrilha de narcotraficantes de porte médio que opera na área central do território mexicano. Os suspeitos de executaram as garçonetes seriam integrantes de um bando identificado como “Los Escorpiones”, uma “pequena” célula de sicários que presta serviços, por meio de uma espécie de confederação, ao perigosíssimo e crudelíssimo Cartel do Golfo, uma das potências do crime organizado na América Latina. Esses pistoleiros dos “Escorpiones” teriam agido após serem “contratados” pelo CSRL.
Carlos Zamarripa Aguirre, o corajoso promotor de Justiça de Guanajuato, numa entrevista coletiva na última sexta-feira (17), quando anunciou que os testes de DNA tinham comprovado a identidade de pelo menos cinco das seis vítimas, revelou também que seis homens estariam presos pelo crime, mas que não era possível dar mais detalhes naquele momento.
O México, tão acostumado à brutalidade infinita dos cartéis, vem sendo palco de dezenas de protestos e ações nas ruas e nas redes sociais desde o sumiço das mulheres, já que o crime, aparentemente, seria sem qualquer justificativa. Os primeiros dados a vazarem na investigação apontam para uma suposta e aparentemente fantasiosa suspeita de “infiltração” de uma das vítimas, só porque ela foi flagrada escrevendo algo no celular a um namorado enquanto trabalhava na festa.
A Procuradoria de Justiça de Celaya, assim como as áreas envolvidas nas investigações, seguem sob forte aparato policial e militar para que o caso consiga ser desvendado, porém, a única coisa que se pode afirmar até aqui é meia dúzia de mulheres trabalhadoras foram brutalmente executadas e incineradas sem qualquer relação com a sangrenta guerra dos cartéis de drogas do país.