O maior parlamento do mundo, reunido durante as Duas Sessões, deu sinal verde para os nomes dos principais líderes do Conselho de Estado da República Popular da China, dos ministérios e outros órgãos importantes. Eles e elas vão auxiliar o presidente Xi Jinping durante o seu terceiro mandato de cinco anos. A estrutura pode ser comparada à Esplanada dos Ministérios brasileira.
Primeiro escalão do Conselho de Estado e ministérios
- Primeiro-ministro: Li Qiang
- Vice-primeiros-ministros: Ding Xuexiang, He Lifeng, Zhang Guoqing, Liu Guozhong
- Secretário-geral do Conselho de Estado: Wu Zhenglong
- Conselheiros de Estado: Li Shangfu, Wang Xiaohong, Wu Zhenglong, Shen Yiqin (mulher) e Qin Gang
- Chefe da Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma, Zheng Shanjie
- Chefe da Comissão Nacional de Assuntos Étnicos: Pan Yue
- Chefe da Comissão Nacional de Saúde: Ma Xiaowei
- Governador do Banco Popular da China, Yi Gang
- Auditor-geral do Gabinete Nacional de Auditoria: Hou Kai
- Ministro das Relações Exteriores: Qin Gang
- Ministro da Defesa Nacional: Li Shangfu
- Ministro da Educação: Huai Jinpeng
- Ministro da Ciência e Tecnologia: Wang Zhigang
- Ministro da Indústria e Tecnologia da Informação: Jin Zhuanglong
- Ministro da Segurança Pública: Wang Xiaohong
- Ministro da Segurança do Estado: Chen Yixin
- Ministro dos Assuntos Civis: Tang Dengjie
- Ministra da Justiça: He Rong (mulher)
- Ministro das Finanças: Liu Kun
- Ministro de Recursos Humanos e Previdência Social: Wang Xiaoping
- Ministro dos Recursos Naturais: Wang Guanghua
- Ministro da Ecologia e Meio Ambiente: Huang Runqiu
- Ministro da Habitação e Desenvolvimento Urbano-Rural: Ni Hong
- Ministro dos Transportes: Li Xiaopeng
- Ministro dos Recursos Hídricos: Li Guoying
- Ministro da Agricultura e Assuntos Rurais: Tang Renjian
- Ministro do Comércio: Wang Wentao
- Ministro da Cultura e Turismo: Hu Heping
- Ministro de Assuntos dos Veteranos: Pei Jinjia
- Ministro da Gestão de Emergências: Wang Xiangxi
Destaques do novo gabinete chinês
Entre os destaques deste novo gabinete estão a nomeação de uma única mulher como conselheira de Estado e de uma ministra da Justiça, o fortalecimento da pasta de ciência e tecnologia que estará no centro do desenvolvimento do país e a recondução do líder reformista e pró-mercado do banco central chinês para o posto.
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Duas mulheres na liderança
Na relação de lideranças aprovadas pela 14a Assembleia Popular Nacional (APN) há duas mulheres: uma conselheira de Estado e a ministra da Justiça.
Shen Yiqin foi nomeada como conselheira de Estado. Ela é ex-chefe do Partido Comunista da China (PCCh) na província de Guizhou, no sul do país, A nomeação ocorre cinco meses depois que Pequim anunciou o primeiro Politburo exclusivamente masculino em 20 anos, durante o Congresso Nacional do PCCh, em outubro de 2020.
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Aos 63 anos, Shen é do grupo étnico Bai e deixou o cargo de chefe provincial do PCCh em dezembro para assumir o novo cargo que até então não havia sido anunciado. Ela foi a primeira mulher governadora de Guizhou e com a nomeação para chefe do partido da província, em novembro de 2020, tornou- se a única mulher em cargo de liderança provincial nos quadros do partido.
Com a saída da vice-primeira-ministra Sun Chunlan, a expectativa era de que Shen fosse promovida ao Politburo. Mas ela permaneceu no Comitê Central, um degrau abaixo na hierarquia do partido, onde as mulheres representam apenas 5% dos 205 membros plenos.
O outro nome feminino é a nova ministra da Justiça da China, He Rong, que é natural da província de Shandong, no leste do país, e trabalhou para o sistema judicial chinês por mais de 30 anos. Antes de assumir a pasta, aos 60 anos, ela foi vice-presidente do Supremo Tribunal Popular, o mais alto tribunal do país , encarregado de assuntos diários.
Ela ingressou no PCCh em 1984 e iniciou sua carreira no Supremo Tribunal Popular de Pequim depois de se formar na Universidade de Ciências Políticas e Direito da China no mesmo ano. Nos 20 anos seguintes, ela trabalhou no sistema judiciário da capital. Em 2011, chegou ao tribunal superior do país e dois anos depois tornou-se vice-presidenta.
De março de 2017 a abril de 2020, ela ocupou vários cargos importantes na província de Shaanxi, incluindo membro do Comitê Permanente do Comitê Provincial do PCCh, chefe da comissão provincial de inspeção disciplinar e vice-secretária do partido na província.
Ciência e Tecnologia no centro do desenvolvimento chinês
No centro da disputa entre as duas maiores potências globais, China e EUA, está a ciência e a tecnologia. Nesse contexto, Pequim aumentou as apostas e acaba de ter uma super reforma no Ministério da Ciência e Tecnologia do país aprovada durante as Duas Sessões que estão sendo realizadas na capital chinesa.
O órgão passa a ter vários subcomitês e órgãos e ganhará muito poder ao direcionar os recursos nacionais para a ciência central e o desenvolvimento industrial, o que também centralizará as estratégias nacionais de desenvolvimento.
Ciente de que a concentração de talentos e recursos estimulará a inovação, o governo chinês criou um sistema regional de inovação que identifica e facilita a comunicação entre empresas e instituições de pesquisa e desenvolvimento (P&D) e a congregação com setores de alta tecnologia.
A potência asiática investe anualmente mais de 400 bilhões de dólares em pesquisa e desenvolvimento, na formação de talentos de alto nível e na construção de plataformas de inovação para estimular o surgimento de novas ideias e empresas.
O ministro da pasta, Wang Zhigang, em coletiva de imprensa às margens das Duas Sessões no último dia 6 de março, ressaltou que o país quer fortalecer ainda mais o setor.
"Este ano, a China busca coordenar e promover de forma efetiva o fortalecimento por meio da ciência e da educação e consolidar a estratégia de desenvolvimento impulsionada pela inovação. Nosso planejamento para a educação, o crescimento da ciência e tecnologia e o cultivo de talentos devem estar interligados para usar esses três elementos-chave para apoiar nossa grande causa de construir um país grande e moderno no campo da ciência e tecnologia.",
Ministro da Ciência e Tecnologia da China, Wang Zhigang
Reformador pró-mercado no banco central
O cargo máximo, chamado de governador, do Banco Popular da China (PBOC), o banco central da segunda economia do mundo, será mais uma vez ocupado por Yi Gang. Aos 65 anos, ele é considerado em Pequim um reformador pró-mercado de fala franca e com ar acadêmico, é respeitado por seu conhecimento de economia monetária e conhecido pelo estilo de trabalho discreto e equilibrado.
Embora Yi seja responsável por administrar o PBOC, ele não tem a palavra final em sua direção estratégica. O cargo de secretário do PCCh na instituição é ocupado por Guo Shuqing, que também é chefe da Comissão Reguladora de Bancos e Seguros da China.
Fluente em inglês, Yi obteve seu doutorado em economia nos Estados Unidos e lecionou a mesma disciplina como professor associado na Indiana University-Purdue University Indianapolis – instituição que ele chamou de “segunda casa” e na qual trabalhou por cerca de oito anos antes de retornar à China, em 1994.
A recondução de Yi para mais cinco anos à frente da política monetária chinesa foi considerada uma surpresa. Ele atingiu a idade de aposentadoria este ano, o que sob a liderança de X tem mudado, e também quebra a regra tácita de que alguém com experiência no exterior nunca deveria ser nomeado um importante funcionário do governo. Prevaleceu a visão de que com Pequim determinada a aumentar seu perfil no cenário global, ao mesmo tempo em que mantinha a estabilidade política em casa, Yi era a escolha óbvia.
Sob a liderança de Yi, o banco central chinês se absteve de grandes medidas de estímulo e manteve a inflação ao consumidor em apenas 2% no ano passado – um forte contraste com a inflação mais alta em 40 anos observada nos principais países ocidentais. Ele também foi encarregado de combater a turbulência financeira quando o país viu um êxodo maciço de capital no ano passado após a invasão da Ucrânia pela Rússia.
No início deste mês, Yi afirmou que o banco central vai manter uma política monetária prudente e continuar a lidar com os riscos financeiros. “Vamos criar ainda mais um ambiente de negócios de classe mundial orientado para o mercado, baseado na lei e internacionalizado e expandir constantemente a abertura institucional no setor financeiro”, afirmou em uma coletiva de imprensa no dia 3 de março, pouco antes da abertura das Duas Sessões.
Entenda o sistema político da China
O sistema político da República Popular da China é bem diferente do brasileiro. A instituição máxima do país é o Partido Comunista da China (PCCh), que está presente em todas as esferas da potência asiática em nível nacional, provincial, regional e municipal e é o núcleo da liderança do país incorporando os papéis de partido e de governo, que compartilham as mesmas missões e responsabilidades.
Em nível nacional, o Comitê Permanente do Birô Político do Comitê Central do PCCh, o Politburo, é a instância máxima da estrutura política chinesa. Esse colegiado é formado por sete pessoas. A autoridade máxima é o secretário-geral, cargo ocupado por Xi Jinping desde 2013 e que também é presidente do país e acaba de iniciar o terceiro mandato consecutivo.
O poder Legislativo é exercido pela Assembleia Nacional Popular (ANP), que tem um Comitê Permanente, e pelo Conselho Consultivo Político do Povo Chinês (CCPPC). Os dois órgãos funcionam como o sistema bicameral brasileiro, a ANP seria a Câmara dos Deputados e o CCPPC, o Senado Federal.
Há ainda o Conselho de Estado, cujo funcionamento é similar ao gabinete da Presidência da República no Brasil, que é formado por dez pessoas. A atual formação tem como líder o primeiro-ministro, Li Qiang; quatro vice-primeiros ministros, Ding Xuexiang, He Lifeng, Zhang Guoqing, Liu Guozhong; um secretário-geral, Wu Zhenglong; e quatro conselheiros de Estado, Li Shangfu, Wang Xiaohong, Wu Zhenglong, Shen Yiqin (única mulher) e Qin Gang.
Com informações da Xinhua, China Daily e SMCP