CHINA EM FOCO

Duas Sessões: Quais as pautas chamam a atenção global?

Evento que reúne a Assembleia Nacional Popular, o legislativo nacional, e o Comitê Nacional da Conferência Política do Povo Chinês terá início neste sábado (4) para deliberar sobre os principais temas do país asiático

Créditos: Xinhua - Grande Salão do Povo, em Pequim, sediará as Duas Sessões a partir deste sábado
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As Duas Sessões consistem em reuniões plenárias anuais do Comitê Nacional da Conferência Política do Povo Chinês (CCPPC) e da Assembleia Popular Nacional (APN) e terão início neste final de semana, dias 4 e 5, em Pequim, capital nacional chinesa. 

O evento deste ano ganha especial relevância pois 2023 marca o primeiro ano para implementar totalmente os princípios orientadores do 20º Congresso Nacional do Partido Comunista da China (PCCh), realizado em outubro de 2022.

De que forma o trabalho das Duas Sessões impactam o resto do mundo? Assuntos como recuperação da economia, Reforma e Abertura, Nova Rota da Seda e modernização do país serão deliberados ao longo de duas semanas. 

Recuperação global 

A potência asiática segue sendo um importante motor para o crescimento econômico mundial. Com foco nas políticas econômicas esperadas nas Duas Sessões a crença é de que o uso racional das ferramentas de política macroeconômica desempenhará um papel mais ativo na promoção do crescimento econômico da China.

Durante o feriado do Festival da Primavera, a China testemunhou um mercado interno em expansão e crescimento do consumo em vários setores. Instituições internacionais como o Fundo Monetário Internacional (FMI) aumentaram as expectativas de crescimento do país e as empresas multinacionais aumentaram os investimentos na potência asiática.

Uma recuperação acelerada da economia chinesa enviou um sinal positivo ao mundo e dá mais motivos para os observadores confiarem em uma perspectiva econômica mais forte.

Depois que a China otimizou a resposta à Covid-19, os movimentos transfronteiriços de pessoal e materiais estão voltando ao normal, o que vai melhorar significativamente as expectativas globais para a estabilidade das cadeias industriais e de suprimentos da China.

O rápido crescimento da economia digital, novas energias e outras indústrias emergentes também trarão maior dinamismo para o desenvolvimento econômico da China.

Um começo tão bom, decorrente dos fundamentos que sustentam o crescimento econômico estável da China, lança luz sobre a resiliência, o potencial e a vitalidade econômica do país.

No posto de segundo maior mercado consumidor do mundo e o maior comerciante de bens, a comunidade internacional espera que a China consolide ainda mais a recuperação econômica e continue a injetar confiança, estabilidade e vitalidade na recuperação econômica global.

Para outras economias, a expansão da demanda de importação da China significa novas oportunidades comerciais, e o aumento nas viagens de turistas chineses também dará um impulso à indústria global de serviços.

Reforma e Abertura

A Reforma e a Abertura levaram a economia chinesa a crescer a taxas elevadas ao longo de décadas, com um salto gigantesco na renda per capita e nos padrões de vida. Durante as Duas Sessões deste ano haverá muita deliberação sobre como continuar a expandir a abertura, aumentar a confiança do mercado e neutralizar os principais riscos.

Este ano marca o 45º aniversário da Reforma e Abertura da China. A maneira como continuará a abrir as portas significa muito para o país e para o resto do mundo, principalmente em um momento em que a globalização econômica está sob forte pressão.

Nova Rota da Seda

Este ano também marca o 10º aniversário da Iniciativa do Cinturão e Rota (BRI, da sigla em inglês), a Nova Rota da Seda, projeto que também será debatido durante as Duas Sessões.

Ao longo dessa última década, a China assinou acordos de cooperação com 151 países e 32 organizações internacionais nos princípios de ampla consulta, contribuição conjunta e benefícios compartilhados.

A BRI atua como um mecanismo crucial para consolidar a cooperação por meio de infraestrutura ao conectar terra e mar; simultaneamente, e tem se tornado uma plataforma importante para o crescimento econômico global.

Modernização 

Desde o 20º Congresso Nacional do PCCh, o "caminho chinês para a modernização" tem estimulado discussões em todo o mundo. Muitos acreditam que o conceito ofereceu outra opção para os países em desenvolvimento se modernizarem e incorpora o pensamento chinês sobre a causa da paz e do desenvolvimento da humanidade.

As Duas Sessões que começam neste sábado se tornaram uma janela importante para os observadores internacionais terem uma compreensão mais profunda do caminho chinês para a modernização e acompanharem o desenvolvimento futuro da China.

China reage a lista de exportadoras chinesas banidas do comércio com os EUA

MRE da China - Porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Mao Ning

O governo dos EUA incluiu 28 grupos chineses em uma lista negativa comercial por supostamente violarem sanções ao enviar aos países tecnologia nuclear e de mísseis e ajudar a Rússia a fortalecer sua indústria de defesa. A informação foi divulgada pelo Financial Times nesta sexta-feira (3). 

No mesmo dia, o governo chinês reagiu. O Ministério das Relações Exteriores da China se opôs ao fato de os EUA colocarem mais de duas dúzias de empresas e indivíduos chineses em uma lista de entidades de controle de exportação e pediu a Washington que pare a opressão irracional das empresas chinesas.

"Pedimos aos EUA que respeitem os fatos, abandonem o preconceito ideológico e forneçam um ambiente aberto, justo e não discriminatório para empresas estrangeiras nos EUA", disse a porta-voz do ministério, Mao Ning, em entrevista coletiva.

Ela acrescentou que o lado chinês tomará as medidas necessárias para salvaguardar os direitos legais das empresas chinesas.

Esta lista tem várias entidades e proíbe as empresas estadunidenses de fornecer a essas entidades tecnologia produzida em território dos EUA. Alguns dos alvos mais conhecidos incluem a BGI Research e a BGI Tech Solutions, que fazem parte do BGI Group, o maior instituto de pesquisa no campo da genética da China.

Questão de Taiwan: China pede que EUA abandone planos de venda de armas para a ilha

Xinhua - Porta-voz do Ministério de Defesa Nacional da China, Tan Kefei

O Ministério da Defesa Nacional da China reiterou a oposição do governo chinês ao plano de vendas de armas dos EUA para o território insular de Taiwan. Pequim reagiu à aprovação pelo governo estadunidense de uma venda potencial de US$ 619 milhões em novas armas para Taiwan, que inclui mísseis para sua frota F-16.

Nesta sexta-feira (3), o porta-voz da pasta, Tan Kefei, em coletiva de imprensa, instou Washington a abandonar imediatamente o plano e interromper o contato militar com a ilha.

"Exigimos que os EUA parem de vender armas para Taiwan, parem de contato militar com Taiwan, parem de se intrometer na questão de Taiwan e de exacerbar as tensões no Estreito de Taiwan", disse Tan .

O porta-voz afirmou que a venda de armas dos EUA a Taiwan é uma interferência grosseira nos assuntos internos da China e uma violação grave do princípio de Uma Só China e das disposições dos três acordos China-EUA. A medida prejudica a soberania e os interesses de segurança da China e ameaça a paz e a estabilidade no Estreito de Taiwan.

"O Exército de Libertação do Povo Chinês está sempre de prontidão para combater todas as provocações de 'independência' e interferência de forças externas e para defender resolutamente a soberania nacional e a integridade territorial", finalizou Tan.

Moody's eleva previsão de crescimento da China para 5% neste ano e no próximo

Xinhua - Xangai, centro financeiro da China

A agência de classificação internacional Moody's Investors Service atualizou o relatório global de macro perspectivas e elevou a previsão de crescimento econômico da China tanto para este ano quanto para o próximo para 5%, em relação à estimativa de 4% anterior.

O documento aponta que a otimização da China nas políticas antiepidêmicas conduzirá a uma recuperação da atividade econômica e facilitará uma recuperação da demanda, particularmente no setor de serviços. A demanda por serviços não comercializáveis apoiará uma recuperação do consumo a partir desta primavera, sendo que os setores de turismo e hospitalidade provavelmente serão os mais beneficiados. A curto prazo, é provável que a recuperação na China seja mais forte do que o esperado. 

O relatório também prevê que a economia dos EUA crescerá 0,9% este ano e 1,1% no próximo, a zona do euro, 0,5% e 1,2%, e o Japão, 1,5% e 1%.

China registra média anual de 13 milhões de novos empregos urbanos

Xinhua - Coletiva do Ministério dos Recursos Humanos e Seguridade Social

A escala do emprego urbano na China cresceu para uma média anual de 13 milhões de novos postos de trabalho urbanos. A proporção de empregados na indústria terciária aumentou para 48%. Além disso, o emprego flexível e os novos tipos de trabalho registraram crescimento.

O balanço foi divulgado nesta quinta-feira (2) pela ministra dos Recursos Humanos e Seguridade Social, Wang Xiaoping, em coletiva de imprensa realizada pelo Gabinete de Imprensa do Conselho de Estado.

"Na última década, a China tem desenvolvido a política de emprego e aperfeiçoado o mecanismo de promoção, formando uma configuração de trabalho por meio de emprego autônomo, reajuste de mercado, promoção pelo governo e estímulo ao empreendedorismo", descreveu a ministra. 

Wang apontou ainda que o emprego já se tornou uma política prioritária, e diversas medidas relacionadas foram reforçadas. A ministra salientou que uma nova situação de emprego está sendo formada, caracterizada pela qualidade crescente, alta competência profissional e qualidade dos trabalhadores, renda crescente e direitos de trabalho garantidos.

Com informações da Xinhua, CGTN e Rádio China Internacional