CHINA EM FOCO | ESPECIAL DUAS SESSÕES

Xi Jinping eleito para o terceiro mandado como presidente da China

Depois de ser reconduzido ao cargo de secretário-geral do PCCh em outubro, o líder chinês foi reeleito por unanimidade pela Assembleia Popular Nacional nesta sexta-feira

Créditos: Xinhua - Xi Jinping inicia terceiro mandato como presidente da República Popular da China
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Nesta sexta-feira (10), Xi Jinping foi eleito por unanimidade para o terceiro mandato, sem precedentes, como presidente da República Popular da China pela 14ª Assembleia Popular Nacional (APN), o legislativo do país. Ele também foi reconduzido à presidência da Comissão Militar Central (CMC).

Na governança chinesa, o cargo mais alto de liderança é o de secretário-geral do Partido Comunista da China (PCCh), para o qual Xi foi reconduzido para o terceiro mandato durante o 20o Congresso Nacional do partido em outubro de 2022. 

Para o comando do gabinete do país, quem decide são os deputados e deputadas do Legislativo. Todos os 2.952 membros da APN que compareceram à reunião desta sexta-feira votaram no presidente. Ao todo, o corpo legislativo tem 2.977 membros.

Xi também foi reconduzido como chefe da CMC. Ele já era o chefe de um corpo partidário idêntico supervisionando o Exército de Libertação Popular (ELP), as forças armadas da China.

Como foi o caso há cinco anos – quando o mandato anterior de Xi também foi aprovado por unanimidade – a votação da legislatura amplamente cerimonial foi mais um gesto político mostrando a inequívoca lealdade e deferência da elite política chinesa.

Esta eleição dá a Xi um forte mandato pelos próximos cinco anos como o líder mais poderoso do país em décadas. Ele chefiará o PCCh e uma equipe governamental encarregada de conduzir a segunda maior economia do mundo em meio a desafios internos e externos nos próximos cinco anos. As análises apontam para um período crítico tanto para o presidente quanto para o país. 

O líder chinês precisa colocar o país de volta no caminho do crescimento econômico para convencer o mundo de que o modelo único de governança e desenvolvimento da China funciona e que seu ambicioso legado político está ao alcance em meio a uma rivalidade intensificada com os EUA, o potencial de conflito sobre Taiwan e as preocupações sobre o impacto econômico do rápido envelhecimento da população chinesa.

Após a votação, Xi fez um juramento constitucional, como presidente do país e chefe de suas forças armadas – um movimento simbólico para mostrar o significado da constituição depois de ter sido revisada há cinco anos para acabar com o limite do mandato presidencial, adicionar a teoria política de Xi e enfatizar a liderança do partido na China.

Xi se tornou presidente chinês pela primeira vez em 2013 e não disse quantos mandatos adicionais de cinco anos pretende cumprir.

Minibio de Xi Jinping

Da etnia Han, a majoritária da China, nasceu em junho de 1953 em Fuping, província de Shaanxi. Teve o primeiro emprego em janeiro de 1969 e ingressou no PCCh em janeiro de 1974. Graduado na Escola de Humanidades e Ciências Sociais da Universidade de Tsinghua, com pós-graduação em teoria marxista e teoria ideológica e política e Doutor em Direito. 

Outros nomes do novo gabinete

Xinhua - Legisladores votam para o novo gabinete do Conselho de Estado da China???

A APN também nomeou o ex-vice-primeiro ministro Han Zheng com 2.952 votos. O político de 68 anos ganha um papel no cenário político após sua aposentadoria do Comitê Permanente do Politburo do PCCh outubro. A vice-presidência continuará sendo um cargo nominal, com as funções provavelmente limitadas a representar o país em cerimônias e eventos no exterior e receber convidados estrangeiros na China.

Zhao Leji, terceiro membro do Comitê Permanente do Politburo também foi eleito por unanimidade presidente do 14º Comitê Permanente da APN. Aos 66 anos, a expectativa é que priorize a visão de Xi no trabalho legislativo do país, inclusive em questões relacionadas aos Estados Unidos e aquelas relacionadas a forças estrangeiras.

Reformas em ciência e tecnologia

Xinhua - Legisladores reunidos no Grande Salão do Povo, em Pequim.

A APN também aprovou nesta sexta-feira um plano para reformar as instituições do Conselho de Estado, que inclui a criação de uma comissão de ciência e tecnologia para coordenar melhor os esforços para enfrentar os gargalos de alta tecnologia da China.

Um órgão fiscalizador financeiro de alto nível também será estabelecido para gerenciar os riscos financeiros da China e um escritório para supervisionar as iniciativas de big data, como parte de um grande “plano de reforma das instituições partidárias e estatais” anunciado durante o segundo plenário do partido no início deste mês.

Na terça-feira (7), Pequim anunciou planos para centralizar ainda mais o poder sobre as políticas de ciência e tecnologia nas mãos do PCCh com o estabelecimento de um novo órgão de tomada de decisão, a Comissão Central de Ciência e Tecnologia, e a reestruturação do Ministério de Ciência e Tecnologia para canalizar mais recursos a gargalos tecnológicos como chips de computador. 

Xi fez repetidos apelos para reduzir a dependência de tecnologia estrangeira, já que os EUA impuseram um número crescente de controles de exportação, atingindo muitas empresas e indústrias chinesas.

Com informações da Xinhua