COMBUSTÍVEIS FÓSSEIS

Lula: Brasil aceitou convite para Opep+ para convencer membros sobre fim do petróleo

Participação do Brasil entre aliados da organização dos países produtores de petróleo se dará na discussão sobre a indústria. País fica fora de política de cortes de produção do grupo.

Lula com o sultão Ahmed Al-Jaber, presidente da petroleira ADNOC e da COP28.Créditos: Ricardo Stuckert/PR
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Em conversa com a sociedade civil na manhã deste sábado (2) na COP28, em Dubai, Lula afirmou que o Brasil aceitou o convite para participar da Opep+ - Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados - para convencer os membros do grupo sobre o fim dos combustíveis fósseis e incentivá-los a financiar a transição energética.

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"Eu acho importante a gente participar porque precisamos convencer os países produtores de petróleo que eles precisam se preparar para o fim dos combustíveis fósseis", afirmou o presidente, ressaltando que "o Brasil vai participar não da OPEP, mas da OPEP+", em relação aos aliados, que têm menos poder dentro do grupo.

Lula ainda afirmou que é preciso criar alternativas para a dependência do mundo sobre o petróleo.

"Se preparar significa aproveitar o dinheiro que eles lucram com petróleo e fazer investimento para que um continente como o africano, como a América Latina, possa produzir os combustíveis renováveis que eles precisam. Sobretudo o hidrogênio verde porque, se a gente não criar alternativa, a gente não vai poder dizer que vai acabar com os combustíveis fósseis."

Em entrevista ao jornal O Globo, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, que costurou o convite em reunião com o secretário-geral da Opep, Haithmam Al-Ghais, em outubro, afirmou que o Brasil ficará fora da política de controle de fornecimento do grupo, que regula a distribuição do petróleo conforme a própria conveniência.

"Em hipótese alguma o Brasil participará dos cortes. A carta de cooperação que o Brasil assinará não tem nenhum compromisso bilateral. É para participar da plataforma de discussão das estratégias da indústria petrolífera nos próximos anos. O mundo reconhece a importância da indústria de petróleo para usar seus recursos para fazer o financiamento da transição energética", afirmou em entrevista ao jornal O Globo.

A Opep, criada em 1960 e com sede em Viena, reúne hoje 13 grandes exportadores de petróleo, como Arábia Saudita, Irã, Iraque e Venezuela. Já a Opep+ inclui os chamados “países aliados”. Estes não têm direito a voto nas reuniões do cartel, mas pagam uma taxa anual. A Rússia é um deles.

Os 13 países da Opep produzem ao todo 28,7 milhões de barris diários, liderados pela Arábia Saudita (10,4 milhões de barris). O Brasil tem uma produção diária de cerca de 3,67 milhões de barris de petróleo por dia, segundo a Agência Nacional de Petróleo e Biocombustíveis (ANP).
 

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