O recém-empossado presidente da Argentina Javier Milei anunciou nesta quinta-feira (14) que os protestos de rua estão proibidos em Buenos Aires e prometeu dura repressão em caso de manifestações contra o pacote de maldades aprovado para a economia do país.
Na terça-feira (12), Milei anunciou seus planos: desvalorização da moeda, corte de subsídios, interrupção de obras públicas, cortes na aposentadoria, aumento de impostos e escalonamento da inflação.
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O plano de seu ministro Luís Caputo invariavelmente vai levar ao caos social na Argentina e seus efeitos não podem ser desconsiderados.
Em sua posse, Milei já havia adiantado que os argentinos iriam passar por meses de grave arrocho e seu plano econômico confirmou a proposta.
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Antevendo possíveis manifestações de sindicatos, movimentos sociais e dos partidos de esquerda, o presidente decidiu proibir todas as manifestações que impedem o trânsito de carros no país.
Patricia Bullrich, a "liberal" que perdeu as eleições e tornou-se ministra da Segurança, anunciou que as forças policiais do país vão prender em flagrante aqueles que realizarem piquetes.
Grandes manifestações estão marcadas para o próximo dia 20 de dezembro em Buenos Aires.
“Se houver crime em flagrante, eles poderão intervir. Os crimes serão apurados de acordo com o artigo 194 do Código Penal e as forças federais poderão intervir em flagrante”, explicou Bullrich.
O protocolo Bullrich ainda ordenou que as "organizações sociais" que organizarem os protestos terão que arcar com os custos das operações de segurança, menores de idade estarão proibidos de participar ou seus pais serão multados, manifestantes estrangeiros serão deportados e as entidades que chamarem os protestos serão colocadas em uma lista de observação do governo.
“É hora de acabar com esta metodologia [de protestos] que tudo o que faz é gerar a desordem total e absoluta e o descumprimento da lei, além de não proteger quem tem que levar a vida normal e pacificamente”, afirmou Bullrich.
A escalada autoritária do "libertário" e "anarcocapitalista" Milei veio antes do que se pensava, mas não é surpresa para quem, com atenção, ouviu os elogios de Milei à ditadura argentina durante a campanha.
Ainda que a Câmara dos Deputados e o Senado Federal argentino estejam funcionando e a escalada autoritária não tenha partido para o campo institucional, as denúncias de uma "ditadura de direita" têm crescido no país.
O claro afronte aos movimentos sociais é uma tentativa de evitar um Argentinazo. Em 2001, por conta de uma grave crise econômica no país, manifestações derrubaram o então presidente neoliberal Fernando de la Rúa (União Cívica Radical), que caiu após declarar Estado de sítio no país.