Os confrontos entre as forças israelenses e o grupo Hamas já estão ocorrendo há um mês. Desde quando o festival Nature Party foi atacado pelo Hamas no dia 7 de outubro, próximo à Faixa de Gaza, o Estado de Israel vem promovendo ataques desproporcionais no território palestino, deixando feridos e mortos sem precedentes.
Na época, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, declarou guerra ao Hamas em resposta aos ataques. As forças israelenses conseguiram isolar o norte da Faixa de Gaza do restante do território um mês após aquele sábado. Segundo a Associated Press,o conflito, que já é o mais violento entre palestinos e israelenses em décadas, ainda não tem fim à vista.
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Com cerca de 10 mil mortos na Palestina e 70% dos 2,3 milhões de residentes de Gaza fora de suas casas, a região vive um caos econômico, político, social e humanitário, reforçado pela guerra.
Medicamentos, alimentos, combustível e água são extremamente limitados, e as escolas operadas pela ONU, transformadas em abrigo, estão com sua capacidade esgotada. Inúmeras pessoas se veem obrigadas a passar a noite nas ruas. Além disso, hospitais e campos de refugiados se tornaram alvos das bombas, que fizeram crianças e mulheres entre as maiorias das vítimas. Segundo Ministério da Saúde de Gaza, já são 4.104 crianças.
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Ontem (6), as forças israelenses realizaram bombardeios na região como parte dos preparativos para uma possível incursão terrestre na Cidade de Gaza, que é a maior área dentro do território.
Richard Hecht, porta-voz militar de Israel, anunciou nesta terça (7) que as forças israelenses completaram o cerco à Faixa de Gaza, dividindo o território em duas partes: o norte, controlado pelo Hamas, e o sul, controlado pelas forças israelenses e palestinas.
Atrocidade
De acordo com a relatora das Nações Unidas para os Direitos Humanos e integrante do Instituto para o Estudo de Migração Internacional da Universidade de Georgetown, Francesca Albanes, a destruição em Gaza por Israel é uma realidade.
“O que aconteceu no dia 7 de outubro foram crimes de guerra cometidos pelo Hamas contra civis. A questão é que Israel é uma superpotência militar com uma enorme capacidade de destruir a outra. O Hamas não tem capacidade para destruir Israel. Isso é ficção, é uma abstração, apesar da atrocidade que foi cometida. E a destruição de Gaza é uma realidade”, disse ela.
Em um alerta anterior publicado em uma página da ONU, foi mencionada a possibilidade de que eventos semelhantes à Nakba (Catástrofe) de 1948 e à Naksa (Dia do Retrocesso) de 1967 pudessem se repetir. Esses eventos resultaram na expulsão de mais de 1 milhão de palestinos de suas residências e terras devido às vitórias militares de Israel.
Em pouco tempo de conflito, as tensões entre Israel e o Hezbollah, grupo militante do Líbano, aumentaram: em Jerusalém, um homem matou uma policial israelense com uma facada e depois foi morto a tiros. Na Cisjordânia ocupada, as forças israelenses mataram a tiros quatro homens palestinos dentro de um veículo.
Em 1967, durante a Guerra do Oriente Médio, Israel tomou controle de Jerusalém Oriental, Gaza e a Cisjordânia. Os palestinos almejam essas três regiões para um futuro estado. A anexação de Jerusalém Oriental por Israel, uma medida não reconhecida pela maioria da comunidade internacional, é vista por Israel como a totalidade de sua capital.
A população palestina no mundo se aproxima dos 15 milhões de pessoas. Destas, cerca de 2 milhões residem em Israel, enquanto outros 5 milhões vivem nos territórios ocupados, que incluem Gaza, Cisjordânia e Jerusalém Oriental. Ademais, mais de 2 milhões de palestinos habitam a Jordânia, e aproximadamente 600 mil na Síria.
“Existe um grave perigo de que estejamos testemunhando uma repetição da Nakba de 1948 e da Naksa de 1967, numa escala maior. A comunidade internacional deve fazer tudo para impedir que isto aconteça novamente. Israel já realizou uma limpeza étnica em massa dos palestinos sob a névoa da guerra”, ressalta a relatora da ONU.
Cessar-fogo
O Conselho de Segurança das Nações Unidas, composto pelos Estados Unidos, Rússia, China, França e Reino Unido, realizou reuniões para discutir possíveis ações diante do conflito, mas não conseguiu chegar a um consenso.
Durante os 31 dias em que o Brasil liderou o Conselho de Segurança da ONU, tentou mediar acordos entre os países-membros, mas todas as quatro propostas de resolução sobre o conflito foram rejeitadas, em especial o voto único dos EUA contra o cessar-fogo. Israel, apesar da pressão internacional, condiciona a decisão à libertação de todos os reféns pelo Hamas e recusa-se a encerrar os bombardeios na Faixa de Gaza.