PALESTINA

ONU diz que Israel comete crimes de guerra e faz apelo para acabar com "carnificina"

No mais contundente comunicado direcionado a Israel, o Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos diz que "uma catástrofe humanitária desenrola-se para 2,2 milhões de pessoas confinadas em Gaza".

Palestinos em meio a destroços provocados por bombardeio israelense em Gaza.Créditos: UNICEF/Eyad El Baba
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Em comunicado divulgado nesta sexta-feira (27), a porta-voz do Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos, Ravina Shamdasani, alertou para os crimes de guerra cometidos por Israel na invasão à Gaza e fez um apelo para que seja feita uma mobilização para se acabar com a "carnificina". 

O número de mortos desde o início do conflito, em 7 de outubro, já passa dos 8 mil, sendo que 7.131 são palestinos e 1.405 israelenses. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), estima-se que outros mil palestinos estariam sob os escombros de edificações bombardeadas por Israel em Gaza. Nesta quinta-feira (26), o Hamas afirmou que 50 reféns israelenses morreram nos ataques do governo sionista de Benjamin Netanyahu.

Na declaração, atribuída ao alto comissário para os Direitos Humanos Volker Türk, a ONU afirma que "a violência precisa de acabar e é preciso que haja grandes esforços para procurar uma alternativa a esta carnificina".

"Há quase três semanas que os civis palestinos em Gaza têm sofrido bombardeamentos implacáveis por parte de Israel por via aérea, terrestre e marítima. Milhares de mortos. Mortos entre edifícios residenciais, mesquitas e padarias destruídos. Recebemos testemunhos angustiantes de famílias inteiras mortas por ataques aéreos contra as suas casas, incluindo as dos nossos próprios funcionários. Dos pais que escrevem os nomes dos filhos nos braços para identificá-los no futuro. Das noites aterrorizantes e sem dormir que as pessoas passam ao ar livre, enquanto os ataques aéreos continuam. Lamentamos a perda de 57 colegas da ONU e de muitos mais civis que foram claramente e desproporcionalmente afetados", diz o comunicado.

A ONU ainda cita as "repetidas ordens" de Israel para que a população desocupe o norte de Gaza e rume para o Sul, onde seria mais seguro, mas ressalta que "os ataques das forças israelitas a duas províncias do sul e ao centro de Gaza intensificaram-se nos últimos dias".

"Nenhum lugar é seguro em Gaza", diz.

Em seguida, a organização cita a utilização por Israel de bombas de efeito amplo em áreas densamente povoadas contrariando o Direito Internacional.

Para a organização, Israel comete crimes de guerra também ao impor um bloqueio de água, alimentos e combustível, realizando uma "punição coletiva" devido ao ataque do Hamas em 7 de outubro.

"Uma catástrofe humanitária desenrola-se para 2,2 milhões de pessoas confinadas em Gaza que estão sendo punidas coletivamente. A punição coletiva é um crime de guerra. A punição coletiva de Israel a toda a população de Gaza deve cessar imediatamente. A utilização de linguagem desumanizante contra os palestinos também deve ser interrompida", afirma.

A ONU ainda pede ao Hamas para parar o lançamento de foguetes contra Israel e a libertação imediata e incondicionalmente todos os civis que foram capturados e que ainda estão detidos. "A tomada de reféns também é um crime de guerra".

"O Alto Comissário apela aos esforços para procurar caminhos duradouros e baseados nos direitos humanos rumo à paz para o povo da Palestina e de Israel. Devem ser feitos esforços para por fim imediato a esta escalada. É da maior importância que todos aqueles que têm influência negociem uma saída para esta situação prolongada e desastrosa. A paz, a segurança e a justiça não serão encontradas neste caminho actual. O ciclo de vingança e derramamento de sangue precisa acabar", conclui.