NA ONU

Irã acusa Washington de "gerenciar" o genocídio em Gaza

Propõe a troca dos reféns por presos palestinos

Fogo.O representante do Irã disse que os Estados Unidos vão se queimar se propagarem o fogoCréditos: Foto Nações Unidas
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"Hoje, em Nova Iorque e nas Nações Unidas, digo francamente aos estadistas estadunidenses que estão gerindo o genocídio na Palestina que não saudamos a expansão da guerra na região, mas se o genocídio em Gaza continuar, eles não estarão isentos do fogo".

A declaração foi feita pelo ministro das Relações Exteriores do Irã, Hossein Amirabdollahian, no debate em andamento na Assembleia Geral da ONU sobre a nova crise no Oriente Médio.

A assembleia deve votar uma resolução proposta pelos países árabes que, entre outras coisas, pede um imediato cessar-fogo.

As decisões são "non binding", no linguajar da diplomacia, ou seja, apenas indicativas.

O Conselho de Segurança da ONU foi incapaz de chegar a um consenso.

Duas resoluções da Rússia foram derrotadas, uma do Brasil obteve 12 votos mas foi vetada pelos Estados Unidos e a de Washington, com 10 votos, foi vetada por China e Rússia.

APARTHEID E GENOCÍDIO

O discurso do iraniano foi feito logo depois de o embaixador de Israel dizer que seu país não está em guerra com os palestinos, mas com os "nazistas" do Hamas.

Na Assembleia Geral, uma decisão só será tomada depois que falarem os 114 inscritos. O Brasil é o orador de número 73.

Disse o ministro iraniano:

Os Estados Unidos e vários países europeus apoiaram o regime de ocupação de Israel sem observar a Carta das Nações Unidas e o direito internacional. Chamam de terrorista um movimento de libertação palestino, que tem direito à autodefesa e à autodeterminação, mas referem-se ao regime de ocupação, criminoso de guerra que comete genocídio em Gaza, como tendo direito à autodefesa

Ele sugeriu que os reféns em posse do Hamas -- 122, segundo Israel -- deveriam ser trocados por todos os prisioneiros palestinos detidos por Israel -- são hoje cerca de 10 mil.

"Recomendamos aos EUA e ao Ocidente que trabalhem pela paz e segurança e não pela guerra contra pessoas, crianças e mulheres. Na verdade, em vez de enviar foguetes, tanques e bombas para serem usados contra Gaza, deveriam parar de apoiar o genocídio", disse o representante do Irã.

Ele fez graves acusações a Tel Aviv:

"A essência e a natureza do regime sionista baseiam-se na agressão, ocupação, crime, mentiras e engano. Até agora, este regime lançou mais de 20 guerras na região, invadiu todos os seus vizinhos sem exceção, atacou vários países fora da sua região e ainda ocupa o território de alguns outros países árabes além da Palestina. Cometeu todos os quatro principais crimes internacionais, nomeadamente agressão, crimes de guerra, crimes contra a humanidade e genocídio", disse o ministro Hossein Amirabdollahian.

Ele insistiu que os palestinos tem o direito de resistir sustentado por leis internacionais:

De acordo com os princípios e regras do direito internacional e centenas de resoluções desta Assembleia, a Nação palestina, como Nação sob ocupação, tem o “direito legítimo de resistir à ocupação usando todos os métodos disponíveis, incluindo a luta armada”. Portanto, os recentes esforços hipócritas e fraudulentos para apresentar a luta da Nação palestina contra os colonizadores como ações terroristas não enganarão as nações livres e as consciências despertas do mundo.

Ao defender uma solução negociada que contemple os palestinos com soberania sobre seu território, tendo Jerusalém como capital, o Irã acusou os Estados Unidos de apoiar um regime de apartheid, como o fizeram no passado em relação ao regime racista da África do Sul:

A realidade é que a ocupação brutal se transformou num apartheid brutal. É esta terrível combinação de “ocupação crônica” e “apartheid profundo” que dá ao regime de ocupação permissão psicológica para massacrar e matar em massa. Portanto, agora é o momento de considerar a verdadeira face deste regime e reconhecê-lo como ele é, como fez a Assembleia Geral em 1975 através da Resolução n.º 3379, ao identificar o “Sionismo como racismo”. Embora a referida resolução tenha sido cancelada por votação em 1991, sob pressão dos Estados Unidos e na falsa esperança de fazer avançar o chamado processo de paz, hoje é mais do que nunca claro que o regime de ocupação não concede quaisquer direitos às pessoas sob ocupação