Na tentativa de agilizar a evacuação de cidadãos brasileiros da Faixa de Gaza, Celso Amorim, assessor para Assuntos Internacionais da Presidência da República e ex-chanceler, fez uma ligação para Jake Sullivan, conselheiro de Segurança Nacional dos Estados Unidos, neste sábado (4).
À Folha de S.Paulo Amorim disse que o contato foi feito para reafirmar a preocupação do governo de Luiz Inácio Lula da Silva com a demora na liberação dos brasileiros e para fortalecer os esforços já em andamento pelo chanceler Mauro Vieira em sua interação com Eli Cohen, seu homólogo israelense.
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O diplomata ressaltou que o governo brasileiro já se comunicou com todas as partes relevantes e que é imperativo que os brasileiros sejam retirados da região que é alvo de bombardeio de Israel prontamente.
Estamos tratando de 34 brasileiros, aproximadamente metade deles são crianças, localizados nas proximidades da passagem de Rafah. Há mais de duas semanas entregamos uma lista das pessoas que precisam ser evacuadas. Khan Yunis, onde está um dos grupos, tem sido alvo de bombardeios, resultando na destruição de um edifício. A cada dia que passa, o risco aumenta."
Amorim destacou que, na conversa com Sullivan, mencionou a data prometida e a crescente preocupação com o tempo de espera. Segundo informações do Itamaraty, Mauro Vieira ouviu de seu homólogo israelense, na sexta-feira (3), que o grupo poderá deixar a região até a próxima quarta-feira (8).
A ação de Amorim foi motivada após o Escritório de Representação do Brasil em Ramallah, a capital da Cisjordânia, informar neste sábado que os brasileiros não foram incluídos na quarta leva de estrangeiros e pessoas com dupla nacionalidade autorizados a sair da Faixa de Gaza.
A lista divulgada pelo governo do Egito incluiu, entre outros, os Estados Unidos, com 386 pessoas, e o Reino Unido, com 112, como destaque. Além disso, 51 franceses e 50 alemães receberam autorização para sair.
Também neste sábado, a Embaixada de Israel no Brasil emitiu uma declaração afirmando que está trabalhando para retirar todos os estrangeiros da área de conflito e que os atrasos são atribuídos às ações do grupo fundamentalista Hamas.
Ontem o grupo parlamentar de amizade Brasil - Israel da Câmara dos Deputados, liderado pelo deputado Gilberto Abramo, recebeu o Embaixador de Israel, Daniel Zonshine no Congresso Nacional.
Agradecemos o Grupo Parlamentar de Amizade Brasil - Israel e as centenas de deputados que… pic.twitter.com/xoliFNzV9m — Israel no Brasil (@IsraelinBrazil) October 11, 2023
A declaração da embaixada foi vista como uma resposta a uma postagem feita pela presidente do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PT-PR), em sua conta nas redes sociais na sexta-feira. Gleisi alegou que o governo de Israel estava discriminando cidadãos brasileiros.
Pela terceira vez o governo israelense negou a saída de cidadãos e cidadãs brasileiros ameaçados pelo massacre contra população civil na Faixa de Gaza. E não apresentou qualquer explicação para essa atitude que discrimina um país, o Brasil, que tem históricas relações com o… — Gleisi Hoffmann (@gleisi) November 3, 2023
Retaliação
As especulações em torno de uma aparente retaliação diante da posição do governo brasileiro, que condena o ataque do Hamas, mas também faz críticas à reação desproporcional de Israel, além de ter apresentado uma resolução no Conselho de Segurança da ONU para uma pausa humanitária, cresce diante da interlocução mantida por Zonshine com a extrema direita no país, incluindo membros do clã Bolsonaro.
Em reunião com simpatizantes do governo sionista na Câmara no dia 11 de outubro, quando Israel já promovia um ataque maciço contra palestinos em Gaza, Zonshine pediu pressão ao Itamaraty sobre o que considera "brandas declarações" do Ministério de Relações Exteriores em relação ao Hamas.