O conflito entre o Hamas, grupo islâmico-palestino, e o Estado de Israel entra no seu segundo dia com um verdadeiro massacre de civis que já deixou mais de 1100 mortos, e uma declaração de guerra oficial por parte dos israelenses. Neste domingo (8) o premiê Benjamin Netanyahu anunciou que o país está oficialmente em guerra, diferente do anúncio de "estado de guerra" emitido no último sábado (7), e autorizou as operações militares correspondentes.
“A guerra que foi imposta ao Estado de Israel em um ataque terrorista assassino da Faixa de Gaza que começou na manhã de ontem”, diz o comunicado do Gabinete de Segurança de Israel.
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A declaração veio em momento que as autoridades sanitárias de Israel apontavam 700 mortos e 2,2 mil feridos, dentre os quais 365 estariam em estado grave. Do lado palestino, até o momento, foram 413 mortes confirmadas na Faixa de Gaza e 7 na Cisjordânia, além, é claro, de milhares de feridos e desabrigados.
Com a declaração oficial de guerra, o Estado de Israel pode fazer uma ampla mobilização de reservistas, lembrando que a sociedade israelense é altamente militarizada e que todos os seus cidadãos, ou quase todos, em algum momento fazem o serviço militar e concluem o período indo para a reserva.
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Nesse contexto, as autoridades israelenses preparam a evacuação de 24 localidades do sul do país que fazem fronteira ou estão perto da Faixa de Gaza, o epicentro da atuação do Hamas que agora sofre com bombardeios. Com população de quase 2 milhões de habitantes, a cidade de Gaza já registrou pelo menos 20 mil desabrigados após os ataques.
Nesta manhã as forças israelenses anunciaram a destruição de uma série de instalações do Hamas em Gaza através dos bombardeios aéreos. A sede de inteligência do Hamas, além de dois bancos e instalações militares teriam sido destruídos.
O conflito
Na manhã deste sábado (7) o Hamas, grupo político islâmico-palestino considerado terrorista por uma série de países ocidentais, empreendeu a chamada “Tempestade Al-Aqsa”, uma operação militar surpresa para agredir Israel, a quem alega estar intensificando as políticas de invasão da Faixa de Gaza. Como resposta, o governo israelense do premiê Benjamin Netanyahu lançou a operação “Espadas de Ferro”, que consiste no bombardeio da cidade de Gaza. Ao todo, o conflito já deixou pelo menos 1100 mortos.
O Hamas emitiu uma nota pública explicando a razão da sua operação. “O povo palestino e sua resistência estão a levar a cabo uma operação para defender o povo, a terra e os locais sagrados,” diz a nota.
O movimento acusa a ocupação israelense, lembrando que todo o território de Israel era controlado pelos palestinos antes de 1947, de estar impedindo o acesso à Mesquita de Al-Aqsa, em Jerusalém, importante templo para os palestinos muçulmanos. Além disso, o grupo também exige a liberação dos presos políticos palestinos e o fim da ocupação.
“A libertação dos prisioneiros das prisões da ocupação fascista é uma das mais importantes questões nacionais, políticas e humanitárias. A sua liberdade é um direito e um dever, e constitui uma das prioridades mais importantes do nosso povo palestino e da sua gloriosa resistência (…) Os países árabes e islâmicos têm a responsabilidade direta de se oporem à ocupação e exigirem o seu fim, e de trabalharem para apoiar o povo palestino política, diplomática e financeiramente, de todas as formas, e em todos os fóruns e organizações internacional”, finaliza o comunicado.
Na Tempestade Al-Aqsa, o Hamas lançou uma série de mísseis e foguetes contra o território hoje controlado por Israel. Cerca de 2 mil combatentes também derrubaram muros, checkpoints e tomaram bases da IDL (Israeli Defense Forces), adentrando o território. De acordo com informações do lado israelense, atiradores palestinos estariam realizando massacres e fazendo reféns em 22 localidades no sul do país.
De acordo com as autoridades israelenses, o ataque – que já o maior desde a Guerra do Yom Kippur, quando forças árabes invadiram o país há 50 anos – já deixou pelo menos 700 mortos e 2000 feridos.
Já a resposta de Israel, que bombardeou até mesmo hospitais na Faixa de Gaza, deixou 413 mortos na Faixa de Gaza, além de milhares feridos e desabrigados.
A ONG Médicos Sem Fronteiras que atua na Faixa de Gaza denunciou os bombardeios a hospitais, equipamentos de saúde e a morte médicos e enfermeiros. Entre as instituições afetadas, estão o Hospital Indonésio e o Hospital Nasser, ambos na cidade de Gaza.
“Pedimos a todas as partes que respeitem as infraestruturas de saúde, que precisam continuar sendo um santuário para as pessoas que estão em busca de tratamento”, diz a Médicos Sem Fronteiras em nota.
Hezbollah entra em cena
O segundo dia de conflito entre o braço armado do Hamas, grupo islâmico-palestino que controla a Faixa de Gaza e que reivindica a retomada do território da Palestina ocupado por israelenses, e o Estado de Israel, entrou no segundo dia, neste domingo (8), com ainda mais violência.
A tensão aumentou ainda mais na manhã deste domingo por conta de uma intervenção do Hezbollah, organização política e paramilitar islâmica do Líbano, que lançou mísseis contra três posições militares israelenses e uma região denominada Fazendas de Sheeba, território reivindicado pelos libaneses ocupado por Israel desde 1967. O ataque do Hezbollah, segundo o próprio grupo, se deu em "solidariedade" ao povo palestino.
Forças militares israelenses, então, responderam à investida do Hezbollah com ataques ao Sul do Líbano utilizando mísseis e drones. O governo israelense também tenta evacuar as localidades da fronteira norte, com o Líbano.
A comunidade internacional acompanha com atenção e preocupação a escalada do conflito. O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, conversou com o primeiro-ministro de Israel, Benjamin "Bibi" Netanyahu, e ofereceu "apoio total" ao país para dar resposta ao ataque do Hamas. O presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva, por sua vez, se disse "chocado" com a investida da organização islâmica-palestina e anunciou que "não poupará esforços para evitar a escalada do conflito, inclusive no exercício da Presidência do Conselho de Segurança da ONU".