Uma onda de ataques de percevejos assusta Paris, na França, e causa pânico entre os moradores, que não conseguem mais pegar transporte público, ir ao cinema e dormir sem sentir medo dos insetos.
O governo francês de Emmanuel Macron chegou a lançar um plano de ação para combater os percevejos, após manifestação da prefeitura de Paris. “Ninguém está seguro. Você pode pegá-los em qualquer lugar e trazê-los para casa, e não detectá-los a tempo até que se multipliquem e se espalhem”, disse o vice-prefeito de Paris, Emmanuel Grégoire, à TV francesa.
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Nas redes sociais, moradores da cidade que será sede da Olimpíada em 2024 compartilharam relatos e vídeos com percevejos andando em cinemas e metrôs.
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A parlamentar Mathilde Panot, do partido Insubmissa (LFI, na sigla em francês), exigiu que o governo francês classificasse a infestação como “um problema de saúde pública”.
A maior aparição dos insetos causa problemas também para a saúde mental da população, que vive em estado de alerta até mesmo dentro de casa.
Entenda
Jean-Michel Berenger, entomologista do principal hospital de Marselha e um dos maiores especialistas franceses em insetos, explicou, em entreista à BBC News, que todo final de verão há um grande aumento de percevejos, e classificou a histeria como exagerada.
Ele esclarece que "isso acontece porque as pessoas se movimentaram durante julho e agosto e trazem os insetos de volta na bagagem. E a cada ano, o aumento sazonal após as férias é maior que o anterior". Nos últimos cinco anos, um em cada dez moradores de apartamentos teve problemas com percevejos, segundo dados oficiais.
Porém, para o especialista, há um elemento novo neste ano: “a psicose geral que se instalou", diz Berenger.
De certa forma, é bom porque serve para conscientizar as pessoas sobre o problema, e quanto mais cedo você agir contra os percevejos, melhor. Mas grande parte do problema está sendo exagerado.
Explicação
Alguns fatores, como a globalização, o comércio feito por containers, turismo de massa e imigração, podem explicar o fenômeno. Os percevejos vão aonde os humanos estão.
Ainda há o fato de que eles estão mais resistentes. Após a Segunda Guerra Mundial, os animais foram dizimados pelo uso intenso do inseticida DDT. Porém, ao longo dos anos, o produto foi proibido devido aos efeitos colaterais em humanos.
No entanto, esse uso deixou marcas, como a modificação da população de percevejos, que gerou criaturas geneticamente mais resistentes.
Outro fator pode ser o declínio das baratas, predadoras de percevejos.
Há perigo?
Alguns internautas também compartilharam registros das mordidas de percevejo, que são dolorosas e deixam o local vermelho. Porém, a boa notícia é que eles não transmitem doenças - a maior preocupação é mesmo com os efeitos psicológicos da infestação.