O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, enterrou qualquer esperança de um cessar-fogo na Faixa de Gaza nesta segunda-feira (30). Em declaração para jornalistas, o mandatário afirmou que seu país não irá assinar qualquer acordo nesse sentido. A argumentação se vale da conduta do seu principal aliado, os EUA, para justificar a decisão.
“Assim como os EUA não concordariam com um cessar-fogo após o Pearl Harbor ou o 11 de setembro, Israel não está disposto a um cessar-fogo”, afirmou.
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A fala faz referência ao ataque japonês ao porto de Pearl Harbor, no Havaí, que motivou a entrada dos EUA na Segunda Guerra Mundial, e ao atentado de 11 de setembro, que serviu como um pretexto para a invasão do Afeganistão, em 2001, a fim de combater o grupo terrorista Al-Qaeda.
Dessa vez, Netanyahu se arvora na definição do Hamas como uma organização terrorista para embasar seu discurso. Aponta que os ataques de 7 de outubro seriam uma espécie de “11 de setembro israelense”.
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“Um cessar-fogo seria o mesmo que se render à barbárie e ao terrorismo. Esse é o momento da guerra pelo nosso futuro comum”, declarou.
Netanyahu também reafirmou a narrativa israelense de que o Hamas usaria civis de Gaza como escudo e culpou a comunidade internacional por condenar os bombardeios de Israel, que, segundo ele, estariam evitando alvos civis.
No entanto, não é essa a realidade expressa no noticiário. Para além das imagens de famílias inteiras mortas, quarteirões inteiros reduzidos a escombros e cortes de eletricidade e internet do enclave, o Ministério da Saúde palestino aponta que mais de 8 mil pessoas foram mortas desde a recente escalada. Enquanto isso, Israel contabiliza 1,4 mil vítimas.
O discurso de Netanyahu é referendado por uma série de interlocutores dentro de Israel. Um deles é Moshe Feiglin, ex-parlamentar do partido Zehut – de direita, ultraliberal e ultranacionalista. Feiglin foi um importante articulador do retorno de Netanyahu (do partido Likud) ao cargo nas últimas eleições. Para esta importante figura da política local, o Estado de Israel não tem qualquer obrigação em resguardar os corredores humanitários e a vida dos civis de Gaza. Assim como o chefe, apela para condutas passadas dos EUA para justificar seu proselitismo.
“Não precisamos de uma vitória para restabelecer a imagem da dignidade de Israel. Agora precisamos retaliar com forte vingança. Só existe uma solução, que é a completa destruição de Gaza, antes de que a invadamos. E quando falo sobre destruição, quero dizer algo parecido a Dresden ou Hiroshima, mas sem armas nucleares. Não me lembro de Biden ou seus antecessores tenham providenciado corredores humanitários seguros para os residentes de Hiroshima e Nagasaki. Ao contrário, eles olharam para as cidades mais fracas e jogaram as bombas lá para deixar claro que estavam falando a sério,” afirmou durante entrevista.