Na noite do mais intenso bombardeio a Gaza desde o ataque do Hamas em 7 de outubro, Israel usou 100 aviões e artilharia terrestre contra o território palestino de apenas 365 quilômetros quadrados.
A reprodução de vídeos antigos nas redes sociais e a propaganda militar dos dois lados -- o que é usual em todos os conflitos -- turvam a realidade no campo militar.
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No entanto, informações das Forças de Defesa de Israel (IDF) que coincidem com as dos militantes palestinos oferecem ao menos uma ideia do que está acontecendo no terreno.
Israel sustenta que destruiu 150 alvos militares no norte da Faixa de Gaza, inclusive túneis e infraestrutura subterrânea.
Neste sábado, o ministro da Defesa Yoav Gallant disse:
Passamos para uma nova fase da guerra. Esta noite, o chão em Gaza tremeu. Atacamos acima e abaixo do solo, atacamos agentes terroristas em todos os níveis, em todos os lugares
Segundo a Al Aqsa TV, ligada ao Hamas, o grupo enfrentou incursões terrestres de Israel em Beit Hanoun, no extremo norte de Gaza e nas imediações do campo de refugiados de Bureij, mais ao sul.
Outro grupo, a Jihad Islâmica, também disse ter repelido ataques de Israel.
O porta-voz militar de Israel falou em "baixas", sem especificar.
Analistas militares ouvidos por emissoras árabes ao longo da noite dizem que Israel ataca em múltiplas direções para impedir que os militantes do Hamas se concentrem.
Isso em tese facilita as incursões pontuais por terra, que visam demolir a infraestrurura do Hamas a partir do norte.
De acordo com a agência turca Anadolu, Israel bombardeou o entorno de dois hospitais, o Indonésio e o al-Shifa.
Horas antes, Tel Aviv havia iniciado uma campanha de propaganda baseada em simulações de vídeo para "provar" que os líderes do Hamas operam seu principal centro de comando e controle dos subterrâneos do al-Shifa, o maior hospital de Gaza.
Na manhã deste sábado, o porta-voz da IDF voltou a pedir em uma rede social que os civis palestinos esvaziem o norte de Gaza, inclusive o maior centro urbano do território.
Israel disse ter assassinado duas importantes lideranças militares do Hamas, Ratab Abu-Tsahiban e Atsam Abu Raffa, nas últimas horas.
O governo de Benjamin Netanyahu está sob pressão da opinião pública para apresentar resultados militares da ofensiva.
CORRIDA CONTRA O TEMPO
Milhares de pessoas foram às ruas de Londres neste sábado pedir um cessar-fogo.
O Reino Unido é aliado próximo de Israel, mas a opinião pública local está mudando com rapidez diante das imagens espantosas que saem de Gaza.
Isso pode explicar o apagão promovido por Israel na telefonia e na internet de Gaza.
O último levantamento do Ministério da Saúde de Gaza fala em 7.703 mortos, sendo 3.595 crianças. Há 19.743 feridos.
A Cruz Vermelha, a UNICEF e os Médicos Sem Fronteiras informam que estão sem contato com seus representantes no território que trabalham na ajuda humanitária.
Grandes manifestações aconteceram ou estão em andamento em cidades da Turquia, Jordânia, Iêmen e Tunísia.
Em Istambul, o primeiro-ministro Recep Erdogan chamou Israel de Estado criminoso em discurso diante de uma multidão.
A Turquia faz parte da OTAN.
Ele se lembrou com saudade do Império Otomano, do qual o território onde hoje fica Gaza fazia parte:
Eles nos separaram de todas essas terras que nos pertencem tanto quanto ao nosso sangue, à nossa vida, ao nosso amor. Eles não apenas nos separaram fisicamente, mas também usaram todos os tipos de truques para removê-los de nossas mentes e corações.
Nas Nações Unidas, 120 países votaram por um cessar-fogo (com 45 abstenções e 14 votos contra), levando o embaixador de Israel a declarar:
Hoje é um dia que será considerado infame. Todos nós testemunhamos que a ONU já não detém nem um pingo de legitimidade ou relevância
Na verdade ele acusou o golpe do crescente isolamento de Israel, o que pode levar o governo Biden a exercer pressão pelo fim das hostilidades.
O tempo corre contra Tel Aviv.
Familiares dos reféns mantidos pelo Hamas em Gaza também exercem pressão por uma pausa nos bombardeios.
Da mesma forma, países com cidadãos de dupla cidadania que pretendem retirá-los do território palestino.
Há mais de 500 palestino-americanos esperando autorização para sair.
Manifestación en Estambul en solidaridad con Gaza y en contra del terrorismo israelí. pic.twitter.com/1OqLi8mgv0 — Palestina Hoy (@HoyPalestina) October 28, 2023
???????? Gigantesca demonstração de solidariedade com Gaza e contra o genocídio do povo palestiniano, agora em Londres. pic.twitter.com/D291iklsp5 — geopol.pt (@GeopolPt) October 28, 2023
Footage for the mass destruction in Gaza following a heavy series of lsraeli air attacks carried out last night. pic.twitter.com/eX5r8Xgy9K — TIMES OF GAZA (@Timesofgaza) October 28, 2023
Standing with our Jewish brothers & sisters who are screaming NOT IN OUR NAME! Last night, thousands of Jewish New Yorkers & their allies held a massive civil disobedience sit-in at Grand Central Station demanding an immediate ceasefire. #LetGazaLive #CeaseFireNow @jvpliveNY pic.twitter.com/rTUK6JOCbt — Michael Moore (@MMFlint) October 28, 2023