Em coletiva de imprensa ao lado de Benjamin Netanyahu, o presidente da França, Emmanuel Macron, propôs uma "coalizão internacional" contra o Hamas.
O presidente francês citou a coalizão internacional contra o Estado Islâmico (ISIS), a Força-Tarefa Conjunta Combinada — Operação Resolução Inerente, que opera no Iraque e na Síria sob liderança dos EUA.
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Participam da operação o Reino Unido, a França, a Turquia, a Holanda, a Bélgica e outros países da região, como Jordânia, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos.
Macron propôs uma operação conjunta similar contra o Hamas. O problema é que o Hamas, ao contrário do Daesh, não é reconhecido como um grupo terrorista pela ONU. Além disso, um ataque direcionado contra o grupo político implicaria necessariamente no ataque contra civis que moram em Gaza.
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"A França está disposta a que a coalizão internacional contra o Daesh [Estado Islâmico] também combata o Hamas. Proponho aos nossos parceiros internacionais que possamos construir uma coalizão regional e internacional para combater os grupos terroristas que nos ameaçam a todos", afirmou o presidente francês durante uma coletiva de imprensa com Netanyahu.
A proposta de Macron é apoiar Israel com tropas, armas e inteligência contra os ataques de Israel contra o Hamas, que, na verdade, tem atingido duramente a população civil palestina.
Durante sua reunião com o presidente israelense, Isaac Herzog, Macron afirmou que sua visita de solidariedade a Israel tem o propósito de mostrar que Israel não está sozinho em sua luta contra o terrorismo, algo que ele considera um "dever". Além disso, o presidente descreveu os ataques israelenses na Faixa de Gaza como "operações seletivas" e afirmou que são "necessárias".
"O que aconteceu nunca será esquecido, com certeza. E estaremos aqui hoje, amanhã e depois de amanhã pela paz e estabilidade. Porque essas pessoas foram assassinadas apenas por serem judias e desejavam viver em paz", destacou o líder francês em inglês.
Os incessantes erros de Macron
O cálculo político de Macron, contudo, tem sido avaliado como arriscado. Desde o início de seu segundo mandato, Macron tem intensificado suas posições anti-muçulmanas, como a proibição da abaya, a manutenção da proibição da burka, além da repressão violenta contra as juventudes árabes e negras islâmicas das periferias das grandes cidades.
A reforma da previdência na "canetada" de Macron também aumentou a impopularidade do líder, que, atualmente, é rejeitado por cerca de 70% da população francesa.
Além disso, as tentativas de negociar uma paz na Ucrânia após diálogos com Putin, com Zelensky e com a China deram com os burros n'água.
Na África Ocidental, Macron perdeu toda sua influência no Mali, no Burkina Faso e no Niger, países que eram "quintais semicoloniais" de Paris e, desde agosto, tem adotado e fortalecido uma resposta anti-colonial contra Macron, que chegou a ameaçar uma invasão ao Niger, mas recuou após perceber o peso político de iniciar um massacre contra os países mais pobres do planeta.
Agora, comprando a briga de Israel contra a Palestina, Macron compra mais insatisfação dos árabes e dos muçulmanos em seu país e vai, a passos largos, destruindo sua reputação política e abrindo caminho para a esquerda de Melenchon ou para a direita de Le Pen para controlar o país.