Uma jovem identificada apenas como Âmbar, que seria namorada de Fernando Andrés Sabag Montiel, o brasileiro que tentou matar a vice-presidente da Argentina, Cristina Kirchner, e um homem que se identificou como Nicolás, que teria arranjado um emprego de vendedor de algodão-doce para o criminoso, já que encabeçaria o esquema de vendas desse produto em Buenos Aires, deram entrevista na noite desta sexta-feira (2) à emissora Telefe e falaram sobre as impressões que tinham do acusado.
Os jornalistas perguntaram primeiro sobre alguma possível inclinação ideológica de Montiel e se ele costumava falar de política.
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"Se falamos de política em algum momento, não me lembro... sinceramente, nós íamos trabalhar e estávamos sempre ocupados... Simplesmente trabalhávamos, saímos às vezes um pouco do lado de fora... 'E aí, cara... Tudo bem? Sim...' E formamos um grupo no WhatsApp e sempre nos falamos assim... E tem gente que nós dividimos por zona... Uns vão para zona norte, outros para o Microcentro... E enfim, não tem nada... As pessoas estão buscando coisas, mas nós não temos nada a ver com isso", disse Nicolás, tentando se desligar de qualquer relação mais profunda com o agora famoso colega de trabalho.
"Falávamos disso de uma maneira normal, como qualquer um, de uma maneira normal... Nada de mobilização ou dessas coisas... Todos nós temos opiniões sobre esses assuntos, mas não tem nada a ver com o que ele fez e isso não nos vincula a nada... Falávamos, 'ah, subiu o dólar 20 pesos a mais, mas era isso, íamos trabalhar, tomar umas, enfim trabalhar e por toda parte há gente trabalhando... No meu caso, tenho dois empregos, vamos seguindo, estamos sobrevivendo", completou o encarregado de Montiel.
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"Ele reclamava da economia, mas isso é uma coisa que todo mundo fala, não era algo com agressividade ou com violência... É coisa cotidiana, tudo dia nós nos queixamos do dólar, da economia", contou Âmbar.
Na sequência, a dupla foi questionada sobre Montiel, cujo apelido é Tedi, dar alguns sinais de ser um indivíduo violento.
"Não, nunca... Tedi era um dos perfis mais tranquilos que já vi... Uma pessoa que conversava, contava piadas... Não... Olha, eu não sei... Vê-lo ali, diante das câmeras, e ver o que ele fez... Não sei... Era como se eu visse outra pessoa... Eu não sei o que aconteceu, ouvir as pessoas dizendo que foi planejado... Não, não... Isso não é como está sendo dito na imprensa... Isso é mentira, ele trabalhava comigo todos os dias e vinha comigo todos os dias... Não, não... E... Isso deve ser coisa que foi feita de momento e não temos nada a ver com isso", relatou Nicolás.
A namorada de Montiel parece estar mais nervosa, o tempo todo. Sobre uma entrevista que deram há umas semanas, trabalhando na rua, na qual o casal falou coisas xenofóbicas contra bolivianos, classificando quem depende de programas sociais como vagabundos, a jovem explicou que tudo ocorreu por acaso.
"Foi por acaso... Nós estávamos ali e fomos entrevistados pela 'Crônica', e ele falou primeiro, depois eu falei... E foi isso... Foi por acaso, não procuramos por isso nem nada", explicou.
Depois ela disse como conheceu Montiel e como ele foi entrando em seu círculo de trabalho e de amizades.
"Eu o conheci em uma festa, aí fomos amigos um tempo... Aí numa outra festa fomos nos conhecendo melhor e aos outros também, e ele arranjou um trabalho, e aí, como se diz? Começamos a ter uma certa amizade", lembrou.
"Eu tenho muito medo, por causa das ameaças... Medo do que pode acontecer comigo amanhã, do que pode se passar com a gente... Estamos bastante assustados", parou de falar Âmbar, se perdendo com as palavras.
Sobre um homem identificado como Mario, que seria um amigo de Montiel desde a adolescência, e que deu entrevistas falando sobre a personalidade do criminoso, a namorada se mostrou contrariada.
"Não, eu não creio nisso... Aliás, nós nem conhecemos esse sujeito... É alguém que parece que saiu do nada, não sabemos se isso é real ou não... Não, não o reconheço", falou a jovem.
Um jornalista pergunta então se Montiel teria realmente sofrido bullying durante a vida, conforme relatos do suposto amigo Mario. Nicolás sobe o tom e diz não saber nada sobre isso, mas que, ainda que fosse verdade, isso não se justificaria, pelo menos para eles que não são profissionais da área de saúde mental.
"Eu sofri bullying em boa parte da minha vida e não saí sacando uma arma por aí... Então assim, os peritos psicológicos é que vão apurar isso, nós não somos psicólogos", concluiu.