Em entrevista ao site Infobae nesta quarta-feira (6), Gabriel Boric, alçado à Presidência do Chile após ganhar protagonismo político em atos estudantis contra as medidas neoliberais a partir de 2012, escalou Jair Bolsonaro (PL) em uma trinca da ultradireita mundial - juntamente com Donald Trump, dos EUA, e Viktor Orban, da Hungria - que usa de métodos autoritários para impor questões como "privatizações brutais", favorecendo o capital financeiro.
Ao ser indagado sobre uma suposta polarização com a direita no Chile, Boric lembrou que a direita do país defendeu o general Augusto Pinochet de forma incisiva - assim como o clã Bolsonaro faz com a Ditadura no Brasil - e só passou "a condená-lo quando os roubos de prata foram descobertos".
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"Eles são a favor das privatizações mais brutais... E é evidente que hoje há uma ultradireita no mundo que tem diferentes manifestações desde Orbán na Hungria, Trump nos EUA, Bolsonaro. Creio que Bukele (NR.: presidente de El Salvador que baixou regime de exceção no dia 27 de março) também. Eles têm desvios autoritários que são preocupantes. E isso também há no Chile", disse. "Portanto, não é uma novidade, e toda ação contém uma reação em si", emendou.
A partir disso, Boric ressaltou que para fazer mudanças estruturais é importante se conseguir uma maioria no Parlamento e na sociedade "capaz de sustentá-las ao longo do tempo e não caiamos no voluntarismo de dizer: porque acho correto, vou promover não importa o que aconteça".
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"O importante é que consigamos nos conectar ou ser cúmplices do bom senso majoritário de um povo. Caso contrário, estaremos em um pêndulo permanente e esse pêndulo permanente gera rachaduras", afirmou.
Lembrado do que aconteceu com Lula, no Brasil, e com Nestor e Cristina Kirchner, na Argentina - governos progressistas que tiveram uma reação neoliberal -, Boric disse que não tem "medo dos grandes consensos e dos consensos transversais", mas que "a questão é quem participa deles".
"Por muito tempo, os acordos foram entendidos apenas como parte de uma elite. Hoje, o povo mobilizado e organizado é parte inerente da transformação das sociedades", afirmou.
Leia a entrevista na íntegra (em espanhol)