WIKILEAKS

Tribunal do Reino Unido nega apelação de Assange, que fica nas mãos de Boris Johnson

Após a justiça britânica lavar as mãos, o destino do fundador do WikiLeaks, Julian Assange, será definido por uma canetada do governo do Reino Unido

Créditos: Reprodução/Twitter
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A Suprema Corte do Reino Unido negou ao jornalista Julian Assange, fundador do WikiLeaks, o direito de apelar da decisão da extradição para os Estados Unidos. Assange agora depende de uma canetada do governo conservador de Boris Johnson para ser mandado para os EUA, onde pode cumprir prisão perpétua.

"URGENTE: Suprema Corte do Reino Unido recusa permissão de apelação no caso de extradição de Assange. A decisão de extradição agora passa para a Ministra do Interior do Reino Unido, Priti Patel", anunciou a advogada Stella Moris, noiva do jornalista.

Em janeiro, Assange havia conseguido, no Tribunal de Londres, o direito de recorrer da extradição na Suprema Corte. Nesta segunda-feira, no entanto, os juízes negaram a possibilidade de recurso e determinaram que a decisão ficará por conta do Ministério do Interior do governo Boris Johnson.

Em dezembro, o Tribunal de Londres havia anulado a decisão de um tribunal inferior que dizia que Assange não deveria ser extraditado porque sua saúde mental frágil significava que ele estaria em risco de suicídio.

A defesa de Assange divulgou nota lamentando o resultado. "Lamentamos que a oportunidade não tenha sido aproveitada para considerar as circunstâncias preocupantes em que os Estados Requerentes podem fornecer garantias após a conclusão de uma audiência probatória completa. No caso de Assange, o Tribunal considerou que havia um risco real de tratamento proibido na caso de sua posterior extradição", diz o comunicado.

Quais foram as revelações de Julian Assange no WikiLeaks?

O jornalista investigativo está sendo acusado de crimes de conspiração e espionagem pelo governo estadunidense em razão das revelações feitas pelo WikiLeaks e poderia pegar até 175 anos de prisão. 

Documentos e vídeos divulgados por Assange, em 2010 e 2011 no WikiLeaks, descortinaram uma série de abusos cometidos por militares dos Estados Unidos. As denúncias do site mostraram, entre outros segredos guardados pelos governos estadunidenses, a brutalidade das operações militares do país no Afeganistão e no Iraque, com a prática comum de torturas e mortes não registradas. Foram assasinados centenas de civis afegãos e cerca de 66 mil em território iraquiano, além da tortura de prisioneiros.

O governo brasileiro foi um dos alvos das violações denunciadas pelo fundador do Wikileaks, durante os mandatos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e da presidenta Dilma Rousseff. Documentos vazados revelaram inúmeras as ações de espionagem do governo norte-americano contra membros do governo e contra a Petrobras.

Advogados de Assange estimam que caso ele seja extraditado e condenado nas 18 acusações que enfrenta nos EUA – entre elas, conspirar para hackear bancos de dados militares dos EUA de modo a obter informações secretas confidenciais relacionadas às guerras do Afeganistão e do Iraque, que foram publicadas no site Wikileaks – ele pode pegar até 175 anos de prisão.

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