AMÉRICA LATINA

Dilma se solidariza com Cristina Kirchner, que enfrenta lawfare na Argentina

Vice-presidenta vai se pronunciar nas redes após o desfecho do julgamento, previsto para 17h30. Apoiadores de Kirchner se mobilizam em Buenos Aires

Créditos: Roberto Stuckert Filho / PR
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“A vice-presidenta Cristina Kirchner vem enfrentando de maneira corajosa a sanha midiática e judicial na Argentina”. Assim a ex-presidenta Dilma Rousseff inicia sua mensagem de apoio a Kirchner, que enfrenta julgamento nesta terça (6), em Buenos Aires. Os promotores do Ministério Público Diego Luciani e Sergio Mola pedem 12 anos de prisão por associação ilícita e fraude e sua inabilitação perpétua para concorrer a cargos públicos. Dilma publicou um fio com seis partes sobre o caso em sua conta no Twitter.

Nesta semana a ex-presidenta e atual vice-presidenta do país vizinho havia concedido entrevista à imprensa brasileira em que comparava a perseguição judicial que sofre aos processos enfrentados por Lula no Brasil e por Rafael Correa no Equador. Suas primeiras palavras na conferência via zoom foram: “Quando falei de ‘lawfare’ fui muito generosa, este tribunal é um pelotão de fuzilamento”. Dilma também fez a comparação com o Brasil e teceu duras críticas à perseguição política exercida por via judicial.

Lawfare

“Como o presidente @LulaOficial, aqui no Brasil, @CFKArgentina é vítima de lawfare - o uso do aparato judicial para justificar a perseguição política por parte de segmentos do Judiciário e do Ministério Público”. O termo refere-se à utilização da lei e dos procedimentos legais pelos agentes do sistema de justiça para perseguir quem seja declarado inimigo.

Efetivamente, a narrativa de corrupção criada em torno de uma associação supostamente ilícita que destinava verbas para 51 obras na província de Santa Cruz, da qual o ex-presidente Néstor Kirchner, seu marido, morto em 2010, foi governador, tem trama e personagens semelhantes ao que ocorreu no Brasil - e também no Equador.

Veredito já definido

Além disso, na entrevista Cristina Kirchner antecipa que sua sentença será condenatória, acrescentando que “já foi julgada e absolvida quanto à mesma acusação e pelo mesmo juiz. Mas, agora, sua condenação tornou-se uma necessidade política”, como explica Dilma em sua postagem.

Para a ex-presidenta brasileira, o princípio da imparcialidade dos juízes é “completamente distorcido” nesses casos, tornando o aparato judicial uma “arma para perseguição” de lideranças políticas progressistas. Rousseff considera “inaceitável” o que ocorre na Argentina, completando que “o modelo de golpe jurídico baseado no lawfare” não pode se tornar um padrão no continente.

Imagem: Reprodução / Twitter

Além de Cristina Kirchner, outros 12 acusados ??de corrupção na execução de obras públicas em Santa Cruz entre 2003 e 2015 terão sentença publicada nesta terça, com pedidos de pena de até 12 anos de prisão do Ministério Público. As respectivas defesas pedem absolvição, alegando a inexistência dos crimes.

Mobilizações

Manifestações em apoio a Kirchner se espalham pela capital do país. Militantes da Federação de Terras e Habitação (FTV) marcham do bairro de Liniers até os Tribunais de Comodoro Py – aproximadamente 15 km - sob os lemas "parar el golpe de Estado en la Argentina" e "defensa" da vice-presidente Cristina Fernández de Kirchner. Além disso, outras organizações sindicais e movimentos sociais se mobilizam em diferentes pontos de Buenos Aires.

Há também uma mobilização pela condenação, conduzida pela Associação de Pessoal Legislativo (APL), com bandeiras azuis e brancas, guarda-chuvas e desfiles, com a legenda "Segure Cristina".

Após o resultado do julgamento, previsto para as 17h30, a vice-presidenta se pronunciará por meio de suas redes sociais.