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Seleção de Gana reencontra Uruguai na Copa do Mundo do Catar 2022

Ganeses querem revanche da emocionante quarta de final disputada em 2010, na África do Sul, em que Luis Suarez impediu sua façanha de chegar à semifinal fazendo as vezes de goleiro; saiba tudo sobre Gana

Andre Ayew. atacante da seleção de Gana e do Al-Sadd (Catar).O atacante Andre Ayew em jogo de 2015 contra a seleção de Mali.Créditos: Pierre-Yves Beaudouin/ Wikimedia Commons (creative commons)
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A Seleção de Gana chega para brigar por uma vaga no Grupo H da Copa do Mundo do Catar 2022, em tese o mais disputado desta primeira fase. Irá enfrentar Portugal de Cristiano Ronaldo, teoricamente o grande favorito, mas que não vive boa fase, além da Coreia do Sul e do reencontro com o Uruguai, duelos em que “tudo pode acontecer” como diz o jargão boleiro. As principais armas dos ganeses serão o volante Thomas Partey, do Arsenal, os irmãos Jordan e Andre Ayew e o atacante Iñaki Williams, do Athletic Bilbao.

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Considerada uma das mais fortes seleções africanas, Gana venceu quatro vezes a Copa Africana das Nações em 1963, 1965, 1978 e 1982, além de ter conquistado por cinco vezes a Copa da África Ocidental. Logo na sua primeira Copa do Mundo, em 2006, na Alemanha, dividiu o Grupo E com a futura campeã Itália, de quem perdeu por 2 a 0 na estreia. Mas na sequência bateu a Tchéquia por 2 a 0 e os EUA por 2 a 1, garantindo a ida às oitavas, fase em que acabou eliminada pelo Brasil, após ser derrotada por 3 a 0.

Em sua segunda participação, na África do Sul em 2010, novamente se classificou. Venceu a Sérvia na estreia por 1 a 0 com gol de Gyan; empatou o segundo jogo com a Austrália em 1 a 1, com novo gol de Gyan; e perdeu para a Alemanha por 1 a 0 no terceiro jogo. Nas oitavas de final venceu os Estados Unidos por 2 a 1, com gol de Gyan na prorrogação e avançou para as quartas de final, onde enfrentou o Uruguai em partida que ganhou contornos épicos.

Após empate em 1 a 1 no tempo normal, Gana faria o gol da classificação no último minuto da prorrogação, mas o atacante uruguaio, Luis Suarez defendeu a finalização com as mãos, como um goleiro. Suarez foi expulso e um pênalti foi marcado para Gana, mas seu astro acabou perdendo-o, dando uma nova esperança aos uruguaios que venceriam dentro de alguns minutos a disputa de pênaltis.

Em sua última participação, na Copa do Brasil, em 2014, Gana perdeu para Estados Unidos, Alemanha e Portugal e acabou eliminada precocemente sem pontuar. Agora os ganeses buscam retomar o futebol vencedor das décadas anteriores para surpreender no mundial.

Para ir à Copa do Mundo do Catar 2022, Gana precisou de um gol para desempatar a disputa pela primeira posição do Grupo G das Eliminatórias Africanas com a África do Sul. Ambas as seleções terminaram a fase de grupos com 13 pontos e o mesmo número de vitórias. No entanto, com um gol a mais, Gana se classificou para a fase final. Novamente a classificação veio pelo detalhe de um gol, graças ao critério que valoriza o ato de marcar um gol como visitante. Em casa, Gana e Nigéria empataram sem gols no Baba Yara Stadium. A volta, jogada em solo nigeriano, no Nacional de Abuja, terminou empatada em 1 a 1.

Gana estreia na Copa do Mundo do Catar 2022 contra Portugal na próxima quinta-feira (24), às 13h de Brasília, no Estádio 974. Na sequência, a seleção de Gana enfrenta a Coreia do Sul, na segunda-feira seguinte (28), às 10h, no Estádio Cidade da Educação. Encerrando sua participação pelo Grupo H, Gana joga reencontra o Uruguai em 2 de dezembro (sexta-feira), às 12h, no Al Janoub.

O que você precisa saber sobre a história de Gana

A palavra “Gana” significa “guerreiro” e remonta ao antigo Império de Gana, que se estendeu por todas as terras entre o deserto do Saara e os rios Senegal e Níger, na África Ocidental, ao longo da idade média. Os primeiros contatos com europeus só ocorreram nos séculos XV e XVI com a chegada de marinheiros portugueses, mas o Império de Gana se manteve firme até 1874, quando os ingleses estabelecerem uma colônia ao longo da chamada Costa do Ouro.

Sob o lema “é melhor ser independente para se governar sozinho, bem ou mal, do que pelos outros”, Gana lutou e conquistou sua independência do Reino Unido em 1957. O nome do novo país foi escolhido pelos próprios habitantes em homenagem ao antigo império que transbordava, em muito, as fronteiras da atual país. Gana foi a primeira nação africana a expulsar a Grã-Bretanha do seu território.

O que você precisa saber sobre a política em Gana

Gana é organizada como uma República presidencialista e Nana Akufo-Addo é o décimo quarto presidente ganês desde 2017 – tendo vencido eleições em 2016 e 2020. A Quarta República de Gana, com capital em Acra e considerada democrática, foi fundada em 1993 após o país passar por uma série de ditaduras e governos autoritários, intercalados com períodos democráticos, desde a independência do Reino Unido, conquistada em 1957.

O parlamento do país é unicameral e tem 275 assentos eleitos pelo voto direto, assim como o Executivo, para mandatos de quatro anos. O poder Judiciário do país é completamente separado dos demais poderes. O país faz parte da chamada Zona de Paz e Cooperação do Atlântico Sul, da Organização das Nações Unidas (ONU), entre outros organismos circunscritos à África. Além disso, é considerado uma “democracia defeituosa”, sobretudo pela questão econômica, mas também um país “livre”, ou seja, um lugar onde é possível se expressar livremente sem ser perseguido pelo Estado.

O que você precisa saber sobre a economia de Gana

De acordo com dados de 2021, Gana tem aproximadamente 32 milhões de habitantes e um PIB de 78 bilhões de dólares. A renda per capita do país está em torno de 2,4 mil dólares e o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) registrado é de 0,632, considerado muito baixo. Apesar de ser uma democracia, o país sofre com altos índices de pobreza e uma economia claudicante, baseada sobretudo na exportação de produtos agrícolas e de recursos naturais.

Os principais produtos agrícolas ganeses são o cacau e o abacaxi, além de outros itens como café, banana, batata, arroz e mandioca. A pesca e a pecuária, que produz ovos e caprinos, não são exatamente fortes nas exportações mas dão conta de abastecer o mercado interno. Além de um amplo setor hidrelétrico e petroleiro, o país também se destaca na mineração com a extração de ouro, diamantes, manganês e bauxita. A indústria ganesa produz alimentos, bebidas, cigarros, remédios, produtos químicos e metalúrgicos, em grande parte para o mercado nacional.

O que você precisa saber sobre a Cultura de Gana

Entre os principais aspectos da cultura ganesa, um em especial ganhou notoriedade de forma jocosa no Brasil: os funerais que, com o objetivo de celebrar a vida, e não a morte, muitas vezes contam com dançarinos carregadores de caixão.

Como podemos imaginar, a cultura do país é extremamente musical e dançarina. Após a independência, a partir dos anos 60, floresceu no país o Highlife, um estilo de música dançante curtido por toda a boêmia de Gana e criado simultaneamente por ganeses, nigerianos e liberianos – o músico nigeriano Fela Kuti é o maior expoente mundial do estilo.

A percussão é a maior paixão musical do país e pode ser tocada com frequência em eventos sociais e festas. Além disso, o país dispõe de uma tecelaria característica chamada kente, amplamente reconhecida mundialmente por suas cores que compõem mosaicos carregados de simbolismo e que podem contar histórias locais.

A seleção de Gana: Os jogadores que vão participar da Copa

As principais armas dos ganeses para passar de fase no disputadíssimo Grupo H da Copa do Mundo serão o volante Thomas Partey, do Arsenal, os irmãos Jordan e Andre Ayew e o atacante Iñaki Williams, do Athletic Bilbao.

Jordan Ayew, um dos mais experientes da equipe com 31 anos, começou a carreira no Olympique de Marselha em 2009 e passou por Sochaux e Lorient, da França, Aston Villa (Inglaterra) e Swansea City (País de Gales), até chegar ao Crystal Palace onde joga atualmente. Pela seleção, já fez 81 jogos e marcou 19 gols desde 2010.

Seu irmão, Andre Ayew, cerca de dois anos mais velho, esteve na campanha de 2010 ao lado astro Gyan. Assim como o irmão, começou no Olympique de Marselha em 2007 e passou por Lorient e Arles Avignon (França), Swansea City (País de Gales), West Ham (Inglaterra) e Fenerbahçe (Turquia), antes de ser transferido para o Al-Sadd, do Catar. Pela seleção de Gana foram 109 jogos e 23 gols.