Os sérvios costumavam fazer parte, até o final dos anos 90, das boas campanhas que a seleção da Iugoslávia frequentemente apresentava em mundiais. Todavia, após a guerra civil desmembrar o antigo país comunista, e depois de 1998, último mundial antes do nome “Seleção da Sérvia” ser adotado, a equipe nunca logrou superar a fase de grupos da Copa do Mundo. Dessa vez, na Copa do Mundo do Catar 2022, a Sérvia chega mais badalada após fazer uma excelente campanha nas Eliminatórias Europeias, mas terá logo na estreia a Seleção Brasileira, o que pode complicar sua vida. De toda maneira, chega ao Grupo G como a mais forte seleção que os brasileiros devem enfrentar.
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O Grupo G, inclusive, é quase igual ao Grupo E da Copa de 2018, na Rússia, que tinha Sérvia, Brasil, Suíça e Costa Rica. Na edição deste ano, sai a Costa Rica e entra a seleção de Camarões.
A Sérvia participou de apenas duas Copas do Mundo utilizando o atual nome e em ambas acabou eliminada na primeira fase. Em 2010, na África do Sul, perdeu para Gana por 1 a 0 e para a Austrália por 2 a 1. A histórica vitória por 1 a 0 contra a Alemanha, com gol de Jovanovic, não foi suficiente e a equipe acabou eliminada precocemente. Em 2018, na Rússia, perdeu na estreia para a Costa Rica por 1 a 0, em seguida para a Suíça por 2 a 1 e fechou a participação perdendo para o Brasil por 2 a 0.
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Em 2006, na Alemanha, a Sérvia se classificou com o nome que o país tinha à época: Sérvia e Montenegro. Nesta ocasião também perdeu os seus três jogos, para Costa do Marfim, Holanda e Argentina.
Entre 1930 e 1998 os Sérvios competiram como Iugoslávia, país do qual a Croácia também formava parte. O país se separou após longa guerra civil nos anos 90. A Croácia se separou primeiro e em seguida foi acompanhada por Eslovênia, Macedônia do Norte e Montenegro.
A Seleção da Iugoslávia chegou às semifinais logo no primeiro mundial, em 1930, disputado no Uruguai. Até 1990, tinha ficado de fora de apenas 6 Copas do Mundo. Entre suas campanhas de destaque está a Copa de 1962 no Chile, quando acabou em quarto lugar e a de 1990 na Itália quando chegou às quartas de final. Na Copa de 1994, nos EUA, a Iugoslávia estava suspensa por conta da guerra civil e em 1998 fez a sua última participação em Copas, já sem a presença da Croácia entre seus jogadores – na ocasião, a Iugoslávia acabou eliminada nas oitavas de final e a Croácia foi a terceira colocada.
Para chegar ao Catar, a Sérvia passou invicta pelo Grupo A das Eliminatórias Europeias, deixando a seleção de Portugal, de Cristiano Ronaldo, em segundo lugar. Os portugueses tiveram que buscar a vaga na repescagem, onde venceram a Turquia por 3 a 1 e em seguida a Macedônia do Norte por 2 a 0. Irlanda, Luxemburgo e Azerbajão eram os outros membros do Grupo A.
A Seleção da Sérvia é a adversária do Brasil na estreia da Copa do Mundo do Catar. A partida válida pela primeira rodada do Grupo G. A partida será jogada na próxima quinta-feira (24), às 16 de Brasília, no estádio de Lusail, a cidade construída especialmente para a Copa. Pela segunda rodada, a Sérvia enfrenta o Camarões na segunda-feira seguinte (28), às 7h, no Al Janoub. E para encerrar sua participação no Grupo G, a Sérvia encara a Suíça no Estádio 974, às 16h de 2 de dezembro (sexta-feira).
O que você precisa saber sobre a política na Sérvia
Localizada no sudeste da Europa e já tendo passado por diversas formações e sistemas políticos, a Sérvia atualmente é uma República parlamentarista, com o poder dividido entre o presidente Aleksandar Vucic, chefe de Estado, e a primeira-ministra Ana Brnabic, chefe de governo. Além deles, a capital Belgrado ainda abriga o parlamento sérvio, seu presidente Stefan Vukovic e o Supremo Tribunal de Justiça.
A Sérvia passou a existir, na condição de um país independente com este nome, em 4 de fevereiro de 2003, quando o parlamento iugoslavo, já desfalcado de Croácia, Eslovênia e Macedônia do Norte, concordou em abandonar o antigo nome e batizar o novo país como Sérvia e Montenegro. Em 2006, com a declaração de independência montenegrina, o passou a chamar-se apenas Sérvia.
Um último problema político resta da fragmentação da Iugoslávia, e é justamente a questão de Kosovo. O pequeno país declarou sua independência da Sérvia em 2008, prontamente reconhecida por diversos países, entre eles os EUA e a França. No entanto, a Sérvia ainda reivindica o território e se apoia no fato de que outros importantes países, como a Rússia e a Espanha, não reconheceram a independência kosovar.
O que você precisa saber sobre a história da Sérvia
O território da Sérvia está localizado nos Bálcãs, uma região geograficamente estratégia do continente europeu, praticamente uma encruzilhada entre a Europa Ocidental, a Europa Oriental de influência russa e a própria Turquia. A região foi conquistada pelo Império Romano no século IV a.c. e, com o fim do império ocidental e o advento da idade média, manteve-se como um reino vassalo do Império Bizantino, ou Império Romano do Oriente. A população sérvia, nessa época, se converteu ao cristianismo bizantino.
Com a conquista da região pelo Império Otomano, a Sérvia esteve sob o seu domínio entre 1459 e 1804. Nesse meio tempo, o Império Austro-Hungaro, do qual os croatas eram vassalos, tentaram invadir a Sérvia por três ocasiões. Além disso, a presença otomana trouxe o Islã para a região. Os que se convertiam ao Islã, passaram a recusar a identidade sérvia adotando o nome “muslimani”, que mais tarde ‘evoluiu’ para “bosníacos”, ou bósnios. É por essa razão que, ao longos dos conflitos dos anos 90 que envolveram a fragmentação da Iugoslávia, víamos no noticiário diversas etnias muçulmanas na região, entre elas os bósnios e albaneses.
Entre 1817 e 1878 a Sérvia aderiu ao Império Austríaco e se tornou um principado autônomo em relação ao império. Em 1878 tornou-se um principado independente até 1882 quando coroou seu rei tornou-se um reino independente, até 1918, quando a Iugoslávia começou a ser formada a partir da junção dos reinos sérvio, croata e esloveno. A fim de estabelecerem melhores comércio e defesa, as nações se uniram em um só país, até que a invasão da Alemanha nazista, em 1941, desmembrasse a união recém forjada.
A resistência iugoslava foi uma das mais destacadas durante o conflitos, expulsando da região tanto nazistas alemães como fascistas italianos, e inclusive auxiliando os partizanos italianos dentro da Itália na derrota do ditador Benito Mussolini.
Com o fim da Segunda Guerra Mundial, o general Josip Broz Tito havia expulsado os invasores nazistas, libertado todas as terras das repúblicas iugoslavas e unificado-as sob um Estado comunista. O ódio entre sérvios e croatas era reprimido. Ao longo da Guerra Fria o país se manteve independente da União Soviética politicamente e, apesar de ser comunista, não era considerado um país satélite. Após a morte de Tito, em 1980, começou o processo de fragmentação da Iugoslávia que desembocou na vitória dos separatistas croatas em plebiscito de 1991.
Após anunciarem sua separação, um enorme conflito se deu com o território croata sendo invadido pelo exército federal iugoslavo, com hegemonia sérvia no comando. A intervenção seria para resguardar as minorias sérvias presentes no território croata, mas acabou se transformando em uma carnificina generalizada. O conflito fratricida se estendeu até 1999, mas a Croácia já era considerada independente desde 1992, com ajuda da intervenção humanitária da ONU. Slobodan Milosevic, presidente sérvio à frente do conflito, morreu antes de seu julgamento por crimes de guerra no Tribunal Penal Internacional ser concluído.
O que você precisa saber sobre a economia da Sérvia
A Sérvia tem pouco menos de 7 milhões de habitantes e um PIB de cerca de 64 bilhões registrado em 2021, que leva a uma renda per capita de aproximadamente 9 mil dólares. É considerado um país pobre da Europa, apresenta pobreza na sociedade e tem um Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) de 0,802, considerado médio para os padrões globais e baixo para o padrão europeu.
A Sérvia se destacou, ainda sob o manto da Iugoslávia, como um forte polo industrial. No entanto, boa parte da infraestrutura foi sucateada pela guerra de desmembramento da Iugoslávia. Mesmo com uma tímida recuperação econômica nos últimos 20 anos, as taxas de desemprego ainda s??o altas. O país tenta reconstruir sua indústria, além de dispor de forte agricultura e setores de serviços, bancário e financeiro.
O que você precisa saber sobre a Cultura da Sérvia
A Sérvia é um dos países mais diversos culturalmente da Europa. Ao longo da história conviveu com diferentes religiões, idiomas, povos; dos impérios romano e bizantino, ao otomano e austríaco. A maioria dos sérvios são cristãos ortodoxos por influência do Império Bizantino, ao contrário dos croatas, que são católicos. Além disso, o idioma sérvio pode usar tanto o alfabeto cirílico como o latino – outro traço da mescla entre ocidente e oriente.
Na música, o artista sérvio-bósnio Goran Bregovic é quem melhor retrata internacionalmente essa diversidade. Misturando sonoridades modernas pop com ritmos ciganos e balcânicos de diversas regiões da antiga Iugoslávia, ficou famoso sendo o líder da banda Bijelo Dugme e como compositor de trilhas sonoras para o cineasta Emir Kusturica. Além dele, é muito interessante a história da Rádio B92, de Sarajevo, que noticiou a Guerra dos Bálcãs de forma crítica, contrária aos nacionalismos dominantes na região, e nos intervalos tocava rock’n roll iugoslavo e ocidental. Sua história está documentada em livro publicado no Brasil em português.
A seleção da Sérvia: Os jogadores que vão participar da Copa
Com as memórias das campanhas da Seleção da Iugoslávia em 1962, no Chile, e em 1990, na Itália, mas sem jamais ter superado a fase de grupos com o novo nome, o técnico Dragan Stojkovic aposta no grupo que foi um verdadeiro leão nas eliminatórias.
Entre os principais destaques da Sérvia está o atacante Dusan Vlahovic, canhoto de 22 anos e 1,90m de altura que já marcou 8 gols em 16 jogos pela seleção. Vlahovic nasceu na capital Belgrado e dada sua altura, força física e precisão nas finalizações, ganhou o apelido de “Ibrahimovic sérvio”. Ele começou sua carreira no Partizan de Belgrado, um dos maiores clubes do país ao lado do arquirrival Estrela Vermelha. Entre 2018 e 2022 esteve na Fiorentina, onde fez boas temporadas e marcou 49 jogos em 108 jogos. Está na Juventus desde o início da atual temporada e até outubro havia marcado 15 gols em 31 jogos. O atacante vive seu melhor momento, é bom que a defesa brasileira esteja ligada.
Além de Vlahovic, também se destacam os atacantes Aleksandar Mitrovic, do Fulham, e Dusan Tadic, do Ajax, além do goleiro Vanja Milinkovic-Savic, atualmente no Torino.