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Seleção da Arábia Saudita vai a Copa do Mundo do Catar 2022 apenas com jogadores da própria liga

Sauditas terão pela frente Argentina, México e Dinamarca, o que limita suas possibilidades de passar de fase; saiba tudo sobre a Arábia Saudita

Firas Al-Buraikan é a principal revelação da seleção da Arábia Saudita.Firas Al-Buraikan, a principal revelação da seleção da Arábia Saudita, comemora gol contra o Japão pelas Eliminatórias da Ásia.Créditos: Reprodução/Twitter@Saudi_Gazette
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A Seleção da Arábia Saudita chega à Copa do Mundo do Catar 2022 como o azarão do Grupo C e terá uma vida muito difícil para superar Argentina, México e Polônia. Sobretudo por não contar com jogadores que atuam no futebol europeu e por ser uma equipe que acaba de passar por uma renovação geracional. Todos os jogadores convocados jogam na liga local.

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Os sucessos da seleção da Arábia Saudita se limitam ao futebol asiático. A seleção foi campeã três vezes da Copa da Ásia, em 1984, 1988 e 1996, além de já ter vencido duas vezes Copa das Nações Árabes, em 1998 e 2002. Em 1989 foi campeã mundial Sub-17.

Com pouca tradição no futebol internacional, a seleção da Arábia Saudita participou da sua primeira Copa do Mundo em 1994, nos Estados Unidos, quando passou da fase de grupos e acabou eliminada nas oitavas de final. Nos demais mundiais que esteve presente a Arábia Saudita acabou eliminada na primeira fase em 1998 na França, em 2002 na Coreia do Sul e Japão, em 2006 na Alemanha e em 2018 na Rússia.

Os sauditas terminaram em primeiro lugar no Grupo B das Eliminatórias da Ásia com 23 pontos em 10 jogos e se classificou, junto com Japão, Coreia do Sul e Irã, para o mundial. Na repescagem, a Austrália venceu os Emirados Árabes e também se classificou.

A Arábia Saudita estreia contra a Argentina na Copa do Mundo do Catar no próximo dia 22 de novembro (terça-feira), às 7h no horário de Brasília, no estádio Lusail. O segundo encontro dos sauditas pelo Grupo C será contra a Polônia no sábado (26), às 10h, no estádio Cidade da Educação. Já no confronto derradeiro válido pela primeira fase do mundial, a seleção da Arábia Saudita joga contra o México, em 30 de novembro (quarta-feira), às 16h no estádio Lusail.

O que você precisa saber sobre a política na Arábia Saudita

O Reino da Arábia Saudita é uma monarquia absolutista islâmica wahabita que controla a maior parte do território da Península Arábica com a dinastia da família de Saud à cabeça. Seu rei, Salman bin Abdulaziz Al Saud tem, além de rei, o título de “Guardião dos Lugares Santos”. A importante cidade de Meca, de onde o profeta Maomé teve de fugir para fundar o Islã, fica no território do país – e além de Meca, também a cidade sagrada de Medina está dentro do território. A capital, onde está baseada a Casa de Saud, é a cidade de Riad.

Além do Catar, país-sede da Copa do Mundo deste ano, os sauditas ainda fazem fronteira com Jordânia, Iraque, Cuaite, Omã, Emirados Árabes Unidos e Iêmen. Este último país sofre uma das maiores crises humanitárias do planeta graça a 8 anos de um conflito absolutamente desigual liderado pelos sauditas que já deixou mais de 230 mil mortos, além de ameaçar dezenas de milhões de pessoas com a fome e a insegurança alimentar. Por ser um país que mantém boas relações comerciais com os Estados Unidos, pouco se fala sobre os crimes sauditas no Iêmen.

Assim como outras monarquias absolutistas de corte religioso, o respeito aos direitos humanos e a liberdades civis, sobretudo das mulheres, não são marcas da Arábia Saudita. O país recebe diversas críticas de organismos internacionais de direitos humanos e, recentemente, o príncipe-herdeiro Mohamed bin Salman foi acusado de ser o mandante do assassinato do jornalista investigativo saudita Jamal Al-Khashoggi, que denunciava corrupção e desrespeito aos direitos humanos perpetrados pela monarquia no país. Khashoggi foi covardemente assinado em outubro de 2018 nas dependências de um consulado saudita na Turquia e teve o corpo esquartejado por funcionários da monarquia.

O que você precisa saber sobre a história da Arábia Saudita

O Reino da Arábia Saudita começou a ser formado em 1902, quando Abd al-Aziz al Saud, seu fundador, capturou a cidade de Riad, localização ancestral da sua nobre família. A partir daí foi expandindo os territórios até 1932, quando o país acabou fundado oficialmente. Desde então, o território é governado pela família Saud.

O que você precisa saber sobre a economia da Arábia Saudita

A Arábia Saudita tem a segunda maior reserva de petróleo e a sexta de gás natural do mundo. Como a maior exportadora do mundo de petróleo, o setor compõe metade do PIB do país além de mais de 75% do orçamento do governo e 90% das exportações. Além do petróleo, também há o serviço público e logicamente o turismo religioso, uma vez que diversas correntes do islamismo recomendam visitas anuais às cidades sagradas.

O PIB saudita foi de 834 bilhões de dólares em 2021 e, com uma população de aproximadamente 35 milhões de habitantes e a renda per capita de quase 26 mil dólares. O Índice de Desenvolvimento Humano Saudita é considerado alto e está na casa do 0,875. No entanto, os números não se expressam na realidade da maioria da população e até mesmo os relatos da existência da pobreza no país são ferozmente censurados pela monarquia. Em 2011 os jornalistas sauditas Feras Boqna, Hussam al-Drewesh e Khaled al-Rasheed foram presos após publicarem vídeos no YouTube com depoimentos de sauditas que vivem em miséria.

O que você precisa saber sobre a Cultura da Arábia Saudita

Quase a totalidade da população saudita é muçulmana, e sua corrente sunita é a oficial no país. O idioma falado é o árabe e a lei pela qual o monarca deve se submeter para governar o país é a Charia. Culturalmente, a Arábia Saudita é influenciada até os dias atuais pela cultura árabe tribal, reforçada pela escola wahabita que interpreta o Islã de uma maneira extremamente puritana.

Essa forma de interpretação da religião surgiu no século XVIII e de acordo com jornalistas de guerra experientes como o britânico Patrick Cockburn, são as escolas wahabistas da Arábia Saudita que espalham pelo “mundo árabe” a sua versão da “extrema-direita”, identificada nos fundamentalismos sunitas que desdobram invariavelmente para regimes brutais e autoritários. Um dos grupos apontados por Cockburn em sua obra como influenciados pelo wahabismo é o próprio ISIS-Daesh, que entre 2014 e 2016 esteve nas capas dos jornais de todo o planeta cometendo inúmeras atrocidades em nome de um "novo Califado".

O país não possui partidos políticos, sindicatos e a vida pública é marcada pelo cumprimento das orações. No entanto, esse código moral rígido e punível com castigos físicos e até a pena de morte, é claro que não é autoaplicado pela família real.

A seleção da Arábia Saudita: Os jogadores que vão participar da Copa

Enfrentando seleções mais técnicas e experientes como Argentina, México e Polônia, a Arábia Saudita terá muitas dificuldades para passar pelo Grupo C e é cotada para ser a pior colocada. No entanto, é digno de nota as diversas participações em Copa do Mundo que a seleção obteve a partir de 1994 utilizando apenas jogadores da sua própria liga.

Neste ano, a maioria dos jogadores que entrarão em campo no vizinho Catar são jogadores do do Al Hilal, o maior clube do país, que disputou o último Mundial de Clubes da FIFA, tendo perdido na semifinal para o Chelsea da Inglaterra. Também estão presentes jogadores do Al Nassr, Al Shabab, Al Ittihad Jeddah, Abha Club e Al Fateh.

Entre os principais jogadores destacam-se os experientes Salman Al-Faraj e Salem Al-Dossary, ambos meio campistas do Al Hilal. A principal revelação da Arábia Saudita nessa Copa do Mundo é o atacante canhoto Firas Al-Buraikan, de 22 anos que atua pelo Al Fateh e nesta temporada 2022-23, iniciada no segundo semestre, já marcou 4 gols e ofereceu uma assistência em 8 jogos, segundo dados do transfermarkt.