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Seleção da Inglaterra vai ao Catar em busca do inédito bicampeonato da Copa do Mundo

Quarta colocada na Copa do Mundo da Rússia, em 2018, a seleção inglesa passou tranquilamente pelo Grupo I das eliminatórias europeias e aposta nos gols de Harry Kane para faturar a taça; saiba tudo sobre a Inglaterra

Harry Kane, atacante do Tottenham e da Seleção da Inglaterra.Harry Kane, atacante do Tottenham e da Seleção da Inglaterra, promete usar faixa de capitão nas cores da bandeira LGBTQIA+ durante a Copa do Mundo do Catar 2022.Créditos: Reprodução / Twitter
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A Seleção da Inglaterra comandada pelo técnico e ex-jogador Gareth Southgate é uma das seleções que se apresenta mais forte para a Copa do Mundo do Catar 2022 ao lado de Brasil, França e Argentina. Qualquer crítico a aponta como a provável líder do Grupo B, que conta com Irã, Estados Unidos e País de Gales, o que a colocaria, caso concretizada a previsão, a quatro jogos de um inédito bicampeonato da Copa do Mundo. O único título inglês foi conquistado em 1966. quando jogou em casa.

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A Inglaterra estreou no mundial de 1966 com um empate sem gols diante do Uruguai, mas venceu as partidas seguintes por 2 a 0 sobre o México e França. O atacante Roger Hurst marcou três gols e o ídolo máximo do futebol inglês Bobby Charlton marcou um dos gols. Nas quartas de final bateu a Argentina por 1 a 0 com novo gol de Hurst e nas semifinais venceu a seleção de Portugal por 2 a 1, com os dois gols marcados por Bobby Charlton – o gol português foi marcado pelo craque Eusébio. O único título inglês veio em 28 de julho de 1966 em Wembley, após um empate em 2 a 2 no tempo normal contra a Alemanha Ocidental, e mais dois gols de Hurst na prorrogação que deram contornos finais ao placar: 4 a 2.

Em outras participações, a Inglaterra acabou eliminada na fase de grupos no Brasil (1950), Suécia (1958) e novamente no Brasil (2014). Na Espanha (1982), na França (1998) e na África do Sul (2010) foi eliminada nas oitavas de final e em outras sete oportunidades caiu nas quartas de final: Suíça (1954), Chile (1962), México (1970), novamente no México (1986), Coreia do Sul e Japão (2002) e Alemanha (2006). Na Copa da Itália (1990) e na Rússia (2018) a Inglaterra chegou às semifinais, mas amargou o quarto lugar.

Quarta colocada na Copa do Mundo da Rússia, em 2018, a seleção inglesa passou tranquilamente pelo Grupo I das eliminatórias europeias, liderando-o ao final com 26 pontos em 10 partidas. Dessa forma se classificou para a Copa do Mundo do Catar, em 2022, sem grandes problemas. Sua estreia no mundial ocorre em 21 de novembro (segunda-feira) contra o Irã, no estádio Internacional Khalifa, às 10h de Brasília. Na sexta-feira (25), a Inglaterra enfrenta os Estados Unidos no estádio Al Bayt, às 16h, e na terça-feira seguinte (29) encerra a participação no Grupo B contra o vizinho País de Gales, no estádio Ahmad bin Ali, às 16h.

O que você precisa saber sobre a política na Inglaterra

A Inglaterra, como todo o Reino Unido, é governada por uma monarquia parlamentarista, em que o recém coroado Rei Charles III, sucessor da Rainha Elizabeth II, cumpre um papel quase que diplomático, enquanto o primeiro-ministro assume as funções executivas. Junto com Escócia e País de Gales, a Inglaterra forma parte da Grã-Bretanha; e somando a Grã-Bretanha com a Irlanda do Norte e o restante dos territórios sob a bandeira britânica, é possível delimitar as fronteiras do Reino Unido.

O atual primeiro-ministro Rishi Sunak é um político conservador oriundo da comunidade indiana do país. Ele assumiu após a ex-primeira-ministra Liz Truss renunciar apenas 45 dias depois de tomar posse por conta do anúncio do aumento das taxas sobre a classe trabalhadora inglesa que obviamente não pegou bem com a opinião pública. Em uma piada que ficou muito popular na internet, os ingleses dizem que Liz Truss durou menos do que um alface. Truss, por sua vez, substituiu o primeiro-ministro anterior, Boris Johnson, identificado com a extrema-direita e que acabou renunciando após um escândalo ir a público a respeito das suas festas regadas a álcool no palácio em meio às restrições que o governo impunha à população em 2020, durante o auge da pandemia.

O que você precisa saber sobre a história da Inglaterra

O território onde hoje é a Inglaterra era habitado por tribos célticas e bretãs antes da chegada do Império Romano ao local no 43 d.c. Quatro séculos depois, com o fim do Império, os romanos deixaram oficialmente o território, abrindo o caminho para invasões nórdicas e saxãs que foram dando contornos finais ao território dos reinos que mais tarde se juntariam para formar a Inglaterra, além de consolidarem a cristianização do país, semeada pelos últimos tempos romanos. Ao longo da idade média, diversas guerras internas entre reis e senhores feudais das diferentes regiões resultou na unificação da Inglaterra no século XV.

Menos de cem anos depois a Inglaterra já começava o seu processo de colonização em diversas regiões do planeta. Países como Estados Unidos, Canadá, Índia, Paquistão, Austrália, África do Sul, entre inúmeros outros, estiveram sob o domínio imperial inglês a partir do século XVI. No século seguinte houve uma guerra civil na Inglaterra entre tropas leais ao Rei Carlos I e tropas leais do Parlamento. Vitoriosos, os parlamentares declaram Oliver Cromwell como “Lorde protetor da Inglaterra” em 1653. É verdade que após a morte Cromwell a monarquia voltou, mas nunca mais foi a mesma. Desde então diversos mecanismos foram criados para limitar o poder de fato da família real.

Nos dois séculos seguintes, além de manter-se como potência naval e colonial, a Inglaterra também desenvolveu em seu território o que hoje se conhece como “indústria” e promoveu uma revolução dentro do capitalismo, levando do estágio comercial ao estágio industrial e transformando toda a cadeia produtiva global, bem como as relações de trabalho. Londres tornou-se então a maior cidade da Europa e a capital econômica do continente europeu, posto que ocupa até os dias de hoje. No século XX perdeu o protagonismo global para os Estados Unidos, sobretudo após a Segunda Guerra Mundial, mas se manteve como um dos países mais ricos e militarmente equipados do planeta, além de manter uma forte indústria cultural.

O que você precisa saber sobre a economia da Inglaterra

Com quase 70 milhões de habitantes segundo dados de 2021, a Inglaterra conta com um PIB de 2,8 trilhões de dólares, um dos maiores do planeta, atrás apenas de Alemanha, Estados Unidos e Japão entre os países que participam da Copa do Mundo do Catar. Além deles, a quinta economia do mundo fica atrás apenas da China.

Apesar de haver adotado políticas de livre mercado e economia mista, o Estado inglês mantém uma infraestrutura pública, sobretudo de saúde e educação bastante avançadas, e promove políticas públicas sociais para auxiliar as populações mais vulneráveis do seu território. A moeda oficial inglesa é a libra esterlina, uma das mais valorizadas do mundo. Seu uso não caiu nem mesmo quando o país ainda fazia parte da União Europeia.

Os setores mais fortes da economia inglesa são a indústria química, farmacêutica, aeroespacial, bélica e de software. O país pauta sua economia em cima da ciência e tecnologia. Além disso, também tem a maior Bolsa de Valores da Europa, localizada na capital Londres, que também é o principal centro financeiro europeu. Os sistemas bancários e financeiro compõem uma fatia importante da economia inglesa.

O que você precisa saber sobre a Cultura da Inglaterra

A Inglaterra é conhecida mundialmente por diversos aspectos da sua cultura. A começar pela arquitetura e arqueologia que englobam diversos períodos históricos: dos diversos monumentos antigos de pedra, como o famoso Stonehenge, para das construções do período romano e castelos medievais, até os dias atuais, passando, é claro, pela sofisticação do período vitoriano.

O folclore inglês tem os seus próprios contos e seres mágicos. Figuras como anões, duendes, elfos, magos, entre outras, são muito exploradas no cinema contemporâneo em obras de fantasia, sobretudo nas séries Game of Thrones e House of Dragon, inspiradas nos livros de George R. R. Martin, além dos filmes e séries inspirados na obra de JRR Tolkien, como a recente série Anéis de Poder, e a trilogia Senhor dos Anéis. Para além dos seres mágicos e folclóricos, outro personagem importante de tempos passados é Robin Hood, o arqueiro que roubava os senhores feudais ingleses e devolvia a riqueza para os plebeus. Nas histórias, ele vivia na floresta que dá nome a um dos clubes da Premier League: Nottingham Forest, onde jogará Gustavo Scarpa, do Palmeiras, na próxima temporada.

Em termos de literatura o principal expoente inglês é o autor William Shakespeare, responsável por organizar a língua inglesa moderno no século XVI. Entre suas principais obras estão Hamlet, Romeu e Julieta – que ganhou versão brasileira envolvendo o clássico entre Corinthians e Palmeiras -, Macbeth e Sonho de Uma Noite de Verão. As obras de Shakespeare ainda hoje são consideradas clássicos. Entre os filósofos ingleses vinculados ao iluminismo destacam-se John Locke, Thomas Paine e Jeremy Bentham.

A Inglaterra é também o lar de importantes bandas de rock’n roll como os Beattles e os Rolling Stones. Na sequência do seu sucesso nos anos 60, uma verdadeira constelação de bandas escutadas até os dias de hoje começou a surgir na década seguinte: Led Zeppelin, Pink Floyd, The Who, Queen, Elton John e Rod Steward são algumas delas. Com o esgotamento dessa segunda geração surgiram também os ritmos alternativos do rock no país, como o rock progressivo, hard rock, glam rock, heavy metal e punk rock.

Além do rock’n roll, a Inglaterra também tem uma grande produção cinematográfica, com destaque para as comédias que popularizaram talvez a melhor face dos ingleses para o mundo: seu bom humor. O principal expoente internacional do humor britânico é o grupo Monty Python, que produziu uma série de filmes e esquetes satirizando aspectos religiosos, sociais e até mesmo folclóricos dos ingleses. Seus filmes mais conhecidos no Brasil são A Vida de Brian (1979), o Sentido da Vida (1983) e Em Busca do Cálice Sagrado (1975).

A seleção da Inglaterra: Os jogadores que vão participar da Copa

Para buscar a sua segunda Copa do Mundo, a Inglaterra não dispõe exatamente de um esquadrão recheado de craques, mas o técnico Gareth Southgate conseguiu bons resultados nos últimos encontros internacionais da seleção, sobretudo o quarto lugar na última Copa do Mundo e o vice campeonato na Euro 2020, perdida para a Itália que não se classificou para o Catar. Para atingir o resultado, a seleção inglesa mantém um time muito disciplinado taticamente e com o físico em dia. Entre os jogadores convocados, destacam-se o atacante Harry Kane, do Tottenham, e os laterais-direitos Ben White, do Arsenal, e Kieran Trippier, do Newscastle.

O excelente atacante Harry Kane nasceu em 28 de julho de 1993 em Walthamstow e está vinculado ao Tottenham, de Londres, desde o início da sua carreira profissional em 2009. Esteve emprestado para equipes de menos expressão como o Leyton Orient, Millwall, Norwich City e Leicester, mas desde 2013 atua exclusivamente pelo Tottenham. É bem verdade que não ganhou títulos, afinal sua equipe mantém uma ‘fila’, no jargão brasileiro, que dura décadas. Mas o vice-campeonato da Champions League em 2019 e os seus 254 gols em 394 partidas pela equipe não deixam dúvidas sobre Kane ser a principal esperança inglesa de gols no mundial. Ele deve utilizar uma faixa de capitão nas cores da bandeira LGBTQIA+ em protesto às políticas do Catar que criminalizam o grupo social.

Além de Harry Kane, a seleção inglesa dispõe de dois dos melhores laterais-direitos da Copa do Mundo. Ben White, do Arsenal, faz parte do elenco que conta com os brasileiros Gabriel Jesus e Martinelli e atualmente lidera a Premier League. O Arsenal de hoje encanta seus torcedores que a mais de década não viam os 'gunners' no topo. Kieran Trippier, do Newscastle United, é outro jogador que participa de um elenco de qualidade que tem dado alegrias aos torcedores do “time do norte”, também distantes de bons resultados havia muitos anos.

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