FÓRUM NA COPA

Seleção do Equador chega discreta à Copa do Mundo do Catar 2022 para jogo de abertura contra donos da casa

A principal expectativa dos torcedores equatorianos é ver sua seleção chegar à segunda fase e superar a campanha de 2006 quando caiu nas oitavas de final; saiba tudo sobre o Equador

Pivô da polêmica que poderia ter desclassificado o Equador, Byron Castillo foi considerado o melhor lateral-direito da América do Sul em 2021 atuando pelo Barcelona de Guayaquill.Créditos: Franklin Jacome/Getty Images
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Discreta, a Seleção do Equador chega à Copa do Mundo do Catar chamando atenção apenas pelo fato de que estreia na abertura do mundial contra os donos da casa, o Catar. E dada a discrepância técnica da seleção catari em relação às demais, é bem provável que o Equador vença essa partida. No entanto, o quarto colocado das eliminatórias sul-americanas, que deixou Chile e Colômbia de fora da Copa, não empolga a crítica e brigará com as boas seleções de Holanda e Senegal por uma vaga nas oitavas de final.

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O Equador quase perdeu a vaga no mundial após as federações do Chile e do Peru entrarem com denúncia na Justiça Desportiva por conta de informações falsas na inscrição do lateral-direito Byron Castillo, do Barcelona de Guayaquill e eleito o melhor da posição na América do Sul em 2021. Castillo supostamente teria nascido na Colômbia, mas após idas e vindas nos tribunais da FIFA, a classificação equatoriana acabou mantida.

Este é o quarto mundial com a presença dos equatorianos. Em 2002, no Japão e Coreia do Sul, e em 2014, no Brasil, o Equador acabou ficando na primeira fase. Na primeira participação, em 2002, perdeu para México e Itália. A vitória contra a Croácia não foi suficiente para a classificação. Já no mundial do Brasil, perdeu uma partida para a Suíça por 2 a 1, empatou com a França em 0 a 0, e venceu Honduras por 2 a 1. Ainda assim não conseguiu se classificar.

Sua melhor participação em Copas do Mundo foi na Alemanha, em 2006, quando venceu a Polônia por 2 a 0 e a Costa Rica por 3 a 0, tendo perdido apenas para os donos da casa. Nas oitavas de final o Equador acabou eliminado pela Inglaterra após derrota por 1 a 0.

O Equador duela contra o dono da casa, Catar, na partida de abertura da Copa do Mundo, no próximo dia 20 de novembro, às 13h de Brasília, no estádio Al-Bayt. Na segunda rodada enfrenta a Holanda no estádio Internacional Khalifa, às 13h de 25 de novembro. Quatro dias depois (29) encerra sua participação na primeira fase no mesmo estádio contra a seleção de Senegal, às 12h.

O que você precisa saber sobre a política no Equador

O Equador está organizado como uma República presidencialista unitária e, segundo a Constituição de 1979, advinda após período de ditadura militar, o presidente e o vice-presidente do país passaram a ser eleitos por voto popular direto para mandatos de quatro anos - a democracia foi mantida na nova Constituição, datada de 2008. O país é dividido em 24 províncias sendo Pichincha a província onde está a capital Quito, no norte do país. As províncias, por sua vez, estão divididas em 219 cantões, e os cantões em paróquias, classificadas como urbanas e rurais.

Atualmente o país é governado pelo banqueiro Guillermo Lasso e vive um período de fortes instabilidades causadas pela insatisfação popular com os ajustes de caráter neoliberal que o novo presidente propôs para o país. Entre junho e julho deste ano o país viveu 19 dias de intensas mobilizações populares com brutal repressão policial e quatro ministros que renunciaram ao governo. Para acalmar a ira popular, sobretudo dos setores camponeses e indígenas, foi feito um acordo que obriga o governo a baixar os preços dos combustíveis e controlar a mineração em terras indígenas, entre outros 8 pontos propostos por organizações sociais, especialmente o movimento indígena liderado pela CONAIE (Confederação de Nacionalidades Indígenas do Equador).

Os ajustes do período anterior, com Lenin Moreno à frente do país, somados aos da atual gestão, fizeram ficar para trás alguns avanços do período em que o progressista Rafael Correa esteve na presidência e o país viveu um crescimento econômico sem precedentes. As condições de vida do povo equatoriano vivem ameaças constantes de tornarem-se cada vez mais precárias com as novas políticas, o que gera uma forte instabilidade social no país ainda que a democracia eleitoral esteja aparentemente consolidada.

O que você precisa saber sobre a história do Equador

Onde hoje é o Equador, diversos grupos indígenas viviam de forma independente e eventualmente formavam confederações, como a chamada Confederação de Quito. Essa descentralização política durou até o século XV quando após uma intensa e sangrenta invasão o Império Inca tomou a cidade que hoje é a capital do país e a transformou em um potente centro.

Mas em 1531 os espanhóis desembarcaram no território, durante a Guerra Civil Inca, e liderados por Francisco Pizarro iniciaram uma guerra de colonização marcada por uma série de massacres. Após a conquista do território, populações foram enviadas ao trabalho forçado e uma parte considerável acabou dizimada por doenças trazidas pelos europeus. Séculos mais tarde, o Equador passou por um processo de independência liderado por “crioulos” – os filhos dos colonizadores espanhóis que haviam nascido no território – e que estava interligado com processos da mesma natureza em toda a América Hispânica.

Em 1822 homens equatorianos venceram as tropas monarquistas, expulsaram os espanhóis e se juntaram à Grã-Colômbia dois anos depois, fundada por Simón Bolívar e que continha territórios de onde hoje estão Colômbia, Panamá e Venezuela. O Equador foi se separar em 13 de maio de 1830 com o colapso do país original. O país viveu um período de muita instabilidade política ao longo do século XIX e nas quatro primeiras décadas do século XX perdeu territórios em uma série de conflitos com países vizinhos, entre eles o Peru.

Após a Segunda Guerra Mundial o país sofreu algumas “intervenções militares” em paralelo ao descobrimento de petróleo no seu território. Em 1972 o Equador acabou acometido por um golpe militar, seguindo a linha do tempo continental, e teve a democracia restaurada em 1979. No ano 2000 uma junta militar assumiu o comando do país em meio a uma enorme onda de protestos de povos indígenas e camponeses contra a extinção da moeda “sucre” e a dolarização da economia que atingia com força as camadas mais pobres.

Três anos depois o coronel aposentado Lucio Gutierrez assumiu a presidência, mas acabou deixando o cargo dois anos depois por carecer de apoio das Forças Armadas. Seu vice, Alfredo Palacio, assumiu o país prometendo eleições em 2007. Na ocasião, o progressista Rafael Correa foi o vencedor e governou o país por cerca de 10 anos até entregar o poder ao ex-aliado Lenin Moreno. Atualmente o país é presidido pelo banqueiro Guillermo Lasso, cujas políticas econômicas e sociais causaram uma enorme revolta camponesa e indígena em 2022. Nos anos correistas foi feita uma nova Constituição, em 2008, que reconheceu os direitos dos povos indígenas e o caráter plurinacional do Equador.

O que você precisa saber sobre a economia do Equador

Com uma população de aproximadamente 16 milhões de habitantes segundo dados de 2016, o Equador apresenta um PIB em torno de 180 bilhões de dólares e renda per capita de 11 mil dólares. O índice de desenvolvimento humano (IDH) é considerado alto e apresentou a cifra de 0,74 no ano passado.

A economia do Equador é liderada pela indústria do petróleo que representa 40% das exportações do país. O setor agrícola vem na sequência, sobretudo a produção de bananas, produto do qual o país lidera o ranking mundial de exportação, além de ser o sétimo maior produtor de cacau do planeta. A pesca de crustáceos representa 17% da exportações equatorianas na balança comercial.

Já a indústria equatoriana é direcionada ao mercado interno e se concentra nas maiores cidades do país: a capital Quito e a cidade costeira de Guayaquill, onde foi realizada a final da Copa Libertadores da América entre Flamengo e Athlético Paranaense no último dia 29 de outubro.

O que você precisa saber sobre a Cultura do Equador

O Equador tem uma cultura marcadamente indígena com fortes influências do que se convencionou chamar de “crioulo”, ou seja, os descendentes de espanhóis que nasciam na terra. Em alguns lugares, sobretudo próximo do litoral ou em áreas amazônicas próximas da fronteira com a Colômbia, há também influência da cultura afro-equatoriana nos costumes, religião e música locais.

O espanhol é o idioma oficial do país e é falado como primeira língua por 90% da população. Cerca de 8% da população fala espanhol como segunda língua e 2% falam apenas idiomas indígenas. Entre os idiomas indígenas mais falados está o quechua, também presente no Peru e na Bolívia. A influência indígena também é vista na literatura equatoriana. Seu primeiro escritor registrado na história, Jacinto Collahuazo, era um líder indígena que aprendeu a ler e escrever em espanhol. No entanto, utilizou o alfabeto aprendido para escrever a obra em quechua. À época o alfabeto próprio do quechua, chamado quipu, havia sido proibido pela colonização.

A seleção do Equador: Os jogadores que vão participar da Copa

A principal expectativa dos torcedores equatorianos é ver sua seleção chegar à segunda fase. Para isso dispõe de um plantel bastante humilde com jogadores que em sua maioria atuam no próprio futebol equatoriano, em equipes como Emelec, Barcelona de Guayaquill, Independiente Del Valle e Liga Deportiva Universitária (LDU), além de jogadores que atuam no México e na Argentina. Entre eles destaca-se o lateral-direito Byron Castillo.

Os destaques 'estrangeiros' ficam por conta do zagueiro Piero Hincapié, que joga no Bayer Leverkusen da Alemanha, do lateral-esquerdo Pervis Estupiñan e do meia Moisés Caicedo, ambos do Brighton & Hove Albion, da Inglaterra.

O atacante Enner Valencia do Fenerbahce (Turquia), o ponta-direita Gonzalo Plata do Valladolid (Espanha) e o meia José Cifuentes, do Los Angeles FC (EUA) são outros destaques do elenco.