FÓRUM NA COPA

Seleção da Holanda chega ao Catar em busca de título inédito da Copa do Mundo após bater na trave por três vezes

Holandeses são favoritos a terminar a primeira fase na liderança do grupo e contam, além do futebol, com uma economia forte e uma população que se declara sem religião; saiba tudo sobre a Holanda

Memphis Depay em ação pela seleção da Holanda.Créditos: Dean Mouhtaropoulos/Getty Images
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A Seleção da Holanda chega a Copa do Mundo de 2022 no Catar como a principal favorita a terminar a primeira fase na liderança do seu grupo que contra com os donos da casa, o Equador e o Senegal. Comandada pelo técnico Louis van Gaal, a seleção holandesa marcou 33 gols nas eliminatórias europeias e teve o terceiro melhor ataque da seletiva, terminando em primeiro lugar no Grupo G com 23 pontos. As principais esperanças da equipe laranja são o atacante Memphis Depay que foi o artilheiro das eliminatórias com 12 gols e o meia Davy Klaassen, líder em assistências da seleção.

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A Holanda participará da sua décima Copa do Mundo. Nas duas primeiras, em 1934 e 1938, os holandeses acabaram eliminados nas oitavas de final e só voltariam ao mundial nos anos 70, quando encantaram o mundo com o chamado “Carrossel Holandês” ou “Laranja Mecânica” no mundial de 1974. Na ocasião o time comandado pelo técnico Rinus Michels e pelo craque Johan Cruyff venceu cinco partidas, empatou uma, e perdeu apenas a final para a campeã e anfitriã, Alemanha Ocidental.

O excelente futebol jogado pelos holandeses fez escola e ganhou o mundo, mas não foi suficiente para vencer o mundial também na Copa do Mundo seguinte, de 1978, na Argentina, onde novamente perderam as finais para os donos da casa.

Na Copa de 1990 voltaram a perder para a Alemanha nas oitavas de final e em 1994 e 1998 acabaram eliminados pelo Brasil, nas quartas e semifinais, respectivamente. Ambos duelos com o Brasil foram emocionantes e entraram para os principais jogos de nosso país em copas. Em 1994 o Brasil abriu o placar com Romário e Bebeto, mas viu os holandeses empatarem. O gol de desempate veio de falta, após um petardo do lateral-esquerdo Branco. Em 1998, as seleções empataram com gols do Ronaldo Fenômeno e Patrick Kluivert. Nos pênaltis o goleiro Taffarel brilhou e o Brasil foi para a final.

Após ficar de fora da Copa de 2002, a Holanda voltou ao mundial em 2006, mas acabou caindo nas oitavas de final. Em 2010, na África do Sul repetiu suas melhores campanhas e terminou como vice-campeã, perdendo a final para a Espanha na prorrogação com gol de Iniesta. Em 2014 terminou em terceiro lugar, batendo o Brasil na disputa pela posição, após ser eliminada pela Argentina nas semi-finais.

A Holanda não se classificou para a última Copa do Mundo realizada na Rússia em 2018, e agora chega ao Catar buscando seu primeiro título. A classificação foi tranquila, passou em primeiro lugar, com 23 pontos, no Grupo G das eliminatórias europeias, onde disputou a vaga com Turquia, Montenegro e a Noruega do craque Haaland, do Manchester City (Inglaterra). Apesar de não ser uma das seleções favoritas, ainda é considerada forte e, se engrenar, pode brigar pelo título.

A Holanda estreia contra a seleção de Senegal no próximo dia 21 de novembro (segunda) no estádio Al Bayt em Al Khor. A segunda partida da Copa da Mundo será transmitida às 13 horas de Brasília. Na sexta-feira seguinte (25) os holandeses vão ao estádio Internacional Khalifa para jogar contra o Equador às 13h. Favorita para encerrar a primeira fase na liderança do grupo, a Holanda encara o Catar em 29 de novembro (terça), às 12h, no estádio Al Bayt.

O que você precisa saber sobre a política na Holanda

O sistema político holandês é uma monarquia constitucional parlamentarista unitária, ou seja, o país é governado em parceria entre família real holandesa e o parlamento, além de concentrar poder na capital Amsterdam e em Haia, onde está a sede do governo. Atualmente o monarca holandês é o Rei Guilherme Alexandre, coroado em 30 de abril de 2013. Já o primeiro-ministro é Mark Rutte, político liberal do Partido Popular para a Liberdade e Democracia e ex-executivo da Unilever. Ele ocupa o cargo desde 2010.

Membro fundador da União Europeia, da OTAN, da OCDE e da OMC, a Holanda é também conhecida por ter valores tradicionais identificados com a tolerância social e a liberdade individual, valores que abriram as portas para legislações progressivas a respeito do uso de drogas, prostituição, aborto e eutanásia.

O que você precisa saber sobre a história do Holanda

Com a chegada do Império Romano no século I a.c., as primeiras cidades holandesas foram construídas. Entre elas Utreque, Nimega e Mastrique. Nessa época, além dos romanos, a região também era habitada por tribos célticas e germânicas. O domínio romano cessou no século IV d.c. e a cristianização do país só ocorreu três séculos depois com a submissão dos povos que ali viviam ao rei da França, Carlos Magno.

Mais tarde o país foi parte das Dezessete Províncias dos Países Baixos do Sacro Império Romano Germânico, junto com áreas de onde está a Bélgica, até 1579 quando a União de Utreque proclamou a independência do país após quase 80 anos de guerra contra o domínio espanhol, do Imperador Carlos V, que acumulava os tronos da Espanha e do Sacro Império. Após a independência o país se desenvolveu como uma das principais potências navais do mundo, atrás apenas da Inglaterra.

No século XVII, também conhecido como “Século de Ouro” pela história holandesa, o país estendeu suas fronteiras comerciais em todo o planeta e estabeleceu colônias também em diversas regiões, incluindo áreas do Nordeste do Brasil. No século XVIII acabou incorporada ao Império Francês, de Napoleão Bonaparte, até 1815, quando após o Congresso de Viena, finalmente conseguiu sua nova independência e os limites territoriais mais parecidos com os atuais.

Na Segunda Guerra Mundial o país tentou manter-se neutro, mas mesmo assim acabou sendo invadido pela Alemanha nazista e sua população lutou em forma de guerrilha contra a ocupação, ao lado dos Aliados. Após o conflito, a Holanda tornou-se peça central na economia e pacificação política europeia, sendo membro fundador da União Europeia e da OTAN, entre outros órgãos.

O que você precisa saber sobre a economia do Holanda

O pequeno país tem a 16a economia do mundo e é um importante agente na economia continental europeia. Os setores mais tradicionais da economia holandesa, com importância desde o século XVI, são o transporte, a pesca, o comércio e os bancos. A Holanda é uma das dez maiores nações exportadoras do mundo e funciona como um enorme entreposto comercial para a União Europeia, e revende para os países membros os produtos que importa de outras regiões do planeta.

O que você precisa saber sobre a Cultura do Holanda

Para além das famosas imagens de moinhos de vento e pessoas loiras com trajes tradicionais, a Holanda é muito famosa pela presença histórica de pintores renomados em todo o mundo. No século XVII, por exemplo, nomes importantes como Rembrandt van Rijn deram a linha das artes no país. Nos séculos XIX e XX foi a vez de Vincent van Gogh e Piet Mondriaan. Mais recentemente o país teve também o artista M.C. Escher.

Além das artes plásticas a Holanda também é conhecida pela filosofia e literatura. O importante filósofo do Renascimento, Erasmo de Roterdã é um dos nomes mais importantes. Mais adiante, conforme a tolerância religiosa foi se estabelecendo no país, nomes como Baruch Espinoza e René Descartes apareceram no cenário holandês. Entre os livros escritos no país, o mais famoso é O Diário de Anne Frank, escrito pela própria Anne Frank, durante a ocupação nazista no país que durou entre 1942 e 1944.

Além disso, a Holanda tem 50,1% dos seus habitantes que declara não ter religião. É um dos maiores percentuais em todo o mundo. Afora os não religiosos, a religião mais praticada é o catolicismo (23,7%), seguido pela soma de vertentes do protestantismo (20,1%). Islamismo, hinduísmo, budismo e judaísmo somam 6% da população.

A seleção da Holanda: Os jogadores que vão participar da Copa

O principal nome da seleção da Holanda na busca pelo título inédito da Copa do Mundo este ano no Catar é o atacante Memphis Depay. Nascido em 1994 na cidade de Moordrecht, Depay é filho de pai ganense e mãe holandesa e cresceu na periferia de Roterdã. Ele viu o pai abandonar o lar quando ainda era muito pequeno, o que lhe causou ojeriza ao seu sobrenome e até a recusa em defender a seleção de Gana. “Me chamem apenas de Memphis”, disse em algumas ocasiões.

Ele começou sua carreira profissional aos 17 anos no PSV Eindhoven, um dos principais clubes holandeses, em 2011. Marcou 50 gols em 124 jogos pela equipe. Em 2015 se transferiu para o Manchester United, da Inglaterra, mas não teve uma boa passagem. Marcou apenas 7 gols em 53 jogos antes de se transferir, dois anos depois, para o Lyon, da França, onde recuperou o bom futebol e conquistou a torcida ao marcar 76 gols em 177 jogos jogados em 4 temporadas. No ano passado foi para o Barcelona, onde já jogou 38 jogos e marcou 13 gols. Pela seleção holandesa, o atacante já fez 76 jogos e marcou 39 gols. Só nas eliminatórias para a Copa do Catar, foram 12 os gols anotados por Memphis.

Além dele, o meia Davy Klaassen é um dos destaques da seleção holandesa. Klaassen é um meia armador famoso por suas assistências e tem uma forte identificação com o Ajax de Amsterdam, o maior clube holandês. Revelado pelo clube, jogou entre 2011 e 2017 no Ajax. Ficou fora apenas até 2020, ano em que retornou ao clube. Suas passagens no período foram no Everton (Inglaterra) e Werder Bremen (Alemanha). Nas eliminatórias, foi responsável por quatro passes para gol.