Chamada jocosamente chamada de “ótima geração belga” por conta de jargão repetidamente usado nas transmissões brasileiras a partir de 2014, quando voltou a disputar uma Copa do Mundo mas acabou decepcionando as expectativas, a Seleção da Bélgica chega ao Catar 2022 mais amadurecida – e menos badalada do que em anos anteriores – prometendo ser uma das candidatas ao título de “surpresa” da Copa e - por que não? - também o de próximo campeão inédito. Para isso, precisa confirmar seu favoritismo e se classificar no Grupo F que ainda conta com Canadá, Marrocos e a atual vice-campeã e “surpresa da última Copa”, Croácia.
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Sem nunca vencer a Copa do Mundo ou mesmo a Eurocopa, o único título oficial da Seleção da Bélgica é a medalha de ouro dos Jogos Olímpicos de 1920, disputado em Antuérpia, na própria Bélgica. Ainda que atualmente a medalha olímpica não seja reconhecida pela FIFA como um título oficial, as medalhas obtidas nos jogos olímpicos realizados entre 1908 e 1956 o são. A Seleção do Uruguai, por exemplo, medalhista em 1924 e 1928 e campeã da Copa do Mundo em 1930 e 1950, usa 4 estrelas no seu escudo referentes a conquistas mundiais.
Até a Copa do Mundo de 1986, no México, quando chegou em quarto lugar, a seleção belga era irrelevante no futebol mundial. Entre 1930 e 1978, os belgas ou não chegaram a se classificar ou caíram logo na primeira fase. Na Copa de 1950, no Brasil, se retiraram da disputa. Em 1982, na Espanha, conseguiram passar da fase inicial pela primeira vez, mas caíram na segunda fase. Naquela época, após a primeira fase de grupos, novos grupos se armavam com os classificados em uma segunda fase, de onde sairiam os finalistas e as seleções que disputariam o terceiro lugar.
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Foi nos anos 90 que a seleção da Bélgica aproveitou o sucesso de 86 e começou a se projetar no cenário global ao atingir, jogando um futebol razoável e revelando alguns bons jogadores, as oitavas de final por duas copas seguidas: 1990 na Itália e 1994 nos Estados Unidos. Em 1998, na França, voltou a cair na primeira fase e, em 2002, na Coreia do Sul e Japão, voltou a atingir as oitavas.
Após ficarem de fora em mais dois mundiais, 2006 e 2010, a Bélgica chegou badalada ao Brasil em 2014, celebrada como uma “ótima geração” em muitos jornais esportivos que falavam de jogadores como Kompany, Vertonghen, Fellaini, Hazard e outros. A campanha realmente foi ótima e os belgas chegaram às quartas de final, mas decepcionaram os torcedores que apostavam em um voo mais alto.
Já na última Copa do Mundo, na Rússia em 2018, os belgas conseguiram a sua melhor colocação na história. Venceram os três jogos da fase de grupos, contra Panamá, Tunísia e Inglaterra; em seguida bateram o Japão nas oitavas por 3 a 2 e o Brasil nas quartas por 2 a 1. Perderam as semifinais para a futura campeã França pelo placar mínimo e venceram novamente a Inglaterra, por 2 a 0, na disputa do terceiro lugar.
Para chegar ao Catar, a Bélgica fez uma campanha invicta nas Eliminatórias Europeias e terminou em primeiro lugar no seu grupo com 20 pontos em 8 jogos; somou 6 vitórias e dois empates. O País de Gales foi o segundo colocado e se classificou na repescagem. República Tcheca, Estônia e Belarus foram os outros participantes.
A Bélgica estreia contra o Canadá na Copa do Mundo do Catar 2022 em 23 de novembro (quarta-feira), às 16h de Brasília, no estádio Ahmad Bin Ali. Na sequência do Grupo F os belgas jogam contra o Marrocos no Al Thumama, domingo (27) às 10h. Finalizando sua participação na fase de grupos, a Bélgica joga contra Croácia, atual vice-campeã do mundo, no Ahmad bin Ali, na quinta-feira seguinte (1), às 12h.
O que você precisa saber sobre a política na Bélgica
A Bélgica é organizada sob uma Monarquia constitucional federal parlamentarista. Ou seja, além de dar relativa autonomia às províncias, tem na capital Bruxelas não apenas a sede da Família Real chefiada pelo Rei Filipe, mas o Parlamento Federal, dividido entre câmaras Alta e Baixa, sob a liderança do primeiro-ministro Alexander De Croo.
O país é fundador da União Europeia, incluindo seu embrião o BENELUX (uma federação entre Bélgica, Holanda e Luxemburgo), criado em 1957. Sua capital também acolhe o parlamento europeu.
O que você precisa saber sobre a história da Bélgica
A Gália Bélgica, antes povoada por tribos celtas e germânicas, tornou-se uma província do Império Romano do ano 100 a.c. até o século V, quando após a chegada dos francos e a queda do império, esteve sob domínio dos reis merovíngios. Três séculos depois, com a unificação dos reinos dos francos, formou o Império Carolíngio. Este, por sua vez, evoluiu para o Sacro Império Romano-Germânico. Ao longo da idade média, parte dos feudos belgas, nesse momento, eram vassalos dos sacro imperadores, enquanto outra parte estava unida à Holanda.
Entre os séculos XVIII e XIX esteve também sob o domínio francês, de Napoleão Bonaparte, até 1830, quando a Revolução Belga declarou a independência do país. Em 1885, após a Conferência de Berlim, o então rei belga Leopoldo II 'ganhou' o território do então Estado Livre do Congo, na África como sua “propriedade privada”. A exploração colonial do país, em busca de marfim e borracha, levou a região a chamar-se Congo Belga. Um verdadeiro genocídio foi realizado no local e imagens históricas de soldados belgas transportando congoleses acorrentados são comuns de serem usadas em conteúdos que denunciam os horrores da colonização europeia no continente africano.
O Império Alemão invadiu a Bélgica em 1914 como parte da estratégia para atacar a França. Mas com a derrota dos alemães na Primeira Guerra Mundial, a Bélgica retomou sua autonomia. Em 1940 foi novamente ocupada ocupada pelos alemães, dessa vez sob as ordens do nazismo de Adolf Hitler até ser libertada pelos Aliados em 1944. Após a Segunda Guerra Mundial, uma greve geral forçou a saída do Rei Leopoldo III, considerado pela população um colaborador dos invasores alemães. Em 1960, o Congo conseguiu declarar sua independência dos belgas, sendo seguido por Ruanda e Burundi anos mais tarde.
O que você precisa saber sobre a economia da Bélgica
A Bélgica tem uma população de cerca de 11,5 milhões de pessoas segundo dados de 2021. No mesmo ano, o PIB do país alcançou quase 560 bilhões de dólares, o que chega a uma renda per capita de 48 mil dólares. A economia belga é globalizada e o país apresenta o 13° maior Índice de Desenvolvimento Humano (IDH): 0,937. Há baixas taxas de pobreza.
A Bélgica importa alimentos, maquinaria, petróleo, químicos, tecidos, roupas e diamantes brutos, ao passo que exporta automóveis, produtos da sua indústria alimentícia, ferro, aço, diamantes lapidados, plásticos, e metais não ferrosos. O país tem uma ampla malha de infraestrutura de transporte, energia e comunicação conectada a praticamente toda a União Europeia.
O que você precisa saber sobre a Cultura da Bélgica
Antes de mais nada, a Bélgica é um país multicultural. Está dividida em três regiões. Ao sul, a região da Valônia, onde está a cidade de Liège, fala francês. Ao norte, no Flandres, onde as principais cidades são Antuérpia e a capital Bruxelas, o idioma é o flamengo – variação belga do holandês. Além das duas principais regiões, há um pequeno pedaço do leste do país, próximo da fronteira com a Alemanha, onde se fala alemão.
A divisão de idiomas faz com que a produção cultural belga, das artes à literatura, do cinema à filosofia, e nas áreas acadêmicas, acabem muito restritas localmente, sobretudo para o Flandres, que fala uma variação do holandês muito particular. Para a Valônia, no entanto, é comum que se beba de muitas fontes francesas e mantenha-se os próprios nomes em âmbito local. Não há instituições midiáticas, universitárias, de belas-artes etc. que centralizem a produção nacional. O que há são produções e organizações locais.
Entre muitos aspectos da cultura belga, um dos mais comentados pelo mundo é a sua tradição cervejeira, capaz de produzir mais 1000 tipos diferentes da bebida. Os chocolates e bombons belgas também são conhecidos mundialmente.
A seleção da Bélgica: Os jogadores que vão participar da Copa
O técnico Roberto Martínez leva ao Catar a base da “ótima geração belga” que amadureceu quatro após chegar à terceira colocação na Rússia. Os três goleiros, Koen Casteels (Wolfsburg), Thilbaut Courtois (Real Madrid) e Simon Mignolet (Club Brugge), são os mesmos.
Na defesa, Toby Alderweireld (Antwerp), Arthur Theate (Rennes) e Vertonghen (Anderletch) estiveram na Rússia, assim como os meio-campistas Carrasco (Atlético de Madrid), Hazard (Real Madrid), Kevin De Bruyne (Manchester City), Axel Witsel (Atlético de Madrid), e os atacantes Trossard (Brighton), Mertens (Galatasaray), Batshuayi (Fenerbahce) e Lukaku (Inter de Milão).
Lukaku era dúvida por conta de uma lesão, mas acabou tendo sua presença confirmada. Talvez possa ficar fora do primeiro jogo. Outro destaque belga, o meia De Bruyne, não está passando pelo melhor momento da sua carreira e preocupa o torcedor de seu país, ainda que seja um dos melhores do planeta na sua posição.