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Seleção do Japão chega à Copa do Mundo do Catar 2022 com dura missão de superar Espanha e Alemanha

Desde a sua primeira Copa, em 1998 na França, o Japão nunca conseguiu ir além das oitavas de final; saiba tudo sobre o Japão

Maya Yoshida, zagueiro do Schalke04 e capitão da Seleção do Japão..Maya Yoshida, zagueiro do Schalke04 e capitão da Seleção do Japão, durante a Copa do Mundo da Rússia em 2018.Créditos: Soccer.ru/Wikimedia Commons
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A Seleção do Japão chega à Copa do Mundo do Catar 2022 com dura missão de superar Costa Rica, Espanha e Alemanha, pelo Grupo E, a fim de ir às oitavas de final – fase máxima atingida pelos “Samurais Azuis” na história das copas. É uma tarefa muito difícil de ser atingida, sobretudo para uma seleção que geralmente tem bons jogadores em termos individuais, mas costuma apresentar grandes dificuldades coletivas.

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O Japão participou da sua primeira Copa do Mundo em 1998, na França, quando caiu na fase de grupos. Desde então esteve presente em todos os mundiais. Em 2002 quando sediou a Copa do Mundo junto com a Coreia do Sul, em 2010 na África do Sul e em 2018 na Rússia chegou às oitavas. Nas demais edições voltou a cair na primeira fase. Na Copa de 2006, na Alemanha, foi goleado pelo Brasil por 4 a 1 na fase de grupos. Os melhores resultados esportivos dos japoneses, no futebol, são seus quatro títulos da Copa da Ásia, em 1992, 2000, 2004 e 2011, além do vice-campeonato da Copa das Confederações em 2001, quando perdeu a final para a França.

Para ir ao Catar, os japoneses terminaram em segundo lugar no Grupo B da terceira fase das Eliminatórias Asiáticas, atrás apenas da Arábia Saudita, com 22 pontos. A terceira colocada Austrália, classificou-se na repescagem. Ficaram pra trás Omã, China e Vietnã.

A Seleção do Japão estreia no próximo dia 23 de novembro (quarta-feira) contra a favorita Alemanha, às 10h de Brasília, no estádio Internacional Khalifa. Pela segunda rodada do Grupo E os japoneses enfrentam a Costa Rica, no domingo seguinte (27), às 7h no estádio Ahmad bin Ali. Encerrando sua participação no Grupo E e, muito provavelmente também no mundial, o Japão enfrenta a Espanha em primeiro de dezembro (quinta-feira), às 16h, de volta ao estádio Internacional Khalifa.

O que você precisa saber sobre a política no Japão

O Japão é organizado como uma monarquia constitucional unitária parlamentarista, com capital na cidade de Tóquio, onde estão o imperador Naruhito e o primeiro-ministro Fumio Kishida, do Partido Liberal. O poder do imperador, na prática, é muito limitado e restringe-se a funções de chefe de Estado em ocasiões diplomáticas. O parlamento japonês, por outro lado, é quem escolhe o primeiro-ministro, que exerce funções de chefe de Governo.

O que você precisa saber sobre a história do Japão

A história do Japão se divide, a grosso modo, em três períodos: a pré-história e antiguidade, o período feudal e o período moderno. Há 35 mil anos povos jomon, yayoi e ainus, entre outros, povoaram o arquipélago onde está o Japão e ao longo do tempo foram se constituindo no que hoje se conhece como o povo japonês. A primeira unificação do Japão, que marcou justamente o início do período feudal, ocorreu no século VI pelo povo yamato para, logo em seguida, invadir a península da Coreia. Na mesma época, o budismo foi introduzido no país e acabou usado como arma política contra o poder dos sacerdotes do xintoísmo, a religião mais antiga e tradicional do país. Mais tarde, sob o reinado do Imperador Shotoku, as religiões se fundiram. Após sua morte em 622, o Japão passou por uma série de guerras civis, fragmentações, diferentes dinastias etc..

Na era feudal houve um período de paz, durante o reinado do Imperador Kammu. Ao romper com os monges budistas, abriu-se o caminho para a criação da escrita japonesa, bem como do surgimento da sua literatura. Nesse período também surgiram os famosos samurais, que exerciam uma função de guarda da corte. No entanto, uma nova guerra civil devastou o país e só pôde ter fim em 1185, com a ascensão de Miamoto que estabeleceria o governo do xogunato, exercido de forma descentralizada por uma rede de samurais que expropriava terras dos daimiôs (aristocratas) e assim enfraquecia o império central cuja capital era em Quito. Dessa forma foram sucedendo-se guerras civis entre a ala militar dos samurais e a aristocracia dos imperadores até que em 1590, Toyotomi Hideyoshi unificou o país novamente, sob a perspectiva imperial. Mas durou pouco.

Após a morte de Hideyoshi, Tokugawa Ieyasu assumiu o poder, e restabeleceu o xogunato com uma política truculenta que expulsou todos os estrangeiros do arquipélago, sobretudo os portugueses, além de perseguir setores da sociedade japonesa que haviam se convertido ao catolicismo. A política rendeu 250 anos de isolamento ao país, até 31 de março de 1854, quando a Marinha dos Estados Unidos chegou por lá e, ao abrir uma rota de comércio, mostrou todo o atraso que o país vivia em relação ao resto mundo sob o governo do xogunato. Na sequência, houve a Guerra de Boshin, que desdobrou para o estabelecimento do poder centralizado do Imperador Meiji em 1868, iniciando assim a era moderna, marcada sobretudo pelas relações do Japão com o Ocidente.

Na Primeira Guerra Mundial o Japão esteve ao lado dos vencedores, o que lhe animou os ânimos expansionistas que mais o colocaram ao lado do Eixo (Alemanha e Itália) na Segunda Guerra Mundial. Mas nesse meio tempo, os japoneses haviam tentado invasões nas coreias e efetivamente ocupado a Manchúria, uma região da China, além de outras regiões da Ásia. A Guerra Sino-Japonesa (1837-1945) foi um dos conflitos que formou parte da Segunda Guerra Mundial. O Japão só concordou com a rendição incondicional em 15 de agosto de 1945, após sofrer dois ataques nucleares dos Estados Unidos e ter ainda a desaprovação da União Soviética em relação às suas ambições.

Após perder a guerra e ter seus governantes e líderes militares punidos, o Japão promulgou uma Constituição pacifista em 1947 e, desde então, com o apoio dos Estados Unidos e do Ocidente, foi reconstruído até chegar ao século XXI como uma das principais potências do mundo em termos econômicos e tecnológicos.

O que você precisa saber sobre a economia do Japão

Com cerca de 125 milhões de habitantes e PIB de quase 5 trilhões de dólares, o Japão registrou em 2021 uma renda per capita de quase 40 mil dólares. O Japão ainda tem o 19° maior Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do mundo, chegando a cifra de 0,925, o que obviamente aponta baixíssimos índices de pobreza no país.

A economia é bastante diversificada. O país investe em pesquisa e indústria de alta tecnologia, com a redução de desperdício e a reciclagem como aspectos fundamentais das práticas do setor. Entre as áreas mais exploradas estão a engenharia de automóveis, eletrônica, informática, siderurgia, metalurgia, construção naval e indústrias biológica e química. As exportações japonesas vêm desses setores. Além disso o país tem um dos maiores bancos do mundo, o Mitsubishi UFJ Financial Group, o que mostra um sistema bancário e financeiro também muito forte. O país carece de matérias-primas e commodities, que compõem as suas principais importações.

O que você precisa saber sobre a Cultura do Japão

O Japão tem uma cultura muito original, oriunda dos seus tempos antigos e feudais, com uma arquitetura própria, escrita própria, entre outras áreas. Mas a parte mais famosa em todo o mundo ocidental é com certeza a culinária à base de arroz típico, algas, peixes e temperos como gergelim, wasabi, entre outros, que formam os sushis, sashimis e outras peças alimentícias para se comer com os olhos, além, é claro, do estômago. Segundo dados de 2018, 60% dos japoneses se declaram sem religião, enquanto 31% são budistas e 3% xintoístas. Apenas 1% do país é cristão.

Desde o fim do xogunato, que encerrou sua era feudal e abriu os tempos modernos, a cultura japonesa tem sido muito influenciada pela Europa e pelos Estados Unidos. A cultura popular japonesa atual tornou-se conhecida também pelos típicos mangás (quadrinhos) e animes (desenhos animados), que misturam influências ocidentais ao estilo de vida e referências tipicamente japonesas. No Brasil, os que fizeram mais sucesso foram as séries Dragon Ball e Cavaleiros do Zodíaco – esta última claramente uma releitura japonesa, para crianças, de aspectos da cultura ocidental.

O futebol por exemplo só começou a ganhar força no país a partir dos anos 80, sobretudo com a ida do craque Zico. Isso porque o Japão tem os seus próprios esportes, especialmente artes marciais como o Jiu-Jitsu, Judô e Sumô. Na literatura o pais já ganhou duas vezes o Prêmio Nobel, com Yasunari Kawabata em 1968 e Kenzaburo Oe em 1994. No cinema, seu mais destacado diretor internacionalmente é Akira Kurosawa.

A seleção do Japão: Os jogadores que vão participar da Copa

Para conseguir a tarefa quase impossível de se classificar em um Grupo E que ainda conta com Espanha, Alemanha e Costa Rica, o técnico Hajime Moriyasu conta com a estrela e revelação do futebol japonês Takefusa Kubo, de apenas 21 anos. Kubo formou-se jogador na Espanha, na base do Barcelona, onde chegou aos 9 anos de idade. Foi apelidado de “Messi japonês” quando ainda estava no começo.

Takefusa Kubo teve seu passe comprado pelo Real Madrid, de onde acabou emprestado para diferentes equipes, como Mallorca, Villarreal e Getafe, antes de ser transferido para a Real Sociedad, equipe do país basco, no norte da Espanha. Sua melhor temporada na seleção de base do Japão foi em 2015 quando marcou 7 gols em 5 jogos.

Além dele, também a seleção também conta com atletas experientes como o lateral-esquerdo Yuto Nagatomo (FC Tokio) e o goleiro Eiji Kawashima (Strassbourg), que já disputaram outros quatro mundiais, e o zagueiro Maya Yoshida (Schalke 04), que vai para sua terceira Copa do Mundo como capitão do time. Outro destaque é o atacante Daizen Maeda, do Celtic (Escócia).