Mesmo distante do brilhantismo que a fez humilhar a seleção brasileira em pleno Mineirão, na Copa do Mundo de 2014, em goleada por 7 a 1 nas semifinais, a Seleção da Alemanha chega ao Catar, em 2022, com uma equipe experiente e pode faturar a taça. Em caso de título, os alemães se igualariam ao Brasil como únicos pentacampeões do mundo. Mas o caminho até a vitória é longo, e mais adiante deve enfrentar adversários em tese mais fortes, como França, Argentina ou o próprio Brasil. De toda maneira a seleção da Alemanha é uma das favoritas, junto com a Espanha, a classificar-se pelo Grupo E da Copa do Mundo do Catar – os outros concorrentes são o Japão e a Costa Rica.
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Uma das seleções mais tradicionais do futebol mundial, a Alemanha não participou apenas da primeira Copa do Mundo, em 1930 no Uruguai, e da Copa de 1950, no Brasil, quando estava banida de competições internacionais por conta do regime nazifascista que levou o país a iniciar a Segunda Guerra Mundial. Nos primeiros anos do regime, inclusive, participou da sua primeira Copa, em 1934, sediada na Itália fascista de Mussolini, sua então aliada geopolítica. A Itália foi a campeã e a Alemanha ficou em terceiro lugar. Na Copa seguinte, em 1938 na França, caiu nas oitavas de final. Em seguida houve a guerra, e o mundo infelizmente viu morte e destruição ao invés das copas do mundo de 1942 e 1946, que estariam marcadas mas obviamente não aconteceram por conta do conflito.
A Alemanha então voltaria a disputar os mundiais como Alemanha Ocidental e Alemanha Oriental, separadamente, uma vez que o próprio país acabou dividido com a derrota na guerra. Em 1954, em sua primeira participação, a Alemanha Ocidental foi campeão da Copa do Mundo da Suíça. A primeira campanha foi repleta de goleadas e reviravoltas: bateu a Turquia por 4 a 1 e depois perdeu por 8 a 3 para a Hungria, na época uma das seleções mais fortes do planeta. Empatada em pontos com a Turquia, venceu o desempate por 7 a 2. Em seguida venceu a Iugoslávia por 2 a 0 nas quartas de final e a Áustria por 6 a 1 nas semifinais. Na final, devolveu a derrota para os húngaros e venceu por 3 a 2.
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Antes de ser bicampeã, em 1974 quando sediou a Copa do Mundo pela primeira vez, a Alemanha Ocidental amargou o vice em 1966 contra a Inglaterra e o terceiro lugar em 1970, no México. Em 1974, as alemanhas Ocidental e Oriental dividiram o mesmo grupo e ambas se classificaram para a segunda fase. A Alemanha Oriental, ou seja, sob influência da União Soviética, venceu a Alemanha Ocidental por 1 a 0, com gol de Sparwasser e ficou em primeiro no grupo. Na segunda fase da Copa, quando os classificados formavam novos grupos, as alemanhas se separaram, como na política. No Grupo A, onde estava a Alemanha Oriental, classificaram-se a Holanda para a final e o Brasil para a disputa de terceiro lugar, enquanto que no Grupo B, a Alemanha Ocidental ficou em primeiro e empurrou a Polônia a disputa contra o Brasil, que terminou com vitória polaca.
A final foi vencida contra a famosa Holanda de Cruyff, apelidada de “Laranja Mecânica”. O placar ficou em 2 a 1. Após a Holanda sair na frente aos dois minutos com um gol de pênalti de Neeskens, Breitner empatou aos 25 minutos, também de pênalti. Aos 43, Gerd Muller deu números finais à partida. Em 1982 (Espanha) e 1986 (México) os alemães novamente amargaram o vice-campeonato, assim como em 2002, na Coreia do Sul e Japão, contra o Brasil. No entanto, em 1990 na Itália, foi tricampeão do mundo, pela primeira vez desde 1934 com a seleção unificada, sem haver mais a distinção entre Oriental e Ocidental. Com uma companha invicta, bateu a Argentina na final por 1 a 0, de quem havia perdido o título quatro anos antes.
Nas duas copas seguintes caiu nas quartas de final, e em 2006, quando novamente sediou o mundial, assim como em 2010, na África do Sul, terminou em terceiro. Mas em 2014, bem, nós brasileiros já sabemos o que aconteceu e não é lá muito recomendável recordar. Para resumir a história, a Alemanha sagrou-se tetracampeã do mundo no Brasil. Em 2018, na Rússia, fez sua pior campanha da história e acabou eliminada na primeira fase.
Além das quatro Copas do Mundo, a Alemanha também é tricampeã da Eurocopa, em 1972, 1980 e 1996. Para chegar ao Catar neste ano, a seleção Alemã atropelou o Grupo J das Eliminatórias Europeias, deixando para trás Macedônia do Norte, Romênia, Armênia, Islândia e Liechtenstein. Com 27 pontos, foi também a primeira colocada geral das Eliminatórias ao lado da Dinamarca.
A Seleção da Alemanha estreia pelo Grupo E da Copa do Mundo do Catar 2022 contra o Japão, na próxima quarta-feira (23), às 10h de Brasília, no estádio Internacional Khalifa. Em seguida pega a Espanha, no que é considerado o jogo mais disputado do grupo. O duelo ocorre no domingo (27), às 16h, no estádio Al Bayt, mesmo palco que a Alemanha enfrenta a Costa Rica na quinta-feira seguinte (1) pela despedida da fase de grupos.
O que você precisa saber sobre a política na Alemanha
A Alemanha funciona como uma República federal parlamentarista desde a sua reunificação em 1990. Além de um poder Judiciário independente, o país tem sua gestão dividida entre os poderes Executivo e Legislativo nacionais, sediados em Berlim. Atualmente o Chanceler Olaf Scholz é o chefe de governo, do poder Executivo. O parlamento é dividido entre o Bundestag e o Bundesrat. O Bundestag, mais parecido com uma câmara de deputados, é eleito em eleições diretas e proporcionais, enquanto o Bundesrat representa os governos dos 16 estados federais. O chefe de Estado atual é Frank-Walter Steinmeier, eleito Bundespräsident (presidente federal). Seu cargo é eleito pela Convenção Federal, ou Bundesversammlung.
O que você precisa saber sobre a história da Alemanha
A região onde vivem os povos de língua germânica, entre eles os alemães, foi nomeada como Germânia pelo Império Romano ainda na era antiga e teve partes de seu território conquistado. Mas o que conhecemos como o embrião da Alemanha moderna começou em 2 de fevereiro de 962 d.c., com a formação do Sacro Império Romano-Germânico, que durou até 1250, quando houve seu colapso e posterior divisão. Após esse período o que hoje é a Alemanha ficou dividido entre o extinto Reino da Prússia, na região norte, territórios anexados pelo Reino da Áustria no sudeste e cidades-estados e pequenos reinos e principados relativamente autônomos a oeste.
Entre 1806 e 1814 uma porção grande do território supostamente autônomo esteve nas mãos do Império Francês com Napoleão Bonaparte à cabeça, sobretudo no oeste do país. Após sua queda foi criada a Confederação Germânica que buscava unir esses territórios sob a bandeira do Reino da Prússia. Isso durou até 1866 quando Otto von Bismarck foi nomeado o primeiro-ministro da Prússia e começou uma guerra contra os austríacos da qual, vencedor, fundaria o Império Alemão em 1871.
Em 1914, às vésperas da Primeira Guerra Mundial o Império Alemão tinha se expandido para o leste, conquistando territórios onde hoje estão Polônia, Lituânia e até mesmo um pedaço da Rússia. Também manteve colônias na África e na Oceania. Mas o ímpeto expansionista da Alemanha, sobretudo na famigerada “partilha da África” dispararam o primeiro conflito mundial. A Alemanha saiu derrotada e, como punição, foi forçada a assinar o Tratado de Versalhes em junho de 1919, que acabou encarado pelos alemães como uma humilhação e passou a ser frequentemente citado por historiadores como umas das explicações para a ascensão do nazifascismo.
Entre a assinatura do Tratado de Versalhes e a ascensão de Hitler, em 1933, a Alemanha viveu o período da República de Weimar. Justamente nesse período foi permitido que o nazifascismo crescesse sobre o sentimento de ressentimento e humilhação decorrentes da perda da guerra. Cada vez mais radicalizados e sem encontrar resistência do próprio Estado democrático, as fileiras “nacionais-socialistas” foram crescendo e a violência política escalando ao ponto que o governo central não conseguia convocar eleições, sem que apoiadores de diferentes candidatos pudessem votar em paz. Nesse contexto, em 30 de janeiro de 1933 Adolf Hitler foi nomeado Chanceler e no mês seguinte incendiou o parlamento de Weimar instituindo uma ditadura de partido único e norteada por ideais eugenistas que levou os alemães para a Segunda Guerra Mundial, conflito no qual acabaram derrotados pela União Soviética a leste e pelos Aliados a oeste.
Após os horrores do nazifascismo, do holocausto e da própria guerra, e novamente derrotados, os Alemães tiveram seu país dividido. Com a porção ocidental sob domínio dos Estados Unidos e a porção oriental dominada pela União Soviética, os alemães se viram no epicentro da Guerra Fria a partir de 1949. O país só foi reunificado em 1990, após o colapso dos soviéticos. A capital Berlim durante toda a Guerra Fria teve um muro separando as áreas de influência que, no ato da reunificação do país, foi destruído pela própria população da cidade.
O que você precisa saber sobre a economia da Alemanha
Com uma população de mais de 83 milhões de habitantes e PIB de 4,2 trilhões de dólares, a Alemanha apresenta uma renda per capita de mais de 50 mil dólares e tem uma das economias mais fortes do mundo – a maior da Europa - que se expressa com seu altíssimo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) calculado em 0,942. O país apresenta baixas taxas de pobreza.
A indústria alemã é fortíssima e o país é um dos maiores exportadores do mundo de bens industriais que envolvem alta tecnologia e engenharia. As indústrias automobilística, química, de maquinário e de extração de metais estão entre os principais destaques. Além da indústria, o país também tem um forte setor bancário e financeiro, corporações multinacionais de peso em diversas áreas, além do setor de serviços que representa uma fatia maior de 50% do PIB alemão.
O que você precisa saber sobre a Cultura da Alemanha
Quando formos falar na atual cultura alemã, esqueçamos os trajes típicos de séculos passados ou qualquer referência de um passado idílico. Com exceção dos velhos canecões de cerveja, que obviamente não devem mudar, os alemães estão mais preocupados em superar o passado e olhar para o futuro, do que celebrar velhas tradições. E isso se deve, obviamente, ao horror de um regime que se apoiou justamente em idealizações de tempos passados e terminou literalmente dividindo o país e transformando-o, à seu tempo, em pária internacional. Não foi fácil para os alemães recuperar sua autonomia, autoestima e respeito internaiconal após os horrores do nazifascismo, demorou décadas, mas aí estão e são talvez um dos povos que mais rejeitam tal ideologia no planeta.
A Alemanha tem grandes artistas de diversas áreas, além de filósofos reconhecidos em todo o mundo como clássicos. Na música, sobretudo a música clássica, se destacam nomes como Ludwig van Beethoven e Richard Strauss, além de grupos de música contemporânea como Kraftwerk, Scorpions e Tokio Hotel. Entre os principais filósofos alemães destacam-se Gottfried Wilhelm Leibniz, Immanuel Kant, Friedrich Hegel, Friedrich Engels, Karl Marx, Arthur Schopenhauer, Friedrich Nietzsche, Martin Heidegger, Jürgen Habermas e tantos outros considerados clássicos. O cinema e a culinária alemães também são reconhecidos mundo afora.
A seleção da Alemanha: Os jogadores que vão participar da Copa
Para buscar o pentacampeonato da Copa do Mundo no Catar em 2022, o técnico Hansi Flick terá apenas três baixas: o zagueiro Mats Hummels e o meia e Marcus Reus (Borussia Dortmund), além do lateral Robin Gosens (Inter de Milão), que estão machucados. No entanto, ele conta com volta de Mario Götze, astro da conquista de 2014 que não pôde jogar a última Copa por conta de uma lesão, além da joia nascida em Camarões, Youssoufa Moukoko, de apenas 17 anos.
Moukoko joga no Borussia Dortmund, um dos principais clubes alemães, desde os 15 anos. Ele já marcou seis gols pela equipe e ofereceu cinco assistências na atual temporada. Estreará pela seleção na Copa do Mundo do Catar. Já Mario Göetze já atuou pela seleção por 63 vezes, marcando 17 gols, e tendo sido decidido na campanha do tetracampeonato. Ao longo da carreira jogou por Borussia Dortmund, Bayern de Munique, PSV Eindhoven (Holanda) e atualmente joga pelo Eintracht Frankfurt.
Além dos dois a seleção alemã está repleta de grandes nomes do futebol europeu como o goleiro Manuel Neuer (Bayern de Munique), o zagueiro Antonio Rudiger (Real Madrid) e o atacante Thomas Müller (Bayern de Munique).