A Seleção da Espanha chega para disputar a Copa do Mundo do Catar 2022 como uma das óbvias favoritas a se classificar para as oitavas de final pelo Grupo E, ao lado da Alemanha. Espanhóis e alemães ainda enfrentarão Japão e Costa Rica. O problema será após a primeira fase, quando os duelos começam a ficar mais complicados e, sem o brilhantismo e a inovação técnica que apresentou em 2010, na África do Sul, a Espanha corre por fora na disputa pelo título. Mas de qualquer maneira, o bicampeonato espanhol não surpreenderia tanto assim aos fãs de futebol caso aconteça ainda nesse ano.
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Com farta tradição no futebol, a seleção espanhola já conquistou, além da Copa do Mundo de 2010, na África do Sul, as Eurocopas de 1964, 2008 e 2012, assim como a medalha de ouro nas Olimpíadas de 1992.
A “Fúria” não participou de seis mundiais: 1930 (Uruguai), 1938 (França), 1954 (Suíça), 1958 (Suécia), 1970 (México) e 1974 (Alemanha). Sua melhor participação, além do título, é claro, foi em 1950 no Brasil quando chegou ao quarto lugar. Nas demais edições chegou no máximo às quartas de final. O país sediou a Copa do Mundo de 1982, vencida pela Itália, e caiu na segunda fase do mundial.
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Na África do Sul, em 2010, a Espanha estreou perdendo para a Suíça por 1 a 0, mas em seguida venceu Honduras por 2 a 0 e Chile por 2 a 1, classificando-se em primeiro lugar pelo Grupo H. Nas oitavas venceu o vizinho Portugal, do craque Cristiano Ronaldo, por 1 a 0, e avançou para as quartas de final, onde bateu o Paraguai pelo mesmo placar. Na semifinal venceu, novamente por 1 a 0 a Alemanha, com emocionante gol de cabeça do zagueiro Puyol no final da partida. A final contra a Holanda foi marcada pelo embate de duas fortes seleções que nunca haviam sido campeãs e, no tempo normal, a partida acabou empatada em 0 a 0. O gol do título veio dos pés do craque Iniesta, faltando apenas 4 minutos para acabar a prorrogação.
Para ir ao mundial deste ano a Espanha passou com certa facilidade pelo Grupo B das Eliminatórias Europeias, com 19 pontos, 4 adiante da Suécia, segunda colocada, que acabou perdendo a vaga na repescagem para a Polônia. Com 6 vitórias e um empate em 8 jogos, a Espanha deixou pra trás, além dos suecos, Grécia, Geórgia e Kosovo.
A Seleção da Espanha estreia na Copa do Mundo do Catar 2022 contra a Costa Rica em 23 de novembro (quarta-feira), às 13h de Brasília, no estádio Al Thumama. Na sequência fazem o grande jogo do Grupo E contra a Alemanha no domingo (27), no estádio Al Bayt, às 16h. E para finalizar sua participação na fase de grupos do mundial, a Espanha encara o Japão no estádio Internacional Khalifa, em primeiro de dezembro (quinta-feira), às 16h.
O que você precisa saber sobre a política na Espanha
A Espanha é uma monarquia constitucional parlamentarista unitária desde o fim do regime fascista do general Francisco Franco, em 1975. O corrupto rei Filipe IV, da dinastia Bourbon, exerce suas funções de chede de Estado em Madrid ao lado do presidente de governo, eleito pelo parlamento, Pedro Sánchez, do PSOE, tradicional partido de esquerda espanhol. Seu principal rival, o PP, representa a direita histórica, incluindo a vinculada ao franquismo. Atualmente há também entre os principais o Podemos, que faz as vezes de uma “nova esquerda”, e o Vox, representante da recente onda de extrema-direita que atinge todo o planeta. Além deles, há partidos independentistas que têm força política em suas respectivas regiões.
O país vive uma série de conflitos políticos. A começar, em todo seu território, amplos setores da população querem o fim da monarquia e a proclamação da Terceira República Espanhola, mas a pauta é, digamos que proibida na prática, ainda que as leis do país garantam a liberdade de expressão. Artistas, como o rapper catalão Pablo Hasel, inclusive têm sido presos por questionarem a corrupta e imoral monarquia espanhola. Além disso, há movimentos de independência em três regiões: País Basco, Catalunha e Galícia – historicamente relacionados aos antigos reinos de Navarra, Leão e Astúrias, respectivamente. O movimento mais recente foi o plebiscito catalão em 2019, duramente reprimido pela polícia nacional durante o seu acontecimento.
O que você precisa saber sobre a história da Espanha
A Península Ibérica foi colonizada ao longo da antiguidade por celtas, fenícios, cartagineses e gregos, até o ano 218 a.c., quando a maior parte do território estava anexado ao Império Romano. A partir do ano 409 d.c., o domínio romano começou a ruir na península e diversos reinos germânicos, suevos e vândalos se instalaram na região e aí se mantiveram até o século VIII quando, novamente, a maior parte do território foi novamente conquistada, dessa vez pelo Califado Omíada – em domínio que se estendia até as fronteiras dos territórios árabes do Oriente Médio com o Império Persa.
No século XI, com o colapso do Califado Omíada, os territórios islâmicos acabaram fragmentados a permitiram aos pequenos reinos cristãos do norte e nordeste – Castela, Aragão, Leão, Astúrias e Navarra – se expandirem em um processo que ficou conhecido, pela ótica cristã, como Reconquista. Em 1479 os principais reinos, de Castela e Aragão, se unificaram mediante o casamento entre o Fernando II de Aragão e Isabel I de Castela, dando origem à monarquia católica que até hoje está no poder. Em 1492, pouco antes do primeiro navio espanhol chegar à América sob o comando de Cristóvão Colombo, o Reino de Castela e Aragão conquistou o último bastião muçulmano, o Reino de Granada, no sul da península. Após a Reconquista se concluir, Castela e Aragão subjugaram os demais reinos cristãos, unificando o país em 1512 após vencerem guerra contra Navarra, e partiram para a colonização da América Latina e de outras áreas ao redor do planeta – incluindo territórios onde estão Itália, Alemanha, Bélgica, Luxemburgo e Holanda.
O declínio do Império Espanhol começou no século XVIII com a Guerra da Sucessão Espanhola que enfraqueceu o império e permitiu com que, no século seguinte a França de Napoleão Bonaparte conquistasse partes do território espanhol. Nesse período a Espanha viu suas colônias começarem e finalizarem processos de independência. De Cuba às Filipinas, todas as colônias espanholas foram deixando o combalido império para tornarem-se independentes.
No século XX, enquanto a monarquia tentava restabelecer o Império ao colonizar Marrocos, Saara Ocidental e Guiné Equatorial, enquanto as regiões peninsulares do País Basco, Galícia e Catalunha exigiam autonomia e as mulheres os seus direitos políticos. Um verdadeiro caldeirão de pólvora que culminou com a proclamação da Segunda República Espanhola, sobretudo após derrotas acachapantes da monarquia na África. No entanto, um golpe em 1936, liderado pelo general Francisco Franco iniciou uma das mais famosas guerras civis da história da humanidade e instaurou uma ditadura de cunho fascista no país que durou até 1975 e teve como marca a perseguição implacável a republicanos democratas e independentistas regionais. Nesse período o ETA (Euskadi Ta Askatasuna), famoso grupo independentista basco começou suas atividades, em 1959.
Ao morrer Franco, em 1975, o Rei Juan Carlos da Espanha o sucedeu como chefe de Estado e três anos depois promulgou uma nova constituição que previa tanto a restauração da monarquia, como uma maior autonomia para as regiões rebeldes a fim de apaziguar os ânimos no país.
O que você precisa saber sobre a economia da Espanha
A Espanha tem aproximadamente 47 milhões de habitantes e registrou em 2021 um PIB de 1,4 trilhão de dólares, o que lhe rendeu uma renda per capita de pouco mais de 30 mil dólares. O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) está em 0,905 e é considerado alto. O país tem indústria, agricultura, comércio e setor bancário e financeiro fortes, no entanto apresenta pobreza e violência urbana - em níveis absolutamente toleráveis se comparados aos do Brasil, por exemplo, mas que para os europeus seria "demais da conta", para usar a gíria mineira. Um dos grandes problemas sociais espanhóis é a chamada “bolha imobiliária”, que dificultando o acesso à moradia, levou o país a um segundo problema a partir de 2008: o aumento do desemprego.
O que você precisa saber sobre a Cultura da Espanha
A Espanha não tem exatamente uma cultura única, especialmente levando em consideração que mesmo dentro do seu território há povos que não se sentem espanhóis e reivindicam uma cultura própria. Mas jogando tudo sob o rótulo espanhol, é possível notar uma cultura bem diversa e rica. A começar pela arquitetura histórica que passa pelo período romano, pelo domínio islâmico e, mais recentemente o renascentismo, barroco e neoclássico que inspiraram não apenas as próprias obras arquitetônicas, como as artes e a literatura. O principal escritor renascentista espanhol é Miguel Cervantes, autor de Dom Quixote, considerada a obra mais emblemática do país. Outro destaque espanhol é a gastronomia. A paella, prato que varia de acordo com a região, mas que leva, em geral, arroz, açafrão e frutos do mar, é um dos mais apreciados ao redor do mundo.
No século XX o país se destacou por ter formado alguns dos mais importantes pintores modernistas do mundo. Entre eles destacam-se Pablo Picasso e Juan Gris do movimento cubista, além de Salvador Dalí, famoso ícone do surrealismo. Além deles, é digno de nota não só a obra poética, mas a valentia de Federico García Lorca, poeta e dramaturgo assassinado em um pelotão de fuzilamento das tropas fascistas do general Franco em 19 de agosto de 1936, no povoado de Víznar.
A seleção da Espanha: Os jogadores que vão participar da Copa
Para buscar o bicampeonato mundial, o técnico Luis Enrique - que defendeu a seleção nos anos 90 como jogador, além de ter atuado e ser ídolo de Real Madrid e Barcelona, um feito raríssimo no futebol espanhol – conta com um time que mescla jogadores experientes com a nova geração espanhola. Ele deixou de fora nomes como o Sergio Ramos e De Gea para dar chances a jogadores mais jovens.
O meia Sérgio Busquets, do Barcelona, é o único remanescente da seleção campeã em 2010. O volante multicampeão com o clube catalão e pela “Fúria” vai à sua quarta Copa do Mundo. Ao longo da carreira profissional, apenas atuou por Barcelona, seleção espanhola e seleção da Catalunha, região em que nasceu e que como vimos busca sua independência.
Entre as principais revelações da nova geração espanhola, o atacante Ansu Fati, do Barcelona, terá a chance de jogar a sua primeira Copa do Mundo. Nascido em Guiné-Bissau, na África, Fati acaba de completar 20 anos de idade no último dia 31 de outubro. Ele joga desde 2019 pelo Barcelona, seu primeiro clube, onde já marcou 22 gols em 78 jogos. Pela seleção foram apenas 5 jogos com 2 gols anotados.