OLIMPÍADAS

Raquel Kochhann, que vai à terceira Olimpíada após tratar câncer, será porta-bandeira do Brasil em Paris

Atleta do rugby sevens vai representar o país na cerimônia de abertura junto com o canoísta Isaquias Queiroz

Raquel no torneio que marcou seu retorno à seleção brasileiraCréditos: Mike Lee/World Rugby
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A capitã da seleção feminina de rugby sevens, Raquel Kochhann, formará com o canoísta e ganhador de quatro medalhas olímpicas Isaquias Queiroz o casal que de porta-bandeiras da delegação brasileira na cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos de Paris.

Em sua terceira participação em Olimpíadas, esta tem um significado especial para a atleta de 31 anos. Antes da edição de Tóquio, em 2021, Raquel passou por baterias de exames com médicos do Comitê Olímpico Brasileiro (COB), que detectaram um caroço na mama. Não havia àquela altura motivo de preocupação, mas, em maio de 2022, o caroço dobrou de tamanho e havia a necessidade de cirurgia.

Segundo matéria do Correio Braziliense, Raquel adiou o procedimento para encerrar a temporada. Quando realizou a biópsia, foram detectadas células cancerígenas que já estavam em metástase no osso do esterno. Junto com o diagnóstico, ela também teve detectado um rompimento do ligamento cruzado anterior do joelho direito depois da última etapa do Circuito Mundial, em Toulouse, na França.

A atleta retirou o tumor e ficou 19 meses longe dos gramados, mas seguiu treinando durante o tratamento quimioterápico com exercícios adaptados. "Eu sentia cansaço e fadiga mais rapidamente. E uma grande preocupação foi não chegar à exaustão para não baixar a imunidade e não deixar meu corpo vulnerável", explicou a jogadora ao Correio.

A volta de Raquel à seleção brasileira

Raquel voltou aos gramados pelo Charrua Rugby Clube (RS), no Campeonato Brasileiro de rugby sevens, em dezembro de 2023. Em janeiro deste ano, veio a convocação para a seleção brasileira, as Yaras, como é apelidado o time.

“Nunca vi nada parecido na minha vida. A Raquel mostrou uma força incrível neste período, vinha treinar todos os dias mesmo durante o tratamento. E, quando não estava treinando, ajudava a equipe da forma que podia: filmando as atividades, levando água para as companheiras ou motivando a equipe. É um exemplo para todos nós”, conta o treinador da seleção feminina, Will Broderick, ao site da Confederação Brasileira de Rugby.

Também ao site da Confederação, a atleta celebrou a escolha para representar o Brasil. “Essa sensação de levar a bandeira para o mundo inteiro ver em uma Cerimônia de Abertura é algo que não consigo explicar em palavras. Trabalhamos muito no Brasil para que o rugby cresça e ganhe seu espaço. Sabemos que a realidade do nosso esporte não é ter uma medalha de ouro por enquanto, apesar de termos esse sonho. Mas sempre vi que quem carrega essa bandeira tem uma história incrível e representa uma grande conquista.”

"[Raquel e Isaquias] São dois atletas que representam qualidade, excelência e os valores olímpicos. O Isaquias Queiroz é um multimedalhista olímpico, com três medalhas em uma mesma edição dos Jogos, único atleta assim, e além disso ainda tem uma medalha de ouro, em 2021, e poderá agora bater mais um recorde e ser o maior medalhista do Brasil de todos os tempos. E a Raquel é um símbolo total de superação. Passou por um processo muito sério, muito grave, de um câncer de mama, se afastou, se recuperou, treinou e está novamente na seleção, como capitã. Então estamos muito bem representados pelo olimpismo" disse o presidente do Comitê Olímpico do Brasil, Paulo Wanderley, ao G1.