CONQUISTA OFUSCADA PELO ASSÉDIO

Goleira da Espanha lamenta que beijo de dirigente fez todos esquecerem o título

“É uma pena que nós, as 23 jogadoras, não sejamos as protagonistas”, diz goleira da seleção espanhola à imprensa

Catalina Coll fala sobre como a cena do assédio prejudicou reconhecimento da conquista do título.Créditos: Giovanni Batista Rodriguez/Wikimedia Commons
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A goleira da seleção espanhola de futebol feminino, Catalina Coll, recentemente campeã da Copa do Mundo disputada na Austrália e Nova Zelândia, expressou sua decepção com a polêmica envolvendo o beijo dado pelo presidente da federação espanhola de futebol (RFEF), Luis Rubiales, em sua colega de seleção Jenni Hermoso.

Rubiales foi suspenso de suas funções e o caso prossegue sob investigação. Coll, que também participou das conquistas das Copas do Mundo sub-17 e sub-19, diz que manterá até o fim seu apoio à denúncia feita pela colega de seleção. No dia 28 de agosto, as 23 integrantes da equipe campeã afirmaram que não voltarão a jogar pela seleção até que Rubiales seja removido da presidência da federação.

Em entrevista à BBC Mundo, a goleira de 22 anos não esconde sua decepção pelos acontecimentos que, para ela, ofuscaram a conquista que deveria estar sendo comemorada por todo o país. Ela falou sobre o episódio do beijo, mas também sobre a vitória e de como, após uma derrota, ganhou a posição de titular no gol de um time que seguiu firme rumo ao título.

Créditos: Reprodução de vídeo

“É uma pena que nós, as 23 jogadoras, não sejamos as protagonistas”, disse ela. “É decepcionante que te parem para perguntar sobre o beijo e não para parabenizar pela Copa do Mundo”. 

Coll prossegue dizendo que mesmo quando são parabenizadas, são questionadas sobre a cena do beijo. “Que digam os parabéns, mas, logo em seguida, passam a falar sobre o caso do beijo. Isso tudo nos deixa tristes, mas acredito que tudo será esclarecido e essa história acabará bem”.

Em combate ao machismo, a goleira afirma com tristeza, “é claro que me sinto feliz por tudo que conquistamos, mas me sinto também um pouco de tristeza. Lamento que não sejamos as protagonistas e que os protagonistas sigam sendo os mesmos”.

“É claro que me sinto feliz por tudo que conquistamos, mas me sinto também um pouco de tristeza. Lamento que não sejamos as protagonistas e que os protagonistas sigam sendo os mesmos”

Questionada pela BBC, Coll ressalta que elas só voltam a jogar quando seus direitos forem reconhecidos. “É o que todos desejam, pois todos viram o que aconteceu, e nós apenas queremos que tudo acabe bem, que nossos direitos sejam considerados e que isso não volte a acontecer”.

Catalina Coll diz que Jenni Hermoso recebeu inúmeras mensagens e que elas estão do seu lado para tudo o que vier acontecer. “Todas nós temos dado nosso apoio [...] ela não está passando por um momento fácil, eu não gostaria de estar em seu lugar. Mas é como falei, estou do lado dela e assim vou com ela até a morte”.

Segundo a goleira, o mais importante para elas, jogadoras, é poder jogar o esporte que amam com respeito e dignidade. Seu desejo é que elas possam continuar a ter sucesso em campo, conquistando títulos. Nas palavras dela, “fazendo o que mais gostam de fazer: jogar futebol”.

Com informações da BBC Mundo