Após seis meses de intensa disputa, o primeiro round de uma acirrada batalha na família Gracie, ícone do jiu-jítsu brasileiro e mundial, chega ao fim. O embate colocou frente a frente duas representantes notáveis do clã: Kenya Gracie, faixa-azul e atual presidente da Federação de Jiu-Jitsu do Rio de Janeiro (FJJRJ), e Kyra Gracie, faixa-preta e renomada atleta do jiu-jítsu feminino.
A disputa pela presidência da FJJRJ ganhou contornos complexos e emocionais após o falecimento de Robson Gracie, patriarca do clã, que ocupava o cargo anteriormente. Kyra, sobrinha de Kenya e filha de Robson, anunciou sua candidatura, desencadeando uma série de eventos que envolveram acusações, disputas judiciais e intrigas familiares.
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O ponto inicial da controvérsia foi marcado por uma denúncia pública feita por Kyra em suas redes sociais. A faixa-preta acusou a federação de falta de transparência no processo eleitoral, alegando ocultação de informações cruciais, como a lista de eleitores e a data do pleito. A situação se agravou com a alegação de bloqueio nas redes sociais por parte da entidade.
A disputa ganhou contornos familiares com a entrada em cena de Cora, prima de Kyra e filha do candidato a vice, Renzo Gracie. Cora afirmou que Kyra estava na disputa movida por ganância e que o avô, Robson, desejava ver Kenya à frente da federação.
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A família Gracie, conhecida por sua tradição no jiu-jítsu, se viu dividida diante desse embate. A maioria dos membros optou por manter a neutralidade publicamente, enquanto Kenya permaneceu em silêncio diante das acusações de Kyra até recentemente.
Em entrevista exclusiva ao GLOBO, Kenya Gracie quebrou o silêncio, revelando seu desconforto com a candidatura de Kyra, considerando-a inadequada dadas as circunstâncias, especialmente após a perda de seu pai, Robson.
"Ela pediu para ser candidata à federação no pior momento, que foi o da perda do meu pai. E estava longe de iniciar o pleito. Eu não consegui responder. Para mim foi uma coisa fora de hora", disse Kenya.
A Federação de Jiu-Jitsu do Rio de Janeiro, fundada na década de 1960 e historicamente comandada por Robson Gracie, tornou-se o epicentro dessa disputa. As acusações de Kyra sobre irregularidades no estatuto e na assembleia que a elegeu presidente levaram o caso aos tribunais.
O embate jurídico resultou na negação dos pedidos de Kyra e seu aliado, Raimundo Santiago, que buscavam suspender a eleição e nomear um interventor para convocar novo pleito. Com a impugnação das candidaturas de Kyra e Santiago, Kenya permanece como a única candidata, garantindo sua reeleição por aclamação.
O comunicado do advogado de Kyra, Michel Assef Filho, indica a retirada temporária da candidatura, questionando a legalidade das recentes alterações no estatuto da federação. A batalha entre as herdeiras do clã Gracie ainda não se encerrou, os próximos passos e desdobramentos legais dessa disputa na família Gracie permanecem como elementos a serem acompanhados na corrida pelo controle do jiu-jítsu no Rio de Janeiro.