Em entrevista a Renato Rovai e Dri Delorenzo no Fórum Onze e Meia desta sexta-feira (27), o comentarista Walter Casagrande Júnior fez uma análise profunda sobre as constantes denúncias de violência sexual entre jogadores de futebol e a formação dos atletas, que nutre a "soberba" e a "prepotência" por causa da fama e do dinheiro e leva a casos como o do lateral da seleção brasileira, Daniel Alves, preso acusado de estupro em uma boate de Barcelona, na Espanha.
Após defender o trabalho de psicólogos principalmente entre atletas das categorias de base, que formam os futuros craques, Casão aponta a falta de estrutura psicológica quando os jogadores ainda jovens passam a ganhar muito dinheiro.
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"É claro que, a princípio, todos eles pensam em ajudar a família. Comprar uma casa para a mãe, dar uma condição melhor, pagar estudo de sobrinhos, primos, irmãos. Mas, parece que depois que faz isso acaba a obrigação. Aí o que aparece, o que vai se desenvovendo dentro da personalidade desses jogadores da geração de 2006/2004 para cá? Desenvolve na personalidade deles uma arrogãncia, uma prepotência e uma soberba. E essas três coisas juntas colocam o cara como poderoso, ela se acha poderoso. E quando você se acha poderoso, pensa que está acima do bem e do mal e que nada vai lhe acontecer. Então você perde o limite", explica.
Em seguida, Casagrande diz que quando se "passa do limite, se comete crime" e cita como exemplo o caso de Daniel Alves.
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"Vamos lá: Daniel Alves. O que leva um cara como esse ser acusado de estupro, violência com 300 mil provas contra ele? O que leva ele a fazer isso? Sabe o que leva? A soberba e a ultrapassagem da linha do limite", afirmou o comentarista.
"A menina tem que ceder a ele, porque eu sou tal pessoa. Sabe aquele papo: sabe com quem você está falando? Sabe quem eu sou? É essa a conversa da prepotência, é essa a conversa do assédio", emendou.
Casão ainda lembrou o filme "Ela Disse", de Maria Schrader, que conta a história de duas jornalistas do New York Times, que lançaram o movimento #MeToo após denunciarem décadas de assédio sexual do produtor de cinema Harvey Weinstein a atrizes em Hollywood. E alertou sobre o esquecimento das vítimas nesses casos envolvendo "poderosos"
"Ninguém pensa como ficou a vítima. A grande maioria pensa: nossa, o Daniel Alves, como ele foi capaz de fazer isso? Como o Daniel... Como o Daniel... E ninguém discute em um debate o lado psicológico da menina, o trauma, como está a vida da menina e a coragem dela em acusar um cara entre aspas poderoso e não querer indenização, ela só quer prisão".
Assista à entrevista de Casagrande