Ainda em 2022, na pré-campanha presidencial, Lula decidiu que Guilherme Boulos (PSOL), que até então havia disputado apenas duas eleições em sua incipiente carreira política, seria o candidato do campo progressista na capital paulista dois anos depois.
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Com uma percepção política ímpar, o presidente, que completa 79 anos neste domingo (27), data do segundo turno das eleições municipais, já previa que Jair Bolsonaro (PL) e tudo o que ele representa não chegariam ao fim com a derrota na disputa ao Planalto.
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Lula saiba, à época, que principalmente a eleição em São Paulo seria nacionalizada. Mas, ainda havia uma zona cinzenta sobre como estaria agora a frente ampla formada por ele para derrotar o presidente fascista e varrer a tentativa de uma reedição do Golpe de 64 no país.
Em pouco tempo, logo após Lula chegar ao Planalto, uma parte dessa frente ampla voltou às suas origens, orbitando em torno de Michel Temer (MDB), figura execrável do Centrão fisiológico que esteve no centro do golpe mais recente, contra a presidenta Dilma Rousseff (PT) em 2016 - e que levou o neofascismo de Bolsonaro ao poder dois anos depois.
Neogolpismo e PCC
Mais uma vez, o centro do golpismo no país se concentra em São Paulo, onde o governador Tarcísio Gomes de Freitas (Republicanos), capitão do Exército e ex-ministro de Bolsonaro, vem sendo bajulado pela Globo et caterva para tirar o coturno e vestir o sapatenis para se travestir de candidato da terceira via e enfrentar Lula em 2026.
Desprezado por Jair Bolsonaro, que pretendia lançar o extremista Ricardo Salles (Novo) para passar a boiada na eleição paulistana, o atual prefeito Ricardo Nunes, do MDB de Michel Temer, se agarrou a Tarcísio para chegar ao segundo turno.
Oriundo da mesma horda fisiológica de Temer no MDB e com relações íntimas com o crime organizado, Nunes chegou à cadeira de prefeito na carona de Bruno Covas (PSDB), que derrotou Boulos em 2020 e morreu meses depois vítima de um câncer no aparelho digestivo.
Na negociação do MDB de Temer para colocá-lo como vice na chapa de Bruno Covas, Nunes abocanhou a Secretaria Municipal de Infraestrutura Urbana e Obras (SIURB), onde montou um balcão de negócios comandado por Eduardo Olivatto, ex-cunhado de Marcos Willians Herba Camacho, o Marcola, principal líder da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC).
Ao lado de Tarcísio, que amansou Bolsonaro e se colocou como fiador de sua candidatura, Nunes realinhou as fileiras históricas do golpismo burguês no país nas eleições na capital paulista.
Com o apoio da Globo, com o grupo Folha comprado por Nunes, e o aval de Gilberto Kassab, presidente do PSD - partido que mais arrebatou prefeituras no primeiro turno -, Tarcísio tem se habituado às vestes da terceira via, embora jure "lealdade" a Bolsonaro.
Como previu Lula em 2022, a eleição na capital paulistana vai muito além de seus 1.523 km² e não termina neste domingo, 27 de outubro de 2024.
Ao voltar às origens e passar os últimos dias virando votos 24 horas por dia nos quatro cantos da cidade, Boulos tem consciência da grandeza de se virar a eleição em São Paulo e que o "fraco" Ricardo Nunes é apenas a face aparente de uma velha oligarquia burguesa, que quer tirar a máscara neofascista de Bolsonaro e se apresentar novamente, "limpinha e cheirosa", para dar um novo golpe e voltar ao poder no país.