Uma pesquisa qualitativa realizada pelo Instituto Locomotiva indica que a sabatina promovida nesta sexta-feira (25) por Pablo Marçal (PRTB), com a presença de Guilherme Boulos (PSOL), pode estar gerando uma movimentação significativa entre o eleitorado de Marçal. O coach de extrema direita terminou o primeiro turno da eleição para a prefeitura de São Paulo em terceiro lugar, com 1.719.274 votos (28,14%).
A pesquisa qualitativa, um tipo de estudo frequentemente utilizado em campanhas eleitorais, busca compreender opiniões, percepções, motivações e sentimentos dos eleitores em relação aos candidatos e eventos políticos. Diferente das pesquisas quantitativas, este método não se baseia em dados estatísticos, mas se concentra em captar nuances e insights do comportamento e mentalidade do eleitorado. Para isso, utiliza grupos focais – reuniões com pequenos grupos de eleitores para discutir temas específicos.
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No estudo conduzido pelo Instituto Locomotiva, foram analisadas as impressões de eleitores de diferentes perfis que votaram em Marçal no primeiro turno, divididos em seis grupos focais. Muitos desses eleitores se surpreenderam com a postura moderada de Marçal e com o fato de Boulos ter aceitado participar da sabatina, mesmo após ter sido alvo de ataques intensos da campanha do coach no primeiro turno.
Outro ponto de destaque, segundo o monitoramento, foi a ausência de Ricardo Nunes (MDB) na sabatina. De acordo com Renato Meirelles, presidente do Instituto Locomotiva, os grupos analisados reagiram negativamente ao fato de Nunes ter "fugido" do encontro, uma percepção que pode impactar a opinião dos eleitores.
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Quanto à movimentação do eleitorado, Meirelles observa que, após a sabatina, a maioria dos eleitores de Marçal que antes consideravam votar em Ricardo Nunes passou a considerar o voto nulo. Uma parte desses eleitores, que inicialmente pensavam em apoiar Nunes no próximo domingo (27), agora cogita trocar o atual prefeito por Guilherme Boulos.
Reação dos eleitores de Marçal nas redes
A "sabatina" promovida por Pablo Marçal (PRTB) com Guilherme Boulos (PSOL), deputado federal e candidato à prefeitura de São Paulo (SP), dividiu opiniões tanto entre a extrema direita como entre a esquerda.
Marçal, derrotado no primeiro turno, teve uma campanha marcada por ataques e disseminação de fake news contra Boulos, incluindo a circulação de um laudo falso que associava o candidato do PSOL ao uso de cocaína. Apesar disso, Boulos aceitou o convite para a sabatina, com o intuito de atrair parte do eleitorado do coach e reforçando que não se recusa a dialogar.
Também convidado para participar do encontro, o atual prefeito e candidato à reeleição, Ricardo Nunes (MDB), que disputa o segundo turno com Boulos, se recusou a comparecer. A "fuga" de Nunes, então, se tornou o ponto em comum a ser explorado pelo candidato do PSOL e pelo coach de extrema direita na "sabatina".
Marçal, que apresentou uma postura diferente daquela observada no primeiro turno e manteve um tom respeitoso com Boulos durante a live, em determinado momento, destacou a "coragem" do candidato do PSOL por comparecer ao encontro.
"Parabéns pela coragem. Você vir aqui é muito corajoso", declarou.
Ao longo da conversa, Marçal disse que não votará no segundo turno pois está na Itália, mas que, se estivesse no Brasil, não optaria nem por Boulos e nem por Nunes, sinalizando que votaria em branco ou nulo. Se os eleitores de Marçal repetirem esse comportamento, Nunes será o mais prejudicado, visto que maioria daqueles que escolheram o coach no primeiro turno vêm cogitando votar no prefeito no segundo.
Essa dúvida em quem votar no segundo turno se refletiu entre os seguidores de Marçal. Logo após a "sabatina", o coach abriu uma caixa de perguntas em seu Instagram e a maior parte dos questionamentos girou em torno de seu encontro com Boulos e a "fuga" de Nunes.
A primeira pergunta a Marçal feita por um seguidor logo após a sabatina, na verdade, não foi uma pergunta, mas um elogio. "Irmão, sensacional a sabatina. Falo pela sua nobreza", escreveu.
Marçal, então, respondeu: "Eu estava como entrevistador, não como debatedor ou oponente no processo eleitoral. Deixo claro que não terá meu voto. Fechou? Algo inédito aí na eleição, né. Um monte de gente feridinha vai ficar doidinha".
Já outro seguidor perguntou se Marçal "gostou da coragem" de Boulos por ter ido à sabatina. "Ele assumiu um risco grande", respondeu o coach.
Entre outras perguntas a Marçal, destacam-se os questionamentos sobre a ausência de Nunes na "sabatina" e até mesmo se o coach votará em Boulos.
Veja as reações e as respostas de Marçal aqui.