Algumas pessoas achavam que Pablo Marçal tinha montado uma armadilha para Guilherme Boulos e que o psolista não deveria aceitar o convite. Este blogueiro não estava neste time. A eleição de domingo (27) em São Paulo será decidida pelo eleitor de Marçal, Boulos está 9 pontos atrás de Nunes, teria que arriscar tudo e dialogar com este eleitor que votou 28.
O resultado da sabatina foi muito melhor que o esperado. Marçal, por incrível, que pareça se colocou como entrevistador e não atacou Boulos. A pergunta mais ácida foi sobre o que é Foro de São Paulo, algo que ele diz que sempre quis perguntar para um comunista.
Boulos respondeu com tranquilidade e disse que é um foro que reúne partidos de esquerda da América Latina. Que a direita também tem organizações assim. E que isso é normal numa democracia.
Durante todo o debate, Boulos chamou Marçal de “cara”. Usando uma forma de tratamento que os colocava numa posição de camaradagem. Isso de alguma maneira foi importante para também desarmar Marçal.
Ao final do programa, Marçal perguntou pra Boulos em quem votaria no 2º turno se fosse disputado por ele e Nunes. Boulos diz que votaria com força no 50, anulando o voto. Boulos perguntou a ele, em quem iria votar, nele ou em Nunes. E Marçal disse que o 5 não funciona pra ele na urna eletrônica. Nem para o 50 e nem para o 15.
Marçal sinalizou que nem sairá da Itália, onde está, para votar.
Boulos perde com essa declaração de Marçal? Não exatamente. Porque, se boa parte do eleitorado de Marçal desistir de ir votar, Boulos ainda tem um estoque de votos para buscar no eleitorado de Tabata. E de alguma maneira, nem todos os eleitores de Marçal são ideologicamente de direita. Eles podem ter gostado da participação de Boulos na sabatina de Marçal e mudar de voto.
Não foi uma sabatina com força para virar sozinha uma eleição. Mas juntando ela, com o debate da Globo e mais o clima das ruas, Boulos tem chance de virar. Seria o fim de uma jornada épica se isso vier a acontecer. Por isso exatamente não é fácil. Mas Boulos luta pelo possível, que mesmo não sendo provável, tem chances de se realizar.