EUA

Como as tarifas de Trump podem afetar o Brasil e os mercados globais

Bolsas tremem aguardando o "Dia da Libertação"; governo Lula não vai entrar em guerra comercial

Créditos: Official White House Photo by Joyce N. Boghosian
Escrito en ECONOMIA el

Nesta quarta-feira (2),o presidente dos EUA Donald Trump anunciará um pacote de tarifas alfandegárias — batizado de “Dia da Libertação” — que tem gerado turbulência imediata nos mercados globais e acendeu alertas no Brasil.

A medida, que impõe tarifas a países que cobram impostos sobre produtos americanos, ameaça setores estratégicos brasileiros, como agronegócio, aço e aviação, com riscos de desvalorização do real e pressão inflacionária.  

O Brasil, nono maior parceiro comercial dos EUA, enfrenta ameaças diretas. Produtos como etanol, aço e alumínio, já taxados em 25% desde março, podem ter custos ampliados.

Uma estimativa do Bradesco do Bradesco aponta que a taxa média sobre exportações brasileiras aos EUA saltaria de 2,2% para 11,3%, resultando em queda de US$ 2 bilhões (cerca de R$ 10 bilhões) nas vendas externas — redução de 5% no total. Setores como suco de laranja e aviões da Embraer também perdem competitividade nos mercados estadunidenses.

A possível retração nas exportações pressionaria o câmbio, com estimativa de desvalorização de 1,5% do real, impactando a inflação, o que pode contribuir negativamente para o preço dos alimentos

O governo brasileiro avalia usar a reciprocidade, com aumento de taxas de importação em até 35%, dentro dos limites da OMC. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva busca evitar uma guerra comercial, priorizando negociações bilaterais. A estratégia, porém, depende da extensão das tarifas americanas: em cenário otimista, apenas setores específicos seriam afetados; no pessimista, uma taxação generalizada ampliaria as tensões.  

O Risco Global

A escalada protecionista de Trump já provoca reações em cadeia.

A JPMorgan alerta para possíveis oscilações de até 2,1% em índices de Bolsa de Valores. Nos EUA, o Dow Jones recuou 0,2%, enquanto o Nasdaq subiu 0,5%, refletindo a cautela de investidores diante de opções de volatilidade que sugerem um swing de quase 2% no S&P 500.

Na Europa, o temor de uma guerra comercial derrubou projeções: o FTSE 100 (Reino Unido) pode cair 24 pontos, o DAX (Alemanha) 38 pontos, e o setor de saúde europeu, em queda de 2,2%, está prestes a apagar ganhos anuais.

Na Ásia, o Nikkei 225 (Japão) acumula queda de 6% desde o início da semana, enquanto o Hang Seng (Hong Kong) e o CSI 300 (China) atingiram mínimas mensais. 

Para analistas do Economic Times, a incerteza tarifária transformou o dia em um "campo minado" para ações, com riscos assimétricos entre setores e regiões.

Países como Canadá e China preparam retaliações, enquanto a UE alerta para riscos de recessão global. No setor automotivo, tarifas de 25% sobre importações devem complicar a situação de montadoras japonesas, sul coreanas e chinesas.

A medida reforça uma tendência de fragmentação comercial, com cadeias globais sendo quebradas e inflação importada nos EUA — onde a Fed pode elevar juros, aprofundando desigualdades.  

Oportunidades?

Se as tarifas de Trump se estenderem a commodities como soja e milho, produtores rurais brasileiros podem ganhar mercados e ultrapassar os EUA em ambos os produtos, em especial se países utilizarem a reciprocidade como estratégia.

O grande problema para o Brasil está na importação e exportação de bens manufaturados e industriais, que não são facilmente substituíveis. Contudo, a análise indica que com a tendência de aumentar as trocas com China e União Europeia ao invés dos EUA deve ser catalisada.

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