O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, se reuniu com Marco Pollo de Mello Lopes, Presidente Executivo do Instituto Aço Brasil, e representantes do setor na manhã desta quarta-feira (12), quando passou a vigorar a taxação determinada por Donald Trump de 25% do aço e alumínio nos EUA.
Em conversa com jornalistas, Haddad afirmou que a orientação do presidente Lula é de ter "muita calma nessa hora" e não iniciar uma retaliação instantânea, como fez a União Europeia, que prometeu reação "forte e proporcional" a Trump.
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“Não vamos proceder assim [com retaliação] por orientação do presidente da República. O presidente Lula falou ‘muita calma nessa hora’. Nós já negociamos outras vezes em condições mais desfavoráveis que essa”, disse o ministro
Segundo Haddad, O Instituto do Aço mostrou que a taxação será ruim inclusive para os EUA, o que deve levar Trump a recuar ou negocial.
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O aumento dos impostos atinge toda a cadeia produtiva nos EUA e pode atingir cerca de US$ 150 bilhões em produtos feitos com os metais - de porcas e parafusos a lâminas de escavadeiras -, causando inflação para o governo dos EUA.
“Eles trouxeram argumentos muito consistentes de que não é bom negócio sequer para os americanos. Segundo o setor do aço, o diagnóstico do governo americano a respeito da exportação brasileira está equivocado”, disse o ministro, que enviará nota técnica ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), comandado por Geraldo Alckmin, que está à frente das negociações com o governo Trump.
Abertura de diálogo
Em nota, o Instituto Aço Brasil afirma que as empresas brasileiras "estão confiantes na abertura de diálogo entre os governos dos dois países, de forma a restabelecer o fluxo de produtos de aço para os Estados Unidos nas bases acordadas em 2018, em razão da parceria ao longo de muitos anos e por entender que a taxação de 25% sobre os produtos de aço brasileiros não será benéfica para ambas as partes".
"Naquela ocasião, os governos de Estados Unidos e Brasil negociaram o estabelecimento de cotas de exportação para o mercado norte-americano de 3,5 milhões de toneladas de semiacabados/placas e 687 mil toneladas de laminados. Tal medida flexibilizou decisão anterior do Presidente Donald Trump que havia estabelecido alíquota de importação de aço para 25%. Importante ressaltar que a negociação ocorrida em 2018 atendeu não só o interesse do Brasil em preservar acesso ao seu principal mercado externo de aço, mas também o interesse da indústria de aço norte-americana, demandante de placas brasileiras", diz o texto.
Segundo a associação, em 2024, os EUA importaram 5,6 milhões de toneladas de placas por não dispor de oferta suficiente para a demanda do produto em seu mercado interno, das quais 3,4 milhões de toneladas vieram do Brasil.
"Estados Unidos e Brasil detêm parceria comercial de longa data, que vem sendo, historicamente, favorável ao primeiro. Nos últimos cinco anos, os Estados Unidos tiveram superávit comercial médio de US$ 6 bilhões. Considerando, especificamente, o comércio dos principais itens da cadeia do aço – carvão, aço e máquinas e equipamentos - Estados Unidos e Brasil detêm uma corrente de comércio de US$ 7,6 bilhões, sendo os Estados Unidos superavitários em US$ 3 bilhões", afirma ainda a nota.
Alumínio
Também em nota, divulgada nesta terça-feira (11), a Associação Brasileira do Alumínio (ABAL) manifesta preocupação com os impactos da nova medida tarifária anunciada pelo governo dos Estados Unidos.
"Os efeitos imediatos para o Brasil serão sentidos primeiramente nas exportações e na dificuldade de acesso dos produtos brasileiros a esse mercado. Apesar de os produtos de alumínio brasileiros terem plena condição de competir em mercados altamente exigentes como o americano, seja pelo aspecto da qualidade ou da sustentabilidade, nossos produtos se tornarão significativamente menos atrativos comercialmente devido à nova sobretaxa", dizem a associação.
Na mesma linha, a ABAL diz que "cenários desafiadores como este requerem sensibilidade e diálogo na construção de soluções que não são simples, mas que levem em consideração a necessidade de evitar disrupturas no suprimento de produtos e materiais estratégicos para a economia brasileira".
"A ABAL está em diálogo com o governo brasileiro para compreender as implicações dessa medida e buscar soluções que mitiguem seus impactos sobre a economia nacional no curto e médio prazo, garantindo um ambiente mais competitivo para a indústria do alumínio brasileira", conclui o texto.