Ao confirmar tarifas de 25% sobre as importações da China e de 20% sobre as do Canadá e México, Donald Trump desatou uma guerra comercial de alcance planetário que pode ter tantas consequências quanto a pandemia de coronavírus para as cadeias produtivas.
A reação de Wall Street foi automática, com o índice da Nasdaq, carregado de empresas de tecnologia, desabando 2,6% na segunda-feira, 3.
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O diário Wall Street Journal, porta-voz do mercado, reagiu com o editorial "Trump dá o mergulho mais idiota das tarifas".
O dono do jornal, o bilionário Rupert Murdoch, é aliado de Trump.
Os três países penalizados são os maiores parceiros comerciais dos Estados Unidos. As tarifas devem afetar U$ 1,4 trilhão em importações do país.
Economistas temem que o preço das tarifas seja repassado aos consumidores, resultando em mais inflação.
Além disso, as cadeias produtivas dos automóveis, por exemplo, serão fortemente afetadas, uma vez que a produção muitas vezes é feita com peças originárias dos três vizinhos da América do Norte.
Reação imediata
China e Canadá reagiram de imediato, colocando tarifas em produtos importados dos Estados Unidos.
As tarifas chinesas podem eventualmente beneficiar o agronegócio, mas não necessariamente o consumidor brasileiro.
Beijing colocou tarifa adicional de 15% sobre frango, trigo, milho e algodão produzidos nos EUA, com 10% adicionais no sorgo, soja, carne de porco, frutas, legumes e derivados de leite.
Isso afetará a base rural dos eleitores de Trump.
O agronegócio brasileiro prioriza o mercado externo e o aumento de exportações tem o potencial de inflacionar ainda mais os preços de alimentos no Brasil.
O governo Trump alega que quer renovar a indústria dos Estados Unidos. As tarifas, em tese, forçariam empresas a montar suas plantas em território estadunidense, para atender ao mercado local.
Há o risco, no entanto, de que o comércio internacional seja rearranjado, deixando o mercado dos EUA -- o maior do planeta -- em segundo plano.