JUROS

A reação de Haddad ao primeiro aumento da Selic com BC sob o comando de Galípolo

Ministro da Fazenda comenta decisão sobre a taxa de juros tomada pelo Copom, agora chefiado pelo seu ex-secretário executivo

Fernando Haddad e Gabriel Galípolo.Créditos: Pedro Ladeira/Folhapress
Escrito en ECONOMIA el

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, comentou em entrevista à RedeTV, na noite desta quinta-feira (30), o novo aumento de um ponto percentual da taxa básica de juros (Selic), que agora é de 13,25% ao ano, determinada na quarta-feira (29) pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC)

Haddad criticou o patamar elevado dos juros que, segundo ele, fará economia brasileira desacelerar em 2025. O ministro, entretanto, afirmou que, ainda assim, o país deve crescer 2,5% este ano. A atual projeção do PIB para 2024 é de 3,5%. 

Este foi o primeiro aumento da Selic com o Banco Central sob o comando de Gabriel Galípolo, ex-secretário-executivo de Haddad na Fazenda e indicado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para a presidência da instituição, que desde o início do governo vinha sendo administrada pelo bolsonarista Roberto Campos Neto. 

 

"A taxa de juros no Brasil já está no patamar restritivo, já está no patamar que desacelera a economia. Nós estamos prevendo este ano uma redução do crescimento da atividade econômica de 3,5% para algo em torno de 2,5%, justamente para acomodar as pressões inflacionárias", declarou Haddad. 

 

“O que reafirmo é: se você já está com uma taxa muito restritiva, o remédio em excesso às vezes é contraproducente. Não é porque digo que o remédio é bom que você vai tomar todo dia. Isso vale para o fiscal e para os juros, a dosimetria é uma arte”, afirmou ainda o ministro. 

Questionado sobre como avalia o trabalho de Galípolo na presidência do BC, Haddad foi econômico, se limitando a dizer que “as pessoas que estão lá [Banco Central] são de alta competência técnica”.

Lula justifica Galípolo após aumento da taxa de juros 

Durante entrevista coletiva no Palácio do Planalto nesta quinta-feira (30), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva justificou o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, pelo aumento da taxa Selic. Para Lula, Galípolo “não pode dar um cavalo de pau num mar revolto”.

A primeira reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) presidida por ele elevou a Selic em um ponto percentual, elevando os juros de 12,25% para 13,25% ao ano.

"O presidente do Banco Central não pode dar um cavalo de pau num mar revolto de uma hora para outra. Já estava praticamente demarcado a necessidade da subida de juros, pelo outro presidente [Roberto Campos Neto]. E o Galípolo fez aquilo que ele entendeu que deveria fazer", disse Lula.

O presidente afirmou ainda: "nós temos consciência de que é preciso ter paciência, eu tenho 100% de confiança no trabalho do presidente do Banco Central. Tenho certeza de que ele vai criar condições para entregar ao povo brasileiro uma taxa de juros menor."

Indicação de Lula

Galípolo foi indicado para a Presidência do BC por Lula. A decisão do comitê foi unânime, ou seja, os nove diretores votaram no mesmo sentido. Dos nove, sete foram indicados por Lula e os outros dois pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

O aumento da Selic em 1 ponto, no entanto, já era esperado, visto que, em ata publicada pelo Banco Central em dezembro de 2024, era indicada a alta anunciada nesta quarta.

No comunicado, o BC afirmou que, "diante da continuidade do cenário adverso para a convergência da inflação, o Comitê antevê, em se confirmando o cenário esperado, um ajuste de mesma magnitude na próxima reunião".

 

Reporte Error
Comunicar erro Encontrou um erro na matéria? Ajude-nos a melhorar