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CUT condena veementemente aumento da taxa de juros pelo Copom

Entidade se disse “frustrada”, pois esperava que “sob o comando de Gabriel Galípolo houvesse uma reversão neste processo”

Gabriel Galípolo e Roberto Campos Neto, seu antecessor.Créditos: Flickr / Banco Central
Escrito en ECONOMIA el

A Central Única dos Trabalhadores (CUT) soltou nota nesta quarta-feira (29), condenando de maneira veemente a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) de subir em um ponto percentual a taxa básica de juros (taxa Selic). Com a decisão do comitê, os juros saltaram dos atuais 12,25% para 13,25% ao ano.

Segundo a entidade, “não há outra palavra para caracterizar mais este absurdo do que frustração, pois esperávamos que sob o comando de Gabriel Galípolo houvesse uma reversão neste processo”.

Galípolo foi indicado para a Presidência do Banco Central pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A decisão do comitê foi unânime, ou seja, os nove diretores votaram no mesmo sentido. Dos nove, sete foram indicados por Lula e os outros dois pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Aumento esperado

O aumento da Selic em 1 ponto, no entanto, já era esperado, visto que, em ata publicada pelo Banco Central em dezembro de 2024, era indicada a alta anunciada nesta quarta.

No comunicado, o BC afirmou que, "Diante da continuidade do cenário adverso para a convergência da inflação, o Comitê antevê, em se confirmando o cenário esperado, um ajuste de mesma magnitude na próxima reunião".

Interesse próprio

A nota da CUT, por sua vez, afirma que “desde o final de dezembro que rentistas, agiotas e seus asseclas no parlamento e nos meios de comunicação pressionam por aumentos sucessivos da taxa Selic”. A central ressalta que “o fazem em interesse próprio. Falam da inflação dos preços de bens e serviços, mas nenhuma palavra é dita sobre a inflação da dívida bruta do Brasil, que deverá aumentar em torno de R$ 50 bilhões, consumindo mais de dois terços das economias feitas com os cortes nas despesas feitas pelo governo com seu pacote fiscal”.

“A CUT defende e considera essencial combater o aumento dos preços; entretanto, apenas parte da elevação dos preços tem a ver com o crescimento da demanda”, ressalta a nota. “Mais gente está comprando porque houve um crescimento do emprego e das oportunidades de trabalho. Os programas sociais retornaram o que tem possibilitado a um número maior de famílias se inserir no mercado de consumo, especialmente de alimentos e bens de primeira necessidade”, destaca.

Segundo a central, “a maior parte da inflação tem origem em outros fatores, tão ou mais relevantes, como a omissão ou fraca atuação do Banco Central no controle do câmbio. A desvalorização do real gera inflação, pois os produtores e comerciantes compensam suas perdas aumentando os preços. Aumentar ainda mais os juros prejudica o Governo, que vai gastar mais com os juros de sua dívida aumentada, e prejudica o país e a classe trabalhadora, que sofrerá com menor crescimento e mais desemprego”.

Conter o crescimento

O destaque principal da nota aponta que “aumentar a taxa Selic significa conter o crescimento econômico e a geração de emprego e renda, que tem crescido desde que Luiz Inácio Lula da Silva retornou à Presidência da República”. A entidade lembra ainda que “as insistentes declarações do Presidente Lula pela redução da taxa básica de juros, uma das mais altas do mundo, sempre contaram com o imediato apoio da CUT por ser um posicionamento importante para os interesses da classe trabalhadora. Era grande nossa esperança de que a designação de Galípolo para o BC pusesse um fim aos aumentos da taxa básica de juros. Este novo aumento da taxa Selic vai aumentar as despesas do governo com os juros da dívida, vai consumir as economias do pacote fiscal e novas pressões por mais reformas vão ganhar força este ano”.

“A reconstrução do Brasil, gerando empregos, trabalho e renda não pode se submeter a interesses de banqueiros, especuladores e agiotas, os maiores favorecidos por mais este revoltante aumento da taxa Selic. Reafirmamos a necessidade de interromper medidas de favorecimento aos rentistas que prejudicam a reconstrução do Brasil; a necessidade de iniciativas que reduzam e controlem os preços, que aumentem a produção e reduzam as taxas de juros. Seguindo esse compromisso histórico, a CUT e suas entidades filiadas seguirão vigilantes e atuantes na luta pela redução da taxa básica de juros para que o povo brasileiro tenha trabalho decente e comida no prato”, diz ainda a nota, assinada pela Direção Executiva Nacional da CUT.

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