O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, após dizer que "não é normal" a disparada do valor do dólar com relação ao real registrada nos últimos dias, se reunirá nesta quarta-feira (3) no Palácio do Planalto com os ministros Fernando Haddad (Fazenda) e Simone Tebet (Planejamento) para colher sugestões e traçar estratégias em uma tentativa de conter a disparada da moeda norte-americana.
Na segunda-feira (1), o dólar fechou o dia cotado a R$ 5,65 e, na terça-feira (2), a R$ 5,66, chegando a um pico de R$ 5,70 - a maior alta desde janeiro de 2022.
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Parte da imprensa tem sugerido que a valorização do dólar estaria relacionada às reações do mercado financeiro a declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que têm criticado a política de juros do Banco Central (BC).
Já analistas apontam que a alta vem de uma especulação da moeda como parte de uma pressão do BC e do mercado financeiro a Lula diante do fato de que o presidente sinaliza que não cortará investimentos em áreas como previdência, saúde e educação para atender às pressões desses agentes por uma política de austeridade com corte de gastos.
"Óbvio que me preocupa essa subida do dólar, é uma especulação. Há um jogo de interesse especulativo contra o real nesse país. Na quarta-feira vou ter uma reunião, porque não é normal o que está acontecendo", disse Lula, em entrevista, nesta terça.
Além de Haddad e Tebet, participarão do encontro os ministros Rui Costa (Casa Civil) e Esther Dweck (Gestão e Inovação). A ideia é que todos deem sugestões ao presidente de que medidas adotar para frear a alta do dólar.
Lula e os ministros devem discutir o cumprimento do arcabouço fiscal e o Orçamento de 2025, que deve ser enviado pelo governo ao Congresso Nacional até 31 de agosto. Ambos os temas, a depender das deliberações, têm potencial para "acalmar os ânimos" e fazer o dólar se estabilizar.
Haddad, em conversa com jornalistas na terça-feira, negou os rumores de que o governo pretende reduzir o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) sobre o câmbio para segurar o dólar e disse que o foco da equipe econômica, neste momento, é melhorar a comunicação sobre o arcabouço fiscal e reiterar o compromisso do governo com a autonomia do Banco Central.
“Não sei de onde saiu esse rumor [do IOF]. Aqui na Fazenda, estamos trabalhando uma agenda eminentemente fiscal com o presidente [Luiz Inácio Lula da Silva] para apresentar a ele propostas para cumprimento do arcabouço em 2024, 2025 e 2026. Eu acredito que o melhor a fazer é acertar a comunicação, tanto em relação à autonomia do Banco Central, como o presidente fez hoje de manhã, quanto em relação ao arcabouço fiscal”, pontuou.
“Ele [Lula] está preocupado. Ele elogiou o arcabouço fiscal, elogiou a autonomia do Banco Central e é nessa linha que nós vamos despachar com ele amanhã. Esses rumores, sinceramente, eu penso que [partem] de gente interessada. Eu não sei de onde saem essas questões. Não é normal. Quando me perguntam eu respondo aquilo que nós estamos trabalhando. Nós estamos trabalhando na agenda fiscal”, declarou ainda o ministro da Fazenda.