O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, elencou quais seriam, para ele, os motivos que levaram o dólar a subir tanto com relação ao real nos últimos dias. Em conversa com a imprensa na noite desta segunda-feira (1), logo após a moeda encerrar o dia valendo R$ 5,65, a maior cotação desde janeiro de 2022, Haddad disse que uma das razões para a disparada seriam "ruídos" na comunicação do governo.
“Atribuo [a alta do dólar] a muitos ruídos. Eu já falei isso no Conselhão [reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável, na última quinta-feira (27)], precisa comunicar melhor os resultados econômicos que o país está atingindo”, declarou o ministro.
“[O dólar] está alto. Apesar da desvalorização [de outras moedas] ter acontecido no mundo todo, de uma maneira geral, aqui aconteceu maior do que nos nossos pares: Colômbia, Chile, México”, prosseguiu.
Haddad aponta, contudo, que o dólar deve se estabilizar e até mesmo registrar uma queda no valor com relação ao real na medida em que o governo anunciar indicadores econômicos positivos.
“Vai acomodar, porque a hora em que esses processos se desdobrarem, isso tende a reverter, na minha opinião”, pontuou, citando como exemplo de "boa notícia" na economia, a ser anunciada, o aumento da arrecadação em junho.
"Tive hoje mais uma confirmação sobre a arrecadação de junho, que ficou acima do previsto pela Receita Federal. Ou seja, nós estamos no sexto mês de boas notícias na atividade econômica e na arrecadação".
Entre outras razões que explicariam a disparada do dólar, segundo Haddad, estaria a expectativa do mercado financeiro sobre o anúncio de medidas de corte de gastos para o Orçamento de 2025.
Haddad se reunirá com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva nesta quarta-feira (3) para tratar de assuntos econômicos e, entre eles, o Orçamento.
Banco Central poderia intervir na alta do dólar
Haddad foi questionado por jornalistas sobre o que o governo poderia fazer para conter a alta do dólar, ao que o ministro respondeu que essa é uma atribuição do Banco Central (BC).
"Isso é assunto do Banco Central, e eles lá que sabem quando e como fazer. Então, é um assunto que cabe a eles decidir. Sempre é possível, porque está na governança do Banco Central. Age quando necessário, se necessário, se vai ser necessário ou não. Compete à diretoria do BC julgar", afirmou.