Divulgada nesta segunda-feira (24), uma pesquisa da Ipsos, empresa especializada em Pesquisa de Mercado e Opinião Pública, revelou que 69% dos brasileiros apoiam ou tendem a apoiar a taxação dos super-ricos. Realizado com 22 mil pessoas de 22 países, incluindo 18 do G20 e outras quatro nações (Áustria, Dinamarca, Quênia e Suécia), o levantamento coloca o Brasil como o oitavo país com maior aprovação da medida.
Os três países que mais apoiam a taxação dos super-ricos são Indonésia (86%), Turquia (78%) e Reino Unido (77%). A média de aprovação nos países do G20 é de 68%. De acordo com Owen Gaffney, colíder da iniciativa Earth4All, empresa parceira da Ipsos na realização da pesquisa, os resultados “fornecem uma mensagem clara para todos os países: uma maior igualdade construirá democracias mais fortes para impulsionar uma transformação justa para um planeta mais estável”, afirmou.
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A taxação dos super-ricos é uma das principais bandeiras do Brasil na presidência do G20. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, destacou que essa medida é fundamental para garantir um crescimento sustentável globalmente.
“A partir do momento que você vai subindo os degraus da riqueza e da fortuna você vai escapando das malhas dos estados nacionais e vivendo quase que em uma nuvem, em um paraíso fiscal internacional que se criou. Isso tem que ser superado”, disse em reunião do Fundo Monetário Internacional (FMI) no início do ano.
2% de imposto: R$ 41,9 bi
Em maio, o Centro de Pesquisa em Macroeconomia das Desigualdades da Universidade de São Paulo (Made/USP) divulgou uma pesquisa que simulava a criação de um imposto de 2% sobre a riqueza dos 0,2% mais ricos do Brasil, e o resultado foi a arrecadação de R$ 41,9 bilhões por ano. Esse montante seria suficiente para triplicar o orçamento do Ministério da Ciência e Tecnologia ou aumentar em mais de 10 vezes o orçamento do Ministério do Meio Ambiente e Mudanças Climáticas de 2023.
Segundo um relatório do Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc), o orçamento autorizado para o Meio Ambiente foi de R$ 4,3 bilhões em 2023, com execução efetiva de R$ 3,29 bilhões pelos órgãos ambientais. Os R$ 41,9 bilhões que poderiam ser arrecadados também correspondem a cerca de 25% do total gasto com o Bolsa Família em 2023, um ano de investimento recorde no programa, conforme o estudo do Made/USP.
O imposto, que incidiria sobre os 0,2% mais ricos do país, afetaria 267.460 pessoas no Brasil com riqueza declarada superior a R$ 13 milhões e uma renda média mensal de R$ 218 mil. A maioria dos brasileiros que possuem alguma riqueza declarada (apenas 27% da população) tem a maior parte dessa riqueza acumulada em imóveis, com uma média de R$ 97 mil.
Baseado na proposta dos economistas franceses Thomas Piketty, Gabriel Zucman e Emmanuel Saez, apresentada em seu relatório global de 2022, o estudo defende a criação de um imposto global mínimo sobre a riqueza dos bilionários. O estudo percebeu que os ativos financeiros que compõem a riqueza dos 0,2% mais ricos são significativamente mais fáceis de movimentar.