PROTAGONISMO INTERNACIONAL

Brasil vai liderar acordo de países do G20 para taxação dos super-ricos, anuncia Haddad nos EUA

Segundo o ministro da Fazenda, o Brasil "vai trabalhar de maneira incansável para a taxação internacional dos mais ricos e o combate à fome"

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, durante evento em Washington, nos EUA.Créditos: Audiovisual G20
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O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, participa esta semana de uma série de reuniões com autoridades internacionais de finanças nos Estados Unidos, na esteira do G20, grupo que reúne as maiores economias do mundo, incluindo a União Europeia e União Africana, que atualmente é presidido pelo Brasil. 

Na quarta-feira (17), durante painel na sede do Fundo Monetário Internacional (FMI), em Washington, Haddad afirmou que o Brasil vai trabalhar de maneira incansável para a taxação internacional dos mais ricos e o combate à fome, na expectativa de que essas pautas sejam incorporadas pelos outros países que compõem o G20. Esses temas, inclusive, estão entre as prioridades do governo brasileiro durante a presidência do grupo, que vai até novembro deste ano. 

“Falava-se muito em meritocracia e nem isso está sendo respeitado por esses mecanismos atuais, para alcançar pessoas de classe média e pobres. E a partir do momento que você vai subindo os degraus da riqueza e da fortuna você vai escapando das malhas dos estados nacionais e vivendo quase que em uma nuvem, em um paraíso fiscal internacional que se criou. Isso tem que ser superado”, declarou Haddad. 

“Cada país pode fazer muito por si próprio. É exatamente isso que estamos construindo no Brasil com a Reforma Tributária. Entretanto, sem cooperação internacional, há um limite para atuação dos estados nacionais. Sem cooperação, aqueles no topo continuarão a evadir nossos sistemas tributários”, prosseguiu o ministro. 

Segundo Haddad, os países do G20 devem chegar a um acordo sobre a taxação de super-ricos até novembro deste ano, quando se encerrará a presidência do bloco e será realizada a cúpula do grupo no Rio de Janeiro. 

“Podemos, em julho, e depois, em novembro, soltar um comunicado político com um consentimento dos membros do G20 dizendo que, sim, essa proposta precisa ser analisada, tem procedência e que vale a pena, ao longo de três ou quatro anos, nos debruçarmos sobre ela para ver sobre o que nós estamos falando”, disse em coletiva de imprensa, após o painel na sede do FMI, ao lado do ministro das Finanças da França, Bruno Le Maire.

Le Maire, por sua vez, demonstrou consonância com Haddad, afirmando que não combater a desigualdade por meio da tributação internacional é “injusto e inaceitável”.

"É uma questão de eficiência e de justiça. A ideia é que cada um pague sua justa contribuição. Quero agradecer ao Brasil por colocar isso como prioridade durante a Presidência brasileira do G20. Fernando, você pode contar com o apoio absoluto da França", pontuou o ministro francês. 

Fernando Haddad e o ministro das Finanças francês, Bruno Le Maire (Foto: Diogo Zacarias/MF)

O que é o G20 

Criado em 1999, o G20 é o grupo é formado por África do Sul, Alemanha, Arábia Saudita, Argentina, Austrália, Brasil, Canadá, China, Coréia do Sul, Estados Unidos, França, Índia, Indonésia, Itália, Japão, México, Reino Unido, Rússia, Turquia e União Europeia. Para esta cúpula, também foram convidados Bangladesh, Egito, Emirados Árabes, Espanha, Ilhas Maurício, Nigéria, Omã, Países Baixos e Singapura. O grupo responde conjuntamente por cerca de 80% do PIB mundial e 75% do comércio internacional, além de dois terços da população e 60% do território do planeta.

O Brasil assumiu oficialmente a presidência do G20 em 1º de dezembro de 2023 e liderará o bloco até 30 de novembro de 2024. Ao longo deste período, Lula deverá organizar mais de cem reuniões oficiais, que incluem cerca de 20 reuniões ministeriais, 50 reuniões de alto nível e eventos paralelos. O principal evento será a 19ª Cúpula de chefes de Estado e governo do G20, nos dias 18 e 19 de novembro de 2024, no Rio de Janeiro.

O lema do do G20 sob a presidência do Brasil é "Construindo um Mundo Justo e um Planeta Sustentável" , com três prioridades: 

  • Inclusão social e o combate à fome;
     
  • Transição energética e o desenvolvimento sustentável em três vertentes (social, econômica e ambiental);
     
  • reforma das instituições de governança global.