Em entrevista a um grupo de rádios de Goiás na manhã desta quinta-feira (15), Lula deu uma verdadeira aula sobre economia e inclusão social a Roberto Campos Neto ao ser indagado sobre a taxa de juros de 13,75% e se já teria "acertado os ponteiros" com o presidente do Banco Central, alçado ao cargo ainda durante o governo Jair Bolsonaro (PL).
"Eu sou o Presidente da República de 215 milhões de brasileiros, mas todo mundo tem que saber que minha prioridade principal é alavancar, fazer com que os mais pobres possam subir um degrau na ascensão social nesse país. É por isso que digo o seguinte: o milagre de meu governo em 2003 e 2007 foi a inclusão dos pobres no orçamento da União. E nós estamos com o Bolsa Família agora. Nós começamos dando R$ 600 para a família, mais R$ 150 para cada criança até 6 anos de idade e amanhã começa outra vez R$ 50 por cada filho até 17 anos. Isso é porque queremos acabar com a pobreza de forma definitiva nesse país. Nós tínhamos acabado com a fome no Brasil em 2012, reconhecido pelas Nações Unidas, e eu volto com 33 milhões de pessoas passando fome. Não tem explicação. Esse país é o terceiro maior produtor de alimento do planeta, o maior produtor de proteína animal do mundo, porque as pessoas têm que passar fome?", indagou Lula.
Te podría interesar
Após falar do esforço para retomada de projetos sociais que haviam sido enterrados nos governos Michel Temer (MDB) e Bolsonaro, Lula contou que se reuniu com representantes do comércio para discutir a taxa de juros, emprego e a retomada da economia, travada em grande parte pela austeridade da direção do Banco Central.
"Ontem eu fiz uma reunião com os varejistas do Brasil e discutimos a questão de juros, de emprego e da retomada da economia, que é tudo que eu preciso. Eu não quero um país que a maioria seja pobre, quero um país onde a maioria seja da classe média. Que o trabalhador ganhe o suficiente para comprar aquilo que ele produz, para comer o que ele quer, para vestir o que ele gosta. Ninguém gosta de ser pobre. Ninguém gosta de ficar vivendo de Bolsa-Família, ninguém gosta de ficar vivendo de favor. As pessoas querem viver de seu trabalho, as pessoas querem sustentar a família com o suor de se trabalho. E é isso que quero construir nesse país", contou.
Te podría interesar
Lula ainda revelou que houve unanimidade nas críticas à taxa de juros e ao endividamento das pessoas, que tiveram que comprar comida com cartão de crédito durante o governo Bolsonaro.
"É por isso que fiz uma reunião com os varejistas e teve muita crítica a taxa de juros, porque não tem explicação uma taxa de juros a 13,75% com inflação a 4,5%. Não tem sentido, não tem explicação. Nós não temos inflação de demanda, o povo não está comprando, 72% da população está endividada - e estamos fazendo um programa, o "Desenrola", para ver se essas pessoas conseguem voltar ao mundo do comércio outra vez. As pessoas estão endividadas no cartão de crédito porque compraram comida! Então temos que tentar ajudar essa gente", disse.
"Eu acho que nós precisamos construir um país onde todos vivam de seu trabalho e tenham um padrão de vida de classe média - um trabalhador que ganha R$ 6, R$ 7 mil. E a gente tem que facilitar a vida dessa gente", emendou.
Assista