PICANHA, CERVEJA E AMOR

Sob governo Lula, preço da picanha começa a cair

Item apresentou queda de 10% no último ano mas ainda falta chão para recuperar a alta de 52% acumulada nos anos de Bolsonaro; Carnes caem mas o churrasco brasileiro ainda sofre com preços do carvão e da cerveja

Picanha na chapa.Sob governo Lula, preço da picanha começa a cairCréditos: Eduardo Amorim/Flickr
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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), como forma de valorizar os êxitos dos seus primeiros governos e atacar a política econômica do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) que elevou os preços dos alimentos, prometia, ainda como candidato à presidência, que todo brasileiro teria o direito de comer picanha quando fosse eleito. E pouco mais de um mês após sua posse, a promessa aparentemente começa a ser “cumprida” ainda que sem uma relação com a política do novo governo.

O Brasil é um grande produtor e exportador de carne bovina. E continua vendendo muito para o exterior, em especial a China. Só em janeiro foram mais de 160 mil toneladas de proteínas bovinas exportadas, mas os compradores não estão contentes com os preços. Os chineses por exemplo, principal comprador, foram diminuindo os valores pagos ao Brasil pelo produto. De 7,33 dólares por quilo de carne bovina em junho de 2022, os chineses terminaram o ano pagando 4,96 dólares.

Políticas internas chinesas, de recomposição de estoque, controle da inflação e de combate à Covid-19 são as principais causas da redução da demanda pela carne brasileira. Com menos procura, o produto automaticamente vai perdendo valor ao aumentar sua necessidade de comercialização, puxando os preços para baixo. O movimento, ao final do processo de produção e consumo, quando a carne bovina chega mais barata às prateleiras dos supermercados, afeta todo o setor de carnes, forçando os preços do frango e da carne suína a ficarem mais competitivas.

Nesse contexto, no início deste ano o preço da picanha apresentou queda de 0,7% - e chegou a uma baixa de 10% nos últimos 12 meses. É uma recuperação considerável, se levarmos em consideração que durante os quatro anos de Bolsonaro, o item acumulou um aumento de 52%, mas ainda falta muito chão a ser percorrido até que a promessa de Lula, de que todo brasileiro poderá comer picanha, seja cumprida.

Em outras palavras, mesmo com a queda no preço, o produto ainda está ‘salgado’ para o bolso brasileiro. E enquanto a picanha não fica acessível, há outros itens que podem substituí-la no churrasquinho do trabalhador e da trabalhadora brasileira.

A costela bovina, o contrafilé e a linguiça, que já têm preços mais em conta, apresentaram quedas de 1,2%, 1% e 0,3%, respectivamente. Além deles, o frango foi o produto com maior queda, 3,9%. O problema fica por conta dos aumentos de outros itens, considerados essenciais para o churrascão. A farofa, por exemplo, aumentou em 1,4%, enquanto o carvão, usado para que seja feita a brasa, teve um aumento de 3,9% no último mês.

Outro item indispensável na grande maioria dos churrascos brasileiros, e em vias de ter um período de alto consumo durante o carnaval que se avizinha, é a cerveja. A geladinha ficou, em média, 1,7% mais cara em todo o país. A cerveja já havia subido cerca de 0,9% em dezembro e agora, com o carnaval à vista, sofreu novo reajuste. O aumento total acumulado da bebida no último ano foi de 10,5%.

*Com informações da Folha.