O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) passou os últimos quatro anos se arvorando de uma suposta simplicidade dos hábitos de ‘um homem do povo’ e fez de bandeira uma pretensa ‘honestidade’ e bom-senso no uso do cartão corporativo da Presidência da República. Ele só não esperava que a divulgação de seus gastos relevasse que, na verdade, uma vida nababesca e cheia de luxos desnecessários era bancada com dinheiro público.
A plataforma ‘Fique Sabendo’ divulgou nesta segunda-feira (23) muito detalhes das compras realizadas por Jair Bolsonaro durante seu mandato, o que se somou a outros dados que mostraram gastos vultosos com motociatas e passagens do ex-presidente pelo país. Itens dos mais variados tipos era comprados sem qualquer cerimônia pela família presidencial, mas em uma só compra o valor e um produto chamaram muito a atenção.
Em 30 de março de 2019, três meses após tomar posse e muito antes da pandemia da Covid-19, quando a inflação disparou e o preço da carne foi às alturas, o ‘mito’, numa só tacada, comprou R$ 743 exclusivamente de picanha para um churrasco “pessoal”, o que equivalia à época a 18kg do corte. Uma quantidade absolutamente anormal para o consumo num churrasquinho de natureza íntima.
Aliás, picanha parece ser uma obsessão de Jair Bolsonaro. No curso de seu mandato, pelo menos com base nos gastos apresentados até agora, que representam apenas uma pequena fração do total, o ex-presidente comprou com o cartão corporativo 68 vezes esse tipo de corte de carne bovina. Mas não passou por aí: o contrafilé, outro corte nobre muito usado em churrascos, foi adquirido 67 vezes pelo líder radical.
Jair Bolsonaro comprou ainda muitas outras iguarias de luxo. Bacalhau, por exemplo, foi pago pelo cartão corporativo 21 vezes, ao passo que camarão foi pago 24 vezes com dinheiro público e o creme de chocolate com avelã da marca italiana Nuttela foi custeado pelo povo 34 vezes.