BANCO CENTRAL

"Ao atacar o Campos Neto, ele está atacando o Bolsonaro", diz Flávio Bolsonaro sobre Lula

Declaração do filho 01 de Bolsonaro coloca em xeque o discurso de "independência" do Banco Central. Em entrevista, Flávio atribui a derrota do pai nas eleições presidenciais a dois fatores.

Jair Bolsonaro e o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto..Créditos: Agência Brasil
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Uma declaração atabalhoada do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) em entrevista ao site Poder 360 divulgada nesta sexta-feira (10) mostra que a propalada "independência" do Banco Central não passa de discurso e sinaliza que o presidente da instituição, Roberto Campos Neto, representa Jair Bolsonaro (PL), que deu "autonomia" ao BC, no comando da entidade, que anteriormente estava na alçada do Ministério da Fazenda.

Indagado sobre as críticas de Lula ao presidente do BC, principalmente sobre a manutenção da taxa básica de juros, a Selic, em 13,75% e o estouro da meta da inflação, Flávio Bolsonaro disse que ao "atacar o Campos Neto", o presidente estaria atacando seu pai. 

"Ao atacar o Campos Neto, ele está atacando o Bolsonaro. Esse é um legado que não será desfeito jamais", disse o senador, antes de destilar elogios a "uma pessoa altamente qualificada, respeitada e competente", referindo-se ao neto de Roberto Campos, que foi ministro do Planejamento na Ditadura Militar.

Eleição e prisão

Na entrevista, o filho 01 de Bolsonaro disse que o pai não ganhou as eleições de 2018 por dois motivos: "parte da imprensa vinha tentando desconstruir sua imagem, criar uma ojeriza a Bolsonaro" e "um descompasso, um tratamento diferenciado das campanhas de Bolsonaro e do PT pelas autoridades eleitorais".

Flávio ainda colocou em dúvida se o pai vai disputar novamente as próximas eleições presidenciais. Após cravar, dizendo que "o natural é que seja candidato em 2026", ele ressaltou que há "muitas lideranças" disputando o comanda da extrema direita.

"Não à toa tantas pessoas que estavam alinhadas com o Bolsonaro, com a direita, com o conservadorismo, se elegeram senadores, deputados federais. Independente de qual seja a decisão dele lá na frente, certamente a direita vai estar muito bem representada com alguém próximo a nós, se não for ele próprio, obviamente".

Sobre uma possível candidatura da madrasta, Flávio disse que "a Michelle tem vocação para a política", mas ressaltou que não sabe "se ela vai ter vontade de ser candidata".

"Essa pergunta só quem pode responder é ela. Mas ela está filiada ao PL e certamente é um quadro que, se for de interesse dela, a eleição que ela disputar, tem muita chance de ganhar", afirmou.

Flávio ainda considera a possível prisão do pai como "uma burrice".

"Acho que seria uma burrice. Se vão para uma agressão ao Estado democrático de direito tendo como vítima o Jair Bolsonaro vão criar um grande mártir, vitimizar uma pessoa boa, que passou 4 anos sem denúncias de corrupção", disse o senador, sem citar as dezenas de processos, inclusive de atentar contra o Estado Democrático de Direito, dos quais o pai é alvo.